Saquarema teve um dia histórico para o surfe brasileiro. Pela primeira vez num evento da elite mundial, todos os semifinalistas são do país de bandeira verde e amarela. Filipe Toledo, já garantido no WSL Finals, enfrenta Yago Dora, e Italo Ferreira encara Samuel Pupo na briga por vagas nas finais.
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A segunda-feira (27), que amanheceu com ondas irregulares, com cerca de 1,5 metro no Point de Itaúna, foi todo de disputas masculinas. As oitavas de final começaram às 9h35 (de Brasília). Samuel foi o cara do dia. Ele se adaptou às condições do mar e fez bonito na segunda bateria das oitavas.
Samuel encarou Caio Ibelli, autor da única nota 10 da competição até o momento. Samuca bateu forte nas esquerdas e voou com rotação completa também de backside para vencer.
Com 13 minutos de disputa, Samuel bateu forte, rasgou chutando a rabeta e deu outra pancada, dessa vez na junção. A nota foi 8.00 pontos. Ele pegou carona no jet ski, e quando já remava pro pico, pegou outra esquerda, acelerou e executou um aéreo com rotação completa. A nota foi 9.00, que acabou sendo a maior do dia.
Caio, que tinha 5.67 pontos como melhor nota, ficou na necessidade de 17.00 para vencer e acabou eliminado. Ele se despediu do Rio Pro na nona posição. Samuel partiu para as quartas de final, com o somatório de 17.00, o maior da segunda-feira.
Samuca foi o primeiro brasileiro classificado para as semifinais masculinas do Rio Pro. Nas quartas ele passou por Mateus Herdy. Samuel abriu a disputa com uma nota fraca (2.00), mas na segunda tentativa anotou 5.83 pontos, com uma batida forte, uma rasgada levando a prancha pra perto da espuma, outra pancada e mais uma rasgada. Mateus começou com 3.17 e encostou no placar com mais 4.00.
Com 15 minutos de duelo, Samuel fez duas batidas numa direita e adicionou 5.20 pontos ao somatório. Mateus passou a necessitar de 7.03. Quatro minutos depois Samuel surfou novamente. Ele foi pra esquerda, bateu pra ganhar a seção, bateu chutando a rabeta, fez um cutback e deu outra pancada. Samuel vibrou muito. A nota foi 6.13. Mateus passou a precisar de 7.96.
Mateus segurou a prioridade, mas escolheu uma onda ruim. Nos minutos finais eles voltaram a surfar. Mateus fez 4.83 pontos e Samuel confirmou a vitória com 6.67, depois de executar uma rasgada forte e uma batida vertical na junção.
“Foi muito especial surfar essa bateria com um dos meus melhores amigos, o Mateus Herdy”, conta Samuel. “Ele ainda não está no CT, mas sei que vai conseguir entrar um dia. Fazia um tempo já que a gente não competia numa bateria assim e foi bem divertido. É sempre bom surfar no CT, mas em frente de uma torcida como essa, tudo fica bem mais emocionante”.
Italo também é semifinalista – O adversário de Samuel na semi é Italo Ferreira, autor da segunda maior nota do dia. O campeão mundial e olímpico superou Michael Rodrigues com as três maiores notas do confronto. O momento de destaque da disputa aconteceu aos dez minutos, quando Italo voou com rotação completa numa direita e conquistou 8.67 pontos.
Italo abriu a terceira bateria das oitavas com uma rasgada forte, outra de menor expressão e uma batida. A nota foi 5.50 pontos. Michael não estava em sintonia com o Point, e com a nota no critério excelente marcada pelo adversário, ficou em situação complicada na bateria.
Michael marcou 4.17 pontos para diminuir a diferença, mas precisava ainda de uma nota 10 pra vencer. Ele fez mais quatro tentativas, mas o melhor que conseguiu foi 3.93 e acabou eliminado. Ele saiu do Rio Pro em nono lugar.
O adversário de Italo nas quartas foi Miguel Pupo, que passou com tudo por cima do norte-americano Nat Young nas oitavas. A segunda bateria da fase dos oito melhores do Rio Pro terminou empatada no placar, mas com vitória de Italo. Ele chegou perto do fim na necessidade de uma nota no critério excelente. O brazuca surfou uma direita, voou, rasgou e atingiu a junção para conquistar exatamente a nota que precisava.
Miguel estava mais encaixado no Point de Itaúna. Ele chegou na parte final do confronto com 5.67 e 7.67 pontos, notas conquistadas com manobras de impacto nas esquerdas. Italo havia conquistado 4.33 numa esquerda, e 5.17 numa direita, e chegou nos últimos quatro minutos na necessidade de 8.17 para vencer.
Italo pegou outra direita, começou a apresentação com um aéreo reverse, rasgou e bateu na junção. Ele conquistou exatamente o que precisava, 8.17 pontos, e venceu. Miguel se despediu da prova em quinto lugar.
“Foi uma bateria bem disputada com o Miguel (Pupo). A gente sempre faz boas baterias, mas essa foi uma das mais difíceis para mim”, diz Italo. “Eu tentei pegar as direitas para arriscar uma manobra mais radical e fiquei feliz quando acertei aquele aéreo. Estou contente por passar para as semifinais, mas estou com muito frio agora. Não gosto de surfar com roupa de borracha, então acabo pagando o preço. Mas, fiz meu trabalho bem feito hoje e estou pronto para o dia das finais”.
Filipe na semi e confirmado no WSL Finals – A outra semifinal do Rio Pro será entre Filipe Toledo e Yago Dora. O tricampeão da etapa venceu o peruano Miguel Tudela na quinta bateria das oitavas.
Tudela abriu a disputa com 7.17 pontos, nota conquistada com uma batida um pouco atrasada e um ataque a uma junção quadrada. Filipe, que abriu com 3.17, passou pra primeiro aos 13 minutos. O brasileiro bateu forte, fez duas rasgadas sem muita inversão, além de uma batida na junção. A performance valeu 6.33.
O peruano precisava de pouco pra virar, então Filipe voltou a trabalhar no Point de Itaúna. Ele pegou outra esquerda, bateu forte, rasgou e atacou a junção para anotar 7.33 pontos. Tudela passou a necessitar de 6.40. Restava ainda metade da disputa, porém o peruano perdeu a sintonia com o pico e foi eliminado.
Nas quartas Filipe enfrentou Connor O’Leary, australiano que vinha de boa atuação nas oitavas de final, quando marcou o segundo maior somatório do dia (15.94). O brasileiro não deu chances para o adversário. O tricampeão do evento usou as esquerdas para avançar.
O atual líder do ranking, e primeiro nome confirmado no WSL Finals, que acontece em setembro na Califórnia, colocou 6.50 pontos no somatório aos seis minutos. Ele fez uma rasgada alongada e forte, bateu, rasgou, fez um cutrback e rasgou mais uma vez.
Aos 13 minutos Filipe surfou novamente de backside, bateu com força, rasgou e atingiu a junção com muita vontade. Ele vibrou. A nota foi 8.60 pontos. A partir daquele momento o australiano passou a necessitar de 15.10 para vencer. Ele tentou, mas não conseguiu sair da complicada situação e se despediu da prova com a quinta posição.
Filipe, que venceu o Rio Pro em 2015, 2018 e 2019, terá que passar por Yago Dora para seguir com o sonho do tetra no Brasil.
“Eu amo muito tudo isso, especialmente um dia terminando com uma vitória assim”, fala Filipe. “Foi um dia longo e é preciso se manter calmo, porque é muito fácil você perder o foco com tantas coisas acontecendo ao redor. Estou feliz por já ter conseguido minha vaga para o WSL Finals e também porque os brasileiros estão mandando muito bem nesse evento. A energia da torcida aqui não tem igual, eu faço meu trabalho por eles e não tem nada melhor do que receber o carinho deles antes de entrar na água e depois também”.
Yago no ataque – O Brasil classificou seis surfistas para as quartas de final masculinas do Rio Pro. O último foi Yago Dora. Ele atacou as esquerdas do Point de Itaúna com força e venceu o australiano Ethan Ewing na sétima bateria das oitavas.
Ethan abriu o confronto com uma nota no critério excelente. O australiano fez duas manobras fortes de backside e conquistou 8.17 pontos. O aussie colocou mais 5.83 no somatório aos oito minutos. Ele rasgou e bateu numa esquerda. Yago surfou a esquerda seguinte da mesma série, bateu pra ganhar uma seção, rasgou forte e deu uma pancada potente na junção. O brasileiro recebeu 7.23 e diminuiu a diferença no placar.
Yago assumiu a liderança aos 12 minutos de disputa. Ele pegou uma esquerda intermediária, bateu, fez um layback e executou outra pancada, dessa vez na junção. O brazuca marcou 6.81 pontos e deixou Ethan na necessidade de 5.93.
As melhores ondas passaram a surgir com menos frequência no Point de Itaúna, e o australiano só entrou em ação mais três vezes até o final da bateria de 35 minutos. Na melhor apresentação, ele bateu de backside, rasgou sem muita inversão de prancha e errou a junção, queda que pode ter decidido o resultado do confronto. A nota foi 3.50 pontos.
Nas quartas Yago venceu o australiano Callum Robson no confronto que fechou a fase. Com oito minutos de disputa, o brasileiro já havia conquistado as notas 7.00 e 5.67 pontos, com boas performances nas esquerdas. Callum, que só tinha uma nota (0.50), passou a necessitar de 12.67 pra vencer.
Aos 16 minutos, o brasileiro, de frontside, acertou um layback expressivo e aumentou a distância para o australiano com mais 7.17 pontos. Callum tentou voltar por jogo com uma rasgada forte e uma batida numa esquerda (6.50). Ele passou a necessitar de 7.67, mas só voltou a surfar quase no fim, caiu da prancha e se despediu do Rio Pro em quinto lugar.
“Eu adoro essa onda, mas sinto que ainda não consegui mostrar todo o meu surfe”, conta Yago. “Acho que não entrei em sintonia ainda com as séries e meus adversários estão pegando as melhores ondas nas baterias. Mas, estou feliz por chegar no dia das finais. É uma loucura ter só brasileiros nas semifinais. Isso é muito legal, porque já garante um título brasileiro no evento”.
Vice-líder eliminado – Antes de cair nas quartas, Mateus Herdy despachou o atual vice-líder do ranking, Jack Robinson. O convidado para a etapa se adaptou melhor às difíceis condições para o surfe no Point de Itaúna nas primeiras horas do dia.
Mateus ficou muito ativo, e na sexta onda, aos dez minutos, conseguiu 5.67 pontos, com uma rasgada e uma batida de backside. Até aquele momento Jack tinha apenas notas fracas e precisava de 7.07.
O brasileiro seguiu ativo e o australiano tentou entrar no jogo. Aos 25 minutos Jack conquistou 4.67 pontos, com duas batidas numa esquerda, e três minutos depois anotou 4.34 numa direita.
Mas Mateus tratou de aumentar a diferença para Jack. Restando cinco minutos ele fez mais duas manobras, marcou 6.07 pontos e deixou o australiano na necessidade de 7.07. O tempo passou e quando restavam cinco segundos Jack dropou uma esquerda da série. Ele bateu forte duas vezes e aumentou a tensão na praia. Alguns minutos depois a nota saiu e os 7.00 pontos não deram a virada. Mateus seguiu para as quartas e Jack se despediu do Rio Pro em nono lugar.
Próxima chamada – A próxima chamada para o Rio Pro acontece nesta terça-feira (28), às 7h15 (de Brasília). A previsão indica que as ondas vão quebrar com cerca de 1 a 1,5 metro nas séries, com boa formação.
Rio Pro 2022
Oitavas de final masculinas
1 Mateus Herdy (BRA) 11.74 x 11.67 Jack Robinson (AUS)
2 Samuel Pupo (BRA) 17.00 x 8.50 Caio Ibelli (BRA)
3 Italo Ferreira (BRA) 14.17 x 8.10 Michael Rodrigues (BRA)
4 Miguel Pupo (BRA) 15.00 x 9.94 Nat Young (EUA)
5 Filipe Toledo (BRA) 13.56 x 9.44 Miguel Tudela (PER)
6 Connor O’Leary (AUS) 15.94 x 12.44 Matthew McGillivray (AFR)
7 Yago Dora (BRA) 14.10 x 14.00 Ethan Ewing (AUS)
8 Callum Robson (AUS) 13.40 x 13.17 Jackson Baker (AUS)
Quartas de final
1 Samuel Pupo (BRA) 12.80 x 8.83 Mateus Herdy (BRA)
2 Italo Ferreira (BRA) 13.34 x 13.34 Miguel Pupo (BRA)
3 Filipe Toledo (BRA) 15.10 x 8.94 Connor O’Leary (AUS)
4 Yago Dora (BRA) 14.17 x 7.00 Callum Robson (AUS)
Semifinais
1 Samuel Pupo (BRA) x Italo Ferreira (BRA)
2 Filipe Toledo (BRA) x Yago Dora (BRA)
Semifinais femininas
1 Johanne Defay (FRA) x Gabriela Bryan (HAV)
2 Carissa Moore (HAV) x Tatiana Weston-Webb (BRA)