O Brasil comemorou neste sábado (1) a quinta vitória brasileira seguida no Rio Pro. O campeão foi Yago Dora, que fez sua primeira final da carreira no circuito da elite do surfe mundial. Na decisão o atleta voou alto com rotação completa e aterrissagem perfeita na base da onda para anotar 10 pontos e praticamente definir o resultado. Com a vitória ele subiu para o quinto lugar no ranking.
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As condições do mar e do tempo mudaram completamente no Point de Itaúna, Saquarema, da sexta (30) para o sábado. O vento maral deu lugar ao terral, o sol apareceu e as ondas ficaram alinhadas, com as esquerdas de 1,5 metro sendo o principal caminho as vitórias. A final de 40 minutos aconteceu ainda com mar liso, porém com ondas menores e mais demoradas do que na parte da manhã. As maiores séries quebravam com pouco mais de 1 metro.
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Yago e Ethan abriram a decisão com notas na casa dos quatro pontos. O australiano atuou primeiro, aos dois minutos, e com três manobras anotou 4.83 pontos. Aos quatro foi a vez de Yago atacar uma esquerda, porém de frontside. Ele fez um cutback, uma rasgada e uma batida para largar com 4.10.
O brasileiro se manteve ativo na bateria, mas sem conseguir notas altas. Aos 11 minutos ele deu pistas do que faria minutos depois. Yago decolou alto, porém caiu na aterrisagem. Dois minutos depois Ethan atuou pela segunda fez na final. Com duas manobras de backside ele conquistou 3.50 pontos e foi pra primeira posição. Yago passou a necessitar de 4.24 para ser o campeão.
Ethan aumentou a diferença no placar aos 15 minutos. O aussie fez duas rasgadas e duas batidas para colocar 3.67 pontos no somatório. A diferença aumentou para 4.41. Yago deu o troco rapidamente com uma direita. Ele fez uma batida forte, além de dois cutbacks, marcou 4.83 e assumiu a liderança. O australiano atuou na sequência, mas marcou 3.57 e ainda precisava de 4.10 para reverter o resultado.
Na metade do confronto o brasileiro deu espetáculo. Yago entrou numa esquerda e partiu para junção onde decolou alto. O brazuca fez a rotação completa e aterrissou de forma perfeita na base da onda. Quatro dos cinco juízes deram 10 e ele ficou com a nota máxima.
O australiano marcou 6.00 pontos numa direita perto do final do confronto, mas depois não conseguiu os 8.84 que precisava para vencer. Término de bateria e Yago comemorou seu primeiro título entre os melhores do mundo. A série de cinco vitórias consecutivas de um brazuca no Rio começou em 2017 com Adriano de Souza. Filipe Toledo venceu as três etapas seguintes (2018, 2019 e 2022) e agora Yago colocou seu nome no hall dos campeões.
“É inacreditável o que estou sentindo”, disse Yago Dora, emocionado no pódio. “Estou muito feliz, a energia dessa torcida só me faz crescer, só me faz ser melhor e agradeço de coração cada um de vocês, que vieram aqui na praia com chuva ou Sol e esperou todos esses dias pro evento rolar. A recompensa está aqui, o título fica no Brasil, é nosso e é de todos vocês (público) também. Com certeza, vocês têm um pedacinho disso aqui e agradeço também minha família, meus amigos que estão aqui, então não tinha dia melhor para isso acontecer. Hoje foi esse dia, chegou a nossa vez e vamos Brasil (uhhhuuu)”.
“Eu nem estou acreditando ainda que venci um CT pela primeira vez”, disse Yago Dora. “Eu posso dizer que foi a melhor semana da minha vida. Mesmo nos dias sem ondas, me diverti bastante e cada dia foi especial. Eu estava com a sensação de que alguma coisa especial ia acontecer. Demorou, mas essa primeira vitória chegou na hora certa e no lugar certo, então estou muito feliz. Não poderia ter um lugar melhor para ganhar meu primeiro evento no CT, ainda mais com uma nota 10”.
Caminho até a final – Neste sábado foram realizadas as quartas, semis e final da categoria masculina do Rio Pro. As mulheres competiram pelas semi e decisão. Yago teve que superar Jadson André e John John Florence para disputar o título do Rio Pro.
A terceira disputa da fase dos oito melhores da etapa começou com os Yago e Jadson ativos, porém errando manobras e com notas fracas. A primeira nota cima da casa dos dois pontos foi marcada aos oito minutos por Yago. O surfista executou uma rasgada e uma batida de frontside e anotou 5.50 pontos.
Aos 14 minutos Yago abriu larga vantagem no placar. Ele fez o uso da prioridade numa esquerda e rasgou forte, depois fez outra curva e executou um layback na junção. O atleta ainda foi até o inside para voar com reverse também de frontside. A nota foi 8.50 pontos. Com isso Jadson ficou na necessidade de 14.00 para vencer.
Jadson fez sua primeira onda completa na disputa aos 19 minutos. Ele entrou numa esquerda, executou uma pancada, uma rasgada curta e atacou a junção para marcar 5.43 pontos. O surfista passou a necessitar de 8.57 para vencer. Jadson ainda fez três tentativas, mas ficou longe de conseguir a nota que precisava. Ele terminou a etapa em quinto lugar.
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Semi contra John John – A segunda semifinal colocou frente à frente Yago contra o havaiano John John Florence. A bateria só começou a ganhar forma aos 12 dos 35 minutos. Até aquele momento Yago tinha como maior nota 4.50 pontos, conquistada na sua primeira atuação no duelo, e John John 4.00, recebida após sua segunda performance. Yago, sem a prioridade, se distanciou com uma rasgada muito forte, com invertida na direção da prancha, que valeu 6.00. John John ficou com o direito de escolha de ondas e precisava de 6.50 para vencer.
Depois de voar alto de backside e quase completar a manobra, Yago voltou a surfar de frontside e trocou 4.50 pontos por 4.60, aumentando a diferença para 6.60. John John segurou a prioridade e só voltou a atuar aos 27 minutos. A esquerda foi ruim, mas ele trocou 0.43 por 2.50, mas seguiu na busca dos 6.60 para chegar na final.
Yago usou a prioridade quando restavam cinco minutos, mas não trocou de nota. John John esperou por uma última oportunidade, porém ela não apareceu e ele terminou o Rio Pro em terceiro lugar. A vitória na bateria leva Yago para sua primeira final no CT da carreira.
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Caminho de Ethan – O vice-campeão do Rio Pro enfrentou o italiano Leonardo Fioravanti nas quartas e seu conterrâneo Ryan Callinan na semi.
Ethan e Leo ficaram ativos no início da bateria, com o australiano ditando o ritmo mais forte. Na primeira onda Ethan marcou 6.50 pontos e na segunda 6.27. Já o italiano anotou 4.00 e 5.33 e ficou na necessidade de 7.44 para sair vencedor da disputa.
Os atletas passaram a ser mais seletivos após o início intenso. Perto da metade da disputa Ethan usou a prioridade, mas errou a primeira manobra. Ele então pegou mais três esquerdas, mas não trocou de nota. Enquanto isso Leo permanecia no pico com a prioridade aguardando uma boa oportunidade para reverter a situação.
O italiano só voltou a atuar quando faltavam quatro minutos para o fim. Ele voltou a atuar de backside e executou duas rasgadas. Na sequência ele tentou voar, mas errou a manobra. A nota 3.77 pontos não alterou a situação do confronto. Ethan pegou a prioridade, nos segundo finais bloqueou o adversário e garantiu a vaga na semi.
Duelo aussie – Ethan e Ryan fizeram uma bateria parelha na semifinal. Ethan abriu com 5.33 pontos, e Ryan, após uma onda fraca, marcou 6.00. Ethan foi pra liderança aos nove minutos. O surfista executou três manobras de backside para marcar 6.27.
Na necessidade de 5.61 pontos para chegar na final, Ryan usou a prioridade e tentou a virada quando faltavam dez minutos para o fim. Ele chegou a trocar de nota, mas não mudou sua situação no confronto. Pior pra ele que Ethan surfou a esquerda seguinte da mesma série e acertou duas manobras potentes. Os juízes gostaram da performance e ele se distanciou no somatório com a nota 7.50. Ryan passou a precisar de 7.77 para vencer.
Os dois voltaram a atuar perto do fim, e Ethan aumentou ainda mais a vantagem no placar com duas fortes manobras numa esquerda. A atuação valeu 8.00 pontos. Ryan voltou a marcar uma nota 6.00, mas perdeu precisando de 9.50.
Os dois fizeram a final da etapa de Bells Beach, realizada em abril deste ano, e na ocasião Ethan também levou a melhor. Ryan terminou o Rio Pro em terceiro lugar.
“Não existe nada igual ao Brasil e o Yago (Dora) mereceu a vitória com aquele aéreo nota 10 que acertou”, disse o australiano Ethan Ewing, que tirou o terceiro lugar no ranking do saquaremense João Chianca com o vice-campeonato. “Foi uma semana intensa e a torcida aqui não tem comparação com as das outras etapas do CT. Foi uma semana muito divertida, meu pai está aqui comigo, ficamos numa casa com muitas pessoas legais e só quero agradecer a todos os fãs pelo apoio e carinho. Todo mundo foi muito gentil comigo essa semana, então fico muito grato a todos”.
Samuel em quinto – O outro brasileiro que competiu no dia foi Samuel Pupo. O segundo colocado na edição 2022 do evento competiu contra Ryan Callinan. O australiano marcou uma nota no critério excelente, venceu e garantiu vaga nas semifinais. Samuel se despediu do evento em quinto lugar.
Ryan foi melhor na primeira metade da bateria de 30 minutos. Os dois começaram com ondas fracas, mas na segunda apresentação o australiano rasgou e bateu na junção para anotar 5.83 pontos. Aos 11 minutos o brasileiro pegou sua terceira onda, a primeira que saiu da casa de 1 ponto. Samuel bateu com força, executou duas rasgadas e acertou a junção. A nota foi 6.83. Porém o australiano atuou instantes depois e com duas manobras linkadas, uma rasgada forte e um layback na junção, anotou 8.00 para abrir grande vantagem no placar.
Aos 20 minutos Samuel usou a prioridade e foi em busca dos 7.01 pontos que precisava para vencer, porém a esquerda correu e ele só executou uma manobra. Três minutos depois foi a vez de Ryan usar o direito de escolha da onda, mas também não mudou a situação da bateria. O brasileiro sentou no pico e esperou por uma boa oportunidade, porém ela não voltou a surfar e acabou eliminado do evento.
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Próxima etapa – A próxima e penúltima etapa do CT 2023 antes do WSL Finals acontece neste mês de julho na África do Sul. O Open J-Bay será realizado entre os dias 13 e 22. Antes, já a partir deste domingo (2), será disputado o Ballito Pro, terceira etapa do circuito Challenger Series da temporada.
Rio Pro 2023
Final masculina
Yago Dora (BRA) 14.83 x 10.83 Ethan Ewing (AUS)
Semifinais
1 Ethan Ewing (AUS) 15.50 x 12.00 Ryan Callinan (AUS)
2 Yago Dora (BRA) 10.60 x 6.50 John John Florence (HAV)
Quartas de final masculinas
1 Ryan Callinan (AUS) 13.83 x 9.40 Samuel Pupo (BRA)
2 Ethan Ewing (AUS) 12.77 x 9.33 Leonardo Fioravanti (ITA)
3 Yago Dora (BRA) 14.00 x 8.13 Jadson André (BRA)
4 John John Florence (HAV) 15.43 x 15.34 Barron Mamiya (HAV)
Final feminina
Caitlin Simmers 14.66 x 9.80 Tyler Wright (AUS)
Semifinais
1 Tyler Wright (AUS) 13.73 x 10.50 Caroline Marks (EUA)
2 Caitlin Simmers (EUA) 13.67 x 9.56 Carissa Moore (HAV)
Ranking masculino do CT 2023 após o Rio Pro
1 Filipe Toledo (BRA) 44.980
2 Griffin Colapinto (EUA) 44.220
3 Ethan Ewing (AUS) 40.015
4 João Chianca (BRA) 39.640
5 Yago Dora (BRA) 32.120
6 John John Florence (HAV) 30.970
7 Gabriel Medina (BRA) 29.355
8 Jack Robinson (AUS) 29.205
9 Leonardo Fioravanti (ITA) 28.580
10 Ryan Callinan (AUS) 28.495
11 Italo Ferreira (BRA) 27.155
12 Connor O’Leary (AUS) 24.960
13 Barron Mamiya (HAV) 21.545
14 Caio Ibelli (BRA) 21.460
14 Liam O’Brien (AUS) 21.460
16 Kanoa Igarashi (JAP) 20.685
16 Jordy Smith (AFR) 20.685
18 Matthew McGillivray (AFR) 20.120
19 Callum Robson (AUS) 20.035
19 Ian Gentil (HAV) 20.035
21 Seth Moniz (HAV) 16.205
22 Rio Waida (IDN) 15.640
23 Kelly Slater (EUA) 12.225
Ranking feminino do CT 2023 após o Rio Pro
1 Carissa Moore (HAV) 51.660
2 Tyler Wright (AUS) 49.895
3 Caroline Marks (EUA) 45.125
4 Molly Picklum (AUS) 41.525
5 Caitlin Simmers (EUA) 38.660
6 Stephanie Gilmore (AUS) 31.625
6 Tatiana Weston-Webb (BRA) 31.625
8 Lakey Peterson (EUA) 28.150
8 Gabriela Bryan (HAV) 28.150
8 Bettylou Sakura Johnson (HAV) 28.150
11 Johanne Defay (FRA) 15.710