A quinta-feira (23) marcou o início do Rio Pro 2022, oitava etapa da temporada da elite. No dia foram realizadas todas as baterias da primeira fase feminina e masculina, e Yago Dora conquistou o maior somatório. Ele foi um dos seis brasileiros que venceram e avançaram no evento.
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Como previsto as ondas quebraram com 1 a 1,5 metro e séries maiores no Point de Itaúna, Saquarema (RJ). Na maior parte do tempo as condições ficaram difíceis para o surfe, com direitas balançadas e esquerdas curtas, com muitas fechando.
Na primeira fase apenas o vencedor avança, já o segundo e o terceiro colocado vão para a repescagem. No masculino o primeiro avança para as oitavas de final, e no feminino para as quartas.
Yago participou da quinta bateria masculina e manobrou forte nas esquerdas. O brasileiro abriu a disputa com um layback poderoso que valeu 5.00 pontos. O japonês Kanoa Igarashi não se deu bem na primeira onda, mas na segunda, uma direita, ele fez um layback, uma batida e um cutback. A nota foi 5.50. Logo depois, aos 15 minutos, o norte-americano Kolohe também foi pra direita. Ele pegou um tubo e fez uma boa rasgada, além de outras duas manobras menos expressivas. A nota foi 6.33.
Então Kanoa chegou no critério excelente. O japonês pegou um canudo e voou com reverse para anotar 8.00 pontos. O brasileiro ficou na necessidade de 8.50 pra vencer.
Yago diminuiu a distância para Kanoa perto dos dez minutos finais. Ele foi pra esquerda, rasgou, fez um layback e bateu. Ele conquistou 6.77 pontos e passou a precisar de 6.74. Pouco depois o brasileiro foi pra virada. Ele pegou outra esquerda, fez uma longa rasgada na borda, com pressão, bateu forte e acertou a junção. Ele anotou 7.13 pontos.
Kanoa ainda fez algumas tentativas, mas não chegou nos 5.90 pontos que precisava e terminou em segundo lugar. Kolohe também não trocou de nota nos minutos finais e finalizou a bateria na terceira posição. Yago venceu com 13.90, o maior somatório de todas as 12 disputas realizadas no dia.
“Eu nem sabia se eu conseguiria participar de um evento do CT esse ano, porque ganhei um wildcard (convite) para o ano que vem. Só se alguém se machucasse”, fala Yago, que estava se recuperando de contusão e não competiu na primeira metade da temporada, perdendo sua vaga na elite. Mas, a WSL lhe concedeu um wildcard para o CT 2023. “Eu recebi o convite para G-Land (com a contusão de Seth Moniz), depois para El Salvador também e agora estou aqui. Sem dúvidas, era o evento que eu mais queria competir. A torcida aqui explode quando você acerta um aéreo e isso dá uma motivação extra para surfar melhor”.
Segundo melhor – O segundo melhor surfista do dia também foi brasileiro. Miguel Pupo fechou a quinta-feira marcando 13.83 pontos na vitória no duelo 100% brasileiro que fechou a primeira fase masculina.
Aos oito minutos Miguel atacou uma esquerda com duas batidas (6.33), e pouco depois da metade bateria fez duas rasgadas fortes em outra esquerda (7.50). Caio Ibelli fico em segundo lugar e Jadson André em terceiro. A melhor apresentação de Caio teve tubo e batida numa direita (5.27). Jadson perdeu precisando de duas ondas para reverter o resultado. Ele marcou duas notas na casa dos três pontos (3.73 e 3.27).
Maior nota – Já a maior nota foi conquistada por dois surfistas. Um deles foi o tricampeão da etapa brasileira do CT. Filipe Toledo se deu bem no Point de Itaúna. Logo nos primeiros minutos o brasileiro decolou com rotação completa numa direita. Ainda foi até o inside e executou duas batidas. A nota foi 8.17 pontos, a maior do dia.
Os adversários não estavam bem na disputa, porém, perto da metade, o norte-americano Nat Young rasgou e bateu forte de frontside numa esquerda. A nota 6.17 pontos diminuiu a diferença para o brasileiro. No início do último terço da bateria de 35 minutos o peruano Miguel Tudela também achou uma esquerda boa, na qual rasgou e bateu para colocar 6.33 no somatório e entrar na briga.
Filipe tratou de melhorar sua segunda nota. Ele fez um ataque de duas manobras numa direita, a segunda um aéreo reverse, e se distanciou um pouco com 5.60 pontos. Naquele momento o peruano estava em segundo lugar e precisava de 7.45 pontos, enquanto o norte-americano necessitava de 7.61. Nat ainda surfou duas ondas, porém não melhorou sua pontuação. Miguel não entrou em ação até o fim do confronto.
“Essa energia aqui do Brasil não tem em lugar nenhum, então é muito bom poder estar de volta. Está sendo muito legar ver essa vibração e por estar com meus amigos, minha família, então to amarradão”, diz Filipe, na zona mista de entrevistas. “A gente tenta começar com o pé direito, arriscando tudo pra começar a bateria com uma nota boa e foi o que eu tentei fazer. As coisas para mim acontecem naturalmente. Eu vou uma bateria de cada vez, um dia de cada vez, curtindo cada momento e acho que isso acaba refletindo dentro d´água”.
Jack decola alto – O outro surfista que anotou 8.17 pontos foi Jack Robinson. Ele dominou a terceira bateria do Round 1 masculino. O australiano decolou alto, marcou a primeira nota no critério excelente do Rio Pro (8.17) e venceu. O atual vice-líder do ranking depois voou bem acima do lip num alley oop, porém caiu da prancha na aterrissagem. Jack também colocou 5.50 pontos no somatório com duas batidas, uma com chutada de rabeta.
Mateus Herdy ficou em segundo lugar. O convidado para a etapa estava mal, mas quando restavam três minutos para o fim voou com rotação completa e anotou 7.17 pontos. Ele passou a necessitar de 6.51, mas não teve tempo de pegar outra onda. Samuel Pupo ficou em último. Ele perdeu na necessidade de 9.67 pontos.
Italo ataca de backside – O Round 1 dos homens começou com Italo Ferreira e João Chianca na água. O campeão mundial de 2019 ficou ativo no início da bateria e aos sete minutos chegou perto na nota no critério excelente. Italo bateu forte de backside, depois rasgou e mandou outra pancada potente (7.50).
Aos dez minutos de bateria o sul-africano Matthew McGillivray fez um ataque de frontside, bateu duas vezes e rasgou uma direita (4.93). Logo depois ele surfou outra direita e executou duas pancadas (4.17). Enquanto isso o local João Chianca errava algumas manobras e escolhia ondas com pouco potencial.
Italo complicou o caminho dos adversários perto da metade do confronto. Ele pegou uma esquerda, rasgou e bateu duas vezes (5.10), para deixar Matthew na necessidade de 7.77 pontos e João de 9.30.
Matthew (2º) arriscou alguns voos, mas não acertou. João (3º) pegou algumas esquerdas, mas não conseguiu melhorar sua posição na bateria.
“Nós temos os melhores fãs do mundo e estou feliz por ter passado a bateria”, diz Italo, que competiu com o nome de Mano Ziul na sua lycra do Rio Pro, homenageando o mago da computação no surfe, que criou o sistema de notas utilizado até hoje, a transmissão ao vivo no início da internet e tantas outras inovações. Mano Ziul faleceu na semana passada e sua esposa e o filho, Sandra Andueza e Ziulzinho, receberam e abraçaram Italo Ferreira em sua volta a arena.
“Foi um momento muito emocionante. Eu era muito amigo dele (Mano Ziul) e da família, ele era uma pessoa incrível e tenho grandes memórias com ele”, conta Italo. “Eu sei que todo mundo da WSL ama ele e ele era um pioneiro. Lembro de uma vez, que nós fomos passear para um aquário na França. Ele trabalhava muito e estávamos num lugar escuro dos tubarões, trocando uma ideia, quando rolou um silêncio. Aí olhei pro lado, o Mano Ziul tava dormindo (risos)”.
Michael vence Griffin – O campeão do evento em El Salvador caiu pra repescagem. Griffin Colapinto começou bem a segunda bateria do Round 1 masculino do Rio Pro, porém Michael Rodrigues bateu forte e voou para vencer e garantir sua vaga nas oitavas de final.
O norte-americano começou bem a disputa. Aos sete minutos ele surfou uma esquerda, rasgou e bateu forte chutando a rabeta (7.00). Quatro minutos depois Griffin voltou a surfar, porém para a direita. Ele fez uma série de manobras, sendo a melhor uma batida (4.33).
O brasileiro não estava bem no duelo e chegou na metade dos 35 minutos com cinco notas fracas, na necessidade de 9.66 pontos. Mas Michael pegou uma direita, executou um aéreo com rotação quase completa, aterrissagem perfeita e ainda bateu. Ele marcou 5.67 e ficou na necessidade de uma nota igual para virar.
Michael surfou outra direita dois minutos depois. Era uma onda da série, na qual ele fez uma rasgada e bateu forte, voando pra base da onda. Ele assumiu a liderança com 6.40 pontos.
O brasileiro trocou de nota quando restavam oito minutos para o fim. Michael acelerou e executou um aéreo com rotação completa. A nota foi 5.93 pontos. Griffin tentou dar o troco com duas rasgadas de frontside. Ele precisava de 5.33, anotou 5.27 e foi para a repescagem. O também norte-americano Jake Marshall ficou em último lugar, com apenas quatro ondas, sendo que na melhor marcou 4.57 com três manobras de backside numa esquerda.
Medina na repescagem – A primeira participação de Gabriel Medina no Rio Pro 2022 não foi boa. O tricampeão mundial não entrou em sintonia com o Point de Itaúna e terminou a sexta bateria masculina em último lugar. O australiano Connor O’Leary venceu e está confirmado na fase dos 16 melhores do evento masculino.
A bateria aconteceu num momento complicado do mar, de condições difíceis para o surfe. Connor atuou logo no início da disputa. Ele bateu forte e fez um layback numa esquerda para largar com 4.83 pontos. Depois de uma primeira tentativa sem sucesso, Medina executou um layback poderoso de frontside, além de uma batida sem muito impacto na junção. Ele conquistou 4.40. Dali pra frente o brasileiro surfou mais oito ondas, mas sua segunda melhor nota foi apenas 2.00.
Connor aumentou a diferença para seus adversários quando restavam cinco minutos para o fim. O australiano surfou de backside, fez uma rasgada e uma batida, além de outras manobras sem inversão na parte bem pequena na onda. A nota foi 5.73 pontos.
Ethan Ewing foi um pouco superior ao Medina e terminou em segundo lugar. A melhor apresentação dele foi numa direita pouco depois da metade da bateria. O australiano bateu forte e fez uma rasgada, além de um cutback, pra receber 4.90 pontos.
Tatiana nas quartas – A única representante brasileira na categoria feminina do Rio Pro já está garantida nas quartas de final. Tatiana Weston-Webb abriu bem a bateria, com duas fortes batidas de frontside (6.67), depois, na metade do confronto, fez uma direita com batida forte e uma rasgada sem muita inversão (4.10), para garantir vitória na segunda disputa do evento.
A atual líder do ranking foi presa fácil para a brasileira. A havaiana Carissa Moore teve atuação apagada, marcou apenas 1.80 na soma das duas melhores ondas e terminou na terceira posição. Já a peruana Sol Aguirre achou duas direitas, executou fortes batidas (5.50 e 4.40), mas não superou Tatiana.
“Estou muito feliz por estar competindo aqui de novo. Eu peguei uma esquerda boa no início da bateria e depois só tentei me manter na frente. Eu tinha uma estratégia e deu tudo certo”, diz Tatiana. “Estou bem feliz por estar de volta ao Brasil, a vibração da torcida aqui é incrível. E a estrutura está gigante! Quando entrei aqui, parecia como num torneio mundial de tênis. O surfe está chegando num novo patamar e fico orgulhosa em fazer parte de tudo isso”.
Mais do feminino – A havaiana Gabriela Bryan abriu o Rio Pro com vitória. Ela, que fez boas sessões de treino nos dias anteriores ao evento, voltou a mostrar sintonia com o Point de Itaúna e marcou as três maiores notas da disputa. A norte-americana Lakey Peterson (2ª) e a costa-riquenha Brisa Hennessy (3ª) caíram para a repescagem.
As surfistas da terceira bateria também tiveram grande dificuldade em achar ondas com potencial para notas altas. A norte-americana Caroline Marks chegou nos dois minutos finais na liderança, tendo como melhor nota 5.00 pontos, conquistada com uma batida e uma rasgada sem muita expressão. A francesa Johanne Defay precisava de 5.13 pontos pra virar e fez um layback, mas recebeu apenas 4.60.
No último minuto a norte-americana fez duas batidas de backside e garantiu a vitória com a maior nota do duelo, 5.67 pontos. A norte-americana Courtney Conlogue não entrou em sintonia com Itaúna e terminou em terceiro lugar.
O último confronto da fase teve três australianas e foi parelho. Sally Fitzgibbons venceu que marcou a maior nota (5.17). Isabella Nichols passou quase todo o tempo em segundo lugar, porém no final subiu para a segunda posição, e jogou Stephanie Gilmore para a terceira.
Rio Pro 2022
Round 1 masculino
1 Italo Ferreira (BRA) 12.60 x Matthew McGillivray (AFR) 9.00 x João Chianca (BRA) 6.30
2 Michael Rodrigues (BRA) 12.33 x Griffin Colapinto (EUA) 12.27 x Jake Marshall (EUA) 7.24
3 Jack Robinson (AUS) 13.67 x Mateus Herdy (BRA) 8.50 x Samuel Pupo (BRA) 7.50
4 Filipe Toledo (BRA) 13.77 x Nat Young (EUA) 11.00 x Miguel Tudela (PER) 9.23
5 Yago Dora (BRA) 13.90 x Kanoa Igarashi (JPN) 13.50 x Kolohe Andino (EUA) 9.83
6 Connor O’Leary (AUS) 10.56 x Ethan Ewing (AUS) 7.47 x Gabriel Medina (BRA) 6.40
7 Jackson Baker (AUS) 9.87 x Callum Robson (AUS) 9.37 x Jordy Smith (AFR) 9.16
8 Miguel Pupo (BRA) 13.83 x Caio Ibelli (BRA) 8.90 x Jadson André (BRA) 7.50
Round 2 (repescagem)
1 Griffin Colapinto (EUA) x Miguel Tudela (PER)
2 Caio Ibelli (BRA) x Jadson André (BRA)
3 Kanoa Igarashi (JPN) x Mateus Herdy (BRA)
4 Jordy Smith (AFR) x Nat Young (EUA)
5 Ethan Ewing (AUS) x João Chianca (BRA)
6 KOlohe Andino (EUA) x Samuel Pupo (BRA)
7 Callum Robson (AUS) x Gabriel Medina (BRA)
8 Matthew McGillivray (AFR) x Jake Marshall (EUA)
Round 1 feminino
1 Gabriela Bryan (HAV) 11.07 x Lakey Peterson (EUA) 5.97 x Brisa Hennessy (CRI) 5.74
2 Tatiana Weston-Webb (BRA) 10.77 x Sol Aguirre (PER) 9.90 x Carissa Moore (HAV) 1.80
3 Carolline Marks (EUA) 10.67 x Johanne Defay (FRA) 7.77 x Courtney Conlogue (EUA) 3.33
4 Sally Fitzgibbons (AUS) 8.24 x Isabella Nichols (AUS) 7.67 x Stephanie Gilmore (AUS) 6.70
Round 2 (repescagem)
1 Carissa Moore (HAV) x Sol Aguirre (PER)
2 Stephanie Gilmore (AUS) x Isabella Nichols (AUS)
3 Johanne Defay (FRA) x Courtney Conlogue (EUA)
4 Brisa Hennessy (CRI) x Lakey Peterson (EUA)