Líder e vice-líder frente a frente. Gabriel Medina e Italo Ferreira passaram duas fases neste sábado (22) no Rip Curl Rottnest Search e vão se enfrentar de olho na final. Independente do resultado, Medina vai sair da Austrália com a camisa amarela de número um do ranking.
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O quinto dia de disputas teve as melhores ondas do campeonato até o momento. Strickland Bay funcionou com boas esquerdas de até 1,5 metro, e as séries não demoravam tanto quanto nos dias anteriores. Neste cenário Gabriel Medina fez uma nota no critério excelente (8.33) em sua primeira apresentação.
A bateria foi a quinta das oitavas e o adversário Owen Wright. O brasileiro ficou muito ativo e voou várias vezes. Na melhor decolagem ele arrancou a nota 8.33. Foi um voo perfeito com rotação completa antes de aterrissar.
Momentos antes Medina já havia executado um alley oop seguido de uma rasgada e uma batida que valeram 6.17 pontos. Ao longo do duelo o brasileiro tentou outras decolagens, porém errou, mas isso não fez diferença já que a distância para seu adversário chegou a ficar em 10 pontos e terminou com 8.10.
Nas quartas o duelo foi contra Conner Coffin, norte-americano que também anotou 8.33 pontos nas oitavas de final, quando superou o australiano Mikey Wright. Na quartas Conner começou melhor. O norte-americano, que sentiu o joelho no confronto anterior, soltou três manobras para e largou com 6.83.
Alguns minutos depois Medina acertou o pé em sua segunda tentativa. O brasileiro executou um alley oop, rasgou e executou também um floater para anotar 7.00. Quando faltavam 16 minutos para o fim, o norte-americano fez duas manobras, sendo uma rasgada sem inverter a prancha e uma batida com reverse na junção. A performance foi recompensada com nota 6.77.
Medina passou a precisar de 6.60 para vencer e conseguiu a virada quando restavam oito minutos para o fim. O bicampeão mundial rasgou, bateu, rasgou com mais força e mesmo não completando o aéreo reverse no fim, fez 6.80 pontos e passou para a frente.
O norte-americano manteve a prioridade e tentou retomar a liderança perto do fim, mas errou uma manobra e se despediu do Rip Curl Rottnest Search com a quinta posição.
“Eu sabia que não ia ter muitas ondas nessa bateria, porque o vento deu uma apertada e dificultou o surfe, então tentei ser mais seletivo na escolha das melhores”, disse Gabriel Medina. “Mas, foi uma boa bateria com o Conner (Coffin) e estou feliz por ter passado para as semifinais mais uma vez. Eu estava analisando o mar junto com o Andy (King, seu técnico) e deu muita onda na bateria anterior, então era um sinal que a minha ia ser meio lenta. Hoje tava assim, uma bateria com muitas ondas e outra com poucas. Mas, estou bem focado e o trabalho com o Andy está bem legal. Ele tem me dado bastante confiança para estar pronto para qualquer coisa. Também estou com a minha esposa na praia, então estou me sentindo superbem em tudo”.
Italo no caminho – Agora o foco de Medina vai para Italo Ferreira, atual campeão mundial que superou dois brasileiros neste sábado. A primeira vítima foi Adriano de Souza. O confronto entre os campeões mundiais teve Italo acelerado, como sempre, e Adriano na espera por boas ondas. Italo voou várias vezes, mas a primeira nota consistente dele foi conquistada com duas rasgadas fortes e uma batida, que valeram 7.27 pontos.
Mas Adriano tomou a liderança quando aplicou três fortes manobras de backside e conquistou 7.50. Alguns minutos depois Italo decolou numa esquerda com aterrissagem na base da onda, no seco, e anotou 7.43 pontos para retomar a primeira posição.
As séries pararam de entrar em Strickland Bay e quando restavam dois minutos para o fim tivemos o último capítulo do duelo. Italo tinha a prioridade, mas deixou Adriano ir na esquerda e ele fez três manobras fortes em sequência. O campeão mundial de 2015 precisava de 7.20 e arrancou 6.77 pontos. Vitória do campeão mundial de 2019, que foi para as quartas para encarar Yago Dora, que chegou na fase depois de dar espetáculo nas oitavas.
“O Adriano sempre foi uma inspiração pra mim e fizemos uma ótima bateria”, disse Italo Ferreira. “Eu estava até nervoso no início. Tentei fazer uns aéreos grandes que não completei, mas depois acertei um bom e fiz umas manobras boas, então fico feliz porque a minha última bateria com ele foi no Taiti e ele ganhou de mim na última onda”.
Yago nas alturas – Uma bateria para não esquecer. Yago Dora engoliu Connor O’Leary na última disputa da fase dos 16 melhores do Rip Curl Rottnest Search e avançou com moral.
Yago voou alto e com perfeição para anotar 9.10 e 9.57 e ser o novo recordista de somatória da etapa, com 18.67 pontos. Connor ainda fez duas notas na casa dos seis pontos, mas perdeu precisando de duas apresentações excelentes para reverter o placar.
“Quando você é um grommet, você sonha com uma bateria dessas. Se divertir numa bateria, como se fosse free surf, é a melhor sensação”, disse Yago Dora, após a melhor apresentação da sua carreira no CT. “Eu fui na onda sem muitas expectativas e surgiu uma rampa inesperada que rendeu uma nota boa. Na outra onda, fiz o meu surfe de borda que tenho trabalhado muito. Antes só focava nos aéreos e agora me concentro também em manter a prancha na água, mas mando um aéreo sempre quando dá”.
Italo x Yago – A bateria que fechou o quinto dia de disputas foi um duelo de aéreos. Italo acertou mais e superou Yago na última bateria das quartas de final.
Italo conquistou duas notas na casa dos seis pontos (6.17 e 6.77) nos dez minutos iniciais, usando os voos e também o surfe de borda nas ondas de Strickland Bay. Yago também decolava, porém não completava.
Aos 13 minutos de disputa, Yago foi para as rasgadas e batidas e fez 7.07 pontos. Naquela altura ele precisava de 8.27 e passou a necessitar de 5.87. Na sequência os dois partiram novamente para os voos e todos foram incompletos. O placar só foi alterado nos instantes finais quando Italo fez o uso da prioridade e manobrou forte para colocar mais 7.17 no somatório e decretar a vitória.
“É muito difícil surfar contra o Yago (Dora). Eu tentei mandar uns aéreos grandes e acabei caindo, mas usei minha estratégia para colocar uma pressão nele no final”, disse Italo Ferreira. “Quando o mar fica mais lento, tem que mudar o surfe, fazer umas batidas para ganhar umas notas boas. Mas, quando tem bastante ondas, aí você se solta e tenta uns aéreos maiores. Nós tivemos chances de fazer notas mais altas e, quando tem alguém desse calibre na água, me dá mais motivação. Todos os dias, somos os primeiros a entrar na água pra treinar e é bom ter esse tipo de atleta no circuito, para estender nossos limites”.
Com o resultado Italo se classificou para a semifinal brazuca. Já a outra semi vai ser australiana, entre o novato na elite Morgan Cibilic e o convidado para a etapa Liam O’Brien.
Morgan, que competiu pelas oitavas na sexta-feira, competiu apenas uma vez neste sábado e venceu o duelo de surfe de backside contra Julian Wilson. Liam também já tinha participado das oitavas e nas quartas encarou Miguel Pupo, que, ao contrário de seu adversário, competiu hoje pela fase dos 16 melhores.
Miguel para nas quartas – O brasileiro abriu o dia no quarto confronto das oitavas, contra Michel Bourez. Miguel errou na primeira onda e o francês abriu com 6.17, com uma batida e uma junção sem grande destaque.
Mas a partir daí só deu o brasileiro, que voou com rotação completa para arrancar 7.50, e na sequência ficou fundo num tubo para anotar 7.27 pontos e complicar o caminho de Michel. O francês ainda escovou uma esquerda e diminuiu a diferença, mas perdeu precisando de 7.87 para vencer.
“Fiz um aéreo e depois peguei um tubo, então acabou sendo um pouco de tudo (risos)”, disse Miguel Pupo, muito feliz pelo seu desempenho. “A onda do tubo eu sabia que ia ser uma das maiores da série e tentei ficar mais profundo possível. Foi uma bateria divertida pra mim, mas infelizmente foi contra meu bom amigo, Michel (Bourez). Adoro ele, mas tive quer fazer o meu melhor. Como está rolando boas esquerdas, eu sabia que ia ter boas oportunidades pra mim e estou feliz, mas sinto que ainda tem muita coisa para conquistar”.
Os 13 minutos iniciais da bateria das quartas entre Miguel e Liam O’Brien foram fracos. Os dois surfistas ou pegaram ondas que não renderam boas performances ou erraram as manobras.
Quando restavam 21 minutos para o fim, o brasileiro, que já tinha quatro ondas fracas, atacou uma esquerda com três manobras fortes (duas rasgadas e uma batida na junção) e arrancou 7.50 pontos dos juízes. O australiano tentou dar o troco na onda de trás e entrou forte de backside, mas caiu na finalização da segunda batida recebeu 2.50 pela segunda vez na disputa.
Cinco minutos depois Miguel fez nova apresentação de frontside, deu duas batidas e adicionou 5.33 pontos no somatório, dificultando o caminho do adversário que passou a precisar de duas ondas parar tirar a liderança do brasileiro.
Liam respirou quando faltavam 11 minutos para o fim. O aussie fez um ataque vertical na esquerda, com uma batida, seguida de uma rasgada e outra batida, para receber 6.90 pela apresentação e voltar pro jogo, na necessidade de 5.94 para assumir a liderança.
Logo depois Miguel surfou outra onda, mas não trocou de nota (4.60), porém deixou a prioridade com o adversário. O mar ficou calmo e perto do fim o Liam remou numa esquerda e aplicou duas batidas em sequência. Ele, que precisava de 5.94 para virar, conquistou 6.33 e tomou a primeira posição do brasileiro.
Nos últimos segundos entrou uma onda, o brasileiro remou forte, mas não conseguiu entrar e se despediu do Rip Curl Rottnest Search em quinto lugar.
Feminino – Entre as oitavas de final e as quartas de final masculinas, foram definidas as semifinalistas da categoria feminina. As favoritas venceram suas baterias. Sally Fitzgibbons surfou um belo tubo para vencer fácil a havaiana Malia Manuel, por 15,10 a 9,47 pontos. Com a classificação, Sally entrou no grupo das top-5 do ranking, tirando a californiana Caroline Marks. Ela vai fazer um duelo australiano com Tyler Wright, valendo a primeira vaga na grande final do Rip Curl Rottnest Search.
A outra será disputada pela havaiana Carissa Moore e a francesa Johanne Defay. Carissa deu mais um show nas ondas de Strickland Bay. Ela igualou a nota 9,50 que ganhou na primeira fase e aumentou seu recorde de pontos de 16,16 para 16,53, contra a novata na elite deste ano, Isabella Nichols, que venceu pela terceira vez na perna australiana. Já Johanne Defay derrotou a surpresa dessa etapa, a japonesa Amuro Tsuzuki, por 13,60 a 9,80 pontos.
Próxima chamada – A próxima chamada para o Rip Curl Rottnest Search acontece neste sábado (22), às 20h15 (de Brasília). De acordo com a previsão oficial do evento, feita pelo Surfline, as condições para o surfe devem ficar ainda melhores do que as deste sábado em Strickland Bay. As ondas podem ficar um pouco maiores e o vento tende a ser favorável até o meio do dia.
Acompanhe o Rip Curl Rottnest Search ao vivo aqui no Waves.
Rip Curl Rottnest Search 2021
Oitavas de final masculinas
1 Julian Wilson (AUS) 13.00 x 11.20 Jordy Smith (ZAF)
2 Morgan Cibilic (AUS) 12.50 x 10.77 Leonardo Fioravanti (ITA)
3 Liam O’Brien (AUS) 10.83 x 8.10 Seth Moniz (HAW)
4 Miguel Pupo (BRA) 14.77 x 13.07 Michel Bourez (FRA)
5 Gabriel Medina (BRA) 14.50 x 11.00 Owen Wright (AUS)
6 Conner Coffin (EUA) 15.23 x 13.50 Mikey Wright (AUS)
7 Italo Ferreira (BRA) 14.70 x 14.27 Adriano de Souza (BRA)
8 Yago Dora (BRA) 18.67 12.83 x Connor O’Leary (AUS)
Quartas de final masculinas
1 Morgan Cibilic (AUS) 15.70 x 14.16 Julian Wilson (AUS)
2 Liam O’Brien (AUS) 13.23 x 12.83 Miguel Pupo (BRA)
3 Gabriel Medina (BRA) 13.80 x 13.60 Conner Coffin (EUA)
4 Italo Ferreira (BRA) 13.94 x 11.97 Yago Dora (BRA)
Semifinal masculina
1 Morgan Cibilic (AUS) x Liam O’Brien (AUS)
2 Gabriel Medina (BRA) xItalo Ferreira (BRA)
Quartas de final femininas
1 Sally Fitzgibbons (AUS) 15.10 x 9.47 Malia Manuel (HAW)
2 Tyler Wright (AUS) 12.50 x 11.43 Nikki Van Dijk (AUS)
3 Carissa Moore (HAW) 16.53 x 14.43 Isabella Nichols (AUS)
4 Johanne Defay (FRA) 13.60 x 9.80 Amuro Tsuzuki (JPN)
Semifinal feminina
1 Sally Fitzgibbons (AUS) x Tyler Wright (AUS)
2 Carissa Moore (HAW) x Johanne Defay (FRA)