O troféu de campeão do Tahiti Pro 2023 vai para a Austrália. Jack Robinson venceu três baterias nesta quarta-feira (16), duas delas sobre brasileiros, faturou a etapa e ficou com a última uma vaga no WSL Finals. Vítimas do australiano, Yago Dora e Gabriel Medina estão fora da decisão do título mundial. Resultado da etapa confirma João Chianca nas Olimpíadas de Paris 2024.
Clique aqui para ver as fotos
Clique aqui para ver o vídeo
A final colocou Jack Robinson e Gabriel Medina frente a frente em Teahupoo, num momento ruim do mar, com ondas de 1,5 metro e séries maiores um pouco mexidas devido ao forte vento lateral. Quem vencesse a disputa ficaria com a última vaga no WSL Finals.
Medina abriu a decisão no primeiro minuto com um tubo longo que valeu 6.83 pontos. Aos cinco minutos ele pegou sua quarta esquerda e completou um canudo ainda mais pesado e oco para colocar mais 8.17 no somatório. Até aquele momento Jack não havia entrado em ação e já precisava de 15.00 para se o campeão do Tahiti Pro 2023. O brasileiro voltou a ficar fundo aos oito minutos, mas dessa vez ele não conseguiu sair.
Jack deu a resposta aos 11 minutos. O australiano ficou fundo de backside e saiu limpo. A performance valeu 7.83 pontos e ele passou a buscar 7.18 para ser o campeão. A partir dali a bateria deu uma esfriada e ficou sem ação por oito minutos, quando Medina usou a prioridade. O brazuca fez um tubo difícil e curto. A atuação valeu 5.83 e ele não mexeu no placar. O australiano fez o uso da prioridade aos 21 minutos, mas a esquerda fechou.
Medina segurou a prioridade e aos 27 minutos botou pra dentro, mas não ficou muito tempo no canudo e não trocou nota. Jack passou a ter o direito de escolha de ondas e tinha pouco mais de dez minutos para reverter o resultado.
O australiano foi pra virada quando restavam sete minutos. Jack passou rápido pela primeira seção, mas caiu outra placa do tubo, ele sumiu e saiu ileso pela boca do canudo. O aussie precisava de 7.18 pontos para assumir a liderança e marcou 7.83. Medina passou a precisar de 7.49 para festejar seu terceiro título na etapa. O brasileiro pegou uma esquerda da série dois minutos depois, mas não encontrou a saída. Nenhuma outra série apareceu em Teahupoo e Jack festejou o título, que valeu vaga no WSL Finals.
“Eu estava tão empolgado e tão focado, mas ainda me divertindo. É difícil descrever o sentimento”, disse Jack Robinson. “Eu senti que era a minha hora. Você nunca sabe quando vai ser sua hora, mas senti que era a minha hora agora e estou muito feliz. Após começar este ano da maneira que fiz, depois me contundir, agora voltar a vencer de novo, é porque era a minha hora. Sempre disse a mim mesmo, que o WSL Finals seria o meu último evento do ano e mal posso esperar por isso. Estou superanimado para competir em Trestles”.
“Este é um lugar muito especial para mim e adoro vir para cá sempre”, disse Gabriel Medina. “Eu amo o tempo que fico aqui, amo as pessoas daqui, então foi muito bom fazer outra final no Taiti. Teahupoo já deu tanto para mim ao longo dos anos, então é sempre ótimo estar aqui e aproveitar esse lugar incrível. Eu fiz tudo o que puder para tornar as coisas difíceis para todos, mas na final não foi o suficiente. A vida é assim mesmo e estou feliz”.
Jack Robinson chegou a Taiti em sétimo lugar no ranking. Ele precisava de um excelente resultado para garantir a vaga no WSL Finals. Nas quartas ele eliminou Yago Dora e tirou as chances do brasileiro de ser campeão mundial na temporada. Na semi ele superou o italiano Leonardo Fioravanti e na final foi para o tudo ou nada contra Medina e se deu bem.
WSL Finals – O Tahiti Pro foi a décima etapa do CT 2023 e fechou a fase classificatória para a etapa que decide os títulos mundiais masculino e feminino na temporada. Filipe Toledo chegou e saiu da Polinésia Francesa como líder do ranking. Ele já estava classificado para o WSL Finals. O australiano Ethan Ewing e o norte-americano Griffin Colapinto também já estavam confirmados na decisão. Ethan se machucou durante uma sessão de treino em Teahupoo antes da etapa e não competiu, e acabou perdendo a segunda posição para Griffin.
João Chianca (4º), Yago Dora (5º), Gabriel Medina (6º), John John Florence (7º), Jack Robinson (8º), Leonardo Fioravanti (9º) e Ryan Callinan (10º) lutavam pelas últimas duas vagas, que foram decididas nesta quarta-feira. A vitória de Jack sobre Yago nas quarts confirmou João no Finals e nas Olimpíadas, e o título valeu a última vaga para o australiano. Medina fechou o ano em sexto lugar e Yago em sétimo.
“Esse ano foi muito louco. Inicialmente, eu só queria passar do corte (da elite no meio da temporada), mas as coisas começaram a acontecer e estou bem feliz com a minha qualificação para o WSL Finals”, disse João Chianca, que chegou a vestir a lycra amarela de número 1 do ranking em duas etapas. “É importante um competidor ter grandes objetivos, então foi uma luta entre sonhar com um título mundial, ou manter a humildade. Essa noite foi uma das mais difíceis pra mim, depois de ter perdido ontem, me senti bem dividido. Eu sabia que poderia ter me classificado, sem depender de resultados dos outros. Mas, sinto que me dediquei o ano todo, confiei no meu talento e quero agradecer a todos que me apoiaram”.
Ver essa foto no Instagram
Jack no último dia do evento – O primeiro passo de Jack no terceiro e último dia do Tahiti Pro 2023 foi dado nas quartas de final, contra Yago. O brasileiro abriu a bateria, mas a esquerda não ofereceu tubo e ele manobrou (2.50). O australiano entrou em ação logo depois e pegou um canudo curto (3.50). Jack atuou novamente aos três minutos e dessa vez ficou mais fundo em Teahupoo para colocar 6.50 pontos no somatório.
Aos oito minutos Yago tinha a prioridade e deixou uma onda passar para Jack. O australiano sumiu dentro do tubo e encontrou a saída para conquistar 6.43 pontos e aumentar a diferença no placar para 12.93. Dois minutos depois o brasileiro dropou a esquerda já dentro do canudo, mas caiu lá dentro. Jack também entrou em ação, mas suas duas ondas seguintes não renderam notas boas.
Depois de Jack quase trocar de nota (6.13), Yago ficou com a prioridade e só surfou quando restavam cinco minutos. Ele botou no trilho, mas a boca do tubo espumou e ele não saiu. Dois minutos depois ele voltou a surfar e foi para as manobras com o intuito de sair da situação de combinação. E ele conseguiu. Com a nota 4.00 pontos Yago passou a precisar de 8.93 para vencer.
Jack usou a prioridade para bloquear o brasileiro quando restavam 29 segundos, mas ela fechou e veio outra esquerda logo atrás. Yago pegou a onda, ficou fundo no tubo, saiu e voou alto, mas caiu na aterrissagem. A atuação valeu 7.10 pontos, nota insuficiente para a virada.
Jack e Leo na semi – A semifinal masculina do Tahiti Pro 2023 começou com bateria entre Jack e Leonardo Fioravanti. O italiano atuou aos cinco minutos e abriu com um tubo que valeu 7.67 pontos. O aussie respondeu dois minutos depois também com um canudo completo e anotou 7.53. Jack voltou a surfar, colocou 5.33 só somatório, e depois foi um pouco melhor. Aos 16 minutos o surfista completou outro canudo, rasgou e colocou mais 5.43 no placar.
O italiano só pegou sua segunda esquerda aos 24 minutos. Naquele momento ele precisava de 5.29 pontos. Leo tentou passar por dentro da esquerda, mas não conseguiu completar o tubo. Leo ainda surfou outras três esquerdas, mas não pegou os canudos e não saiu do segundo lugar. Jack usou a prioridade perto do último minuto, ficou fundo entocado em Teahupoo, trocou de nota e confirmou a vitória.
Clássico do surfe – Um dos maiores clássicos do surfe mundial aconteceu em Teahupoo nesta quarta-feira. Dois dos maiores surfista de tubos do planeta se enfrentaram nas quartas de final do Tahiti Pro 2023, e um foi muito superior. Gabriel Medina fez os quatro melhores canudos do confronto e superou John John Florence, que perdeu na necessidade de 16.10 pontos.
A bateria começou e Medina se posicionou mais pra dentro do pico. Aos cinco minutos veio uma série, os dois remaram e o brasileiro botou pra baixo. Ele desapareceu dentro do tubo, saiu ileso e ainda executou um cutback e uma rasgada. A nota foi 8.33 pontos. John John pegou a esquerda seguinte, mas não completou o canudo. Medina retornou para o pico e um minuto depois botou pra dentro novamente, andou um tempo junto da bola de espuma e conseguiu encontrar a saída. Com mais 6.17 ele deixou John John na necessidade de 14.50 para chegar nas semifinais.
Medina pegou outro tubo aos nove minutos, mas dessa vez não trocou de nota (5.33). John John usou a prioridade numa onda ruim dois minutos depois. Na sequência o havaiano tentou um drope difícil, mas caiu da prancha. Mostrando muita leitura e técnica em Teahupoo, aos 13 minutos o brasileiro pegou o quarto canudo na bateria. Ele ficou fundo, sumiu e apareceu para conquistar 7.50 e aumentar a vantagem para 15.83 pontos.
John John completou o primeiro tubo aos 15 minutos. O bicampeão mundial forçou a saída pela porta espumada e anotou 4.60 pontos, mas seguiu precisando de duas ondas para reverter o resultado. O havaiano fez mais duas tentativas, mas não passou por dentro. Aos 27 minutos Medina usou o direito de escolha de onda e fez mais um tubo com maestria. A nota 7.77 aumentou ainda mais a diferença no placar.
O havaiano fez sua melhor apresentação quando restavam seis minutos para o término. A esquerda era uma intermediária, o tubo foi curto e a nota 5.50 pontos não mudou sua situação na disputa. Ele ainda precisava de 16.10 para vencer. O tempo chegou ao fim e John John encerrou sua participação no CT 2023.
Ver essa foto no Instagram
Medina x Barron – Medina e o havaiano Barron Mamiya se enfrentaram na segunda semifinal masculina. O brasileiro abriu os trabalhos aos três minutos numa onda que fechou. Barron surfou pela primeira vez aos quatro minutos, mas caiu dentro do tubo.
O primeiro canudo completo da bateria foi surfado aos seis minutos pelo havaiano. A saída foi apertada e ele marcou 4.17 pontos. Medina atuou na esquerda seguinte, mas ela fechou. Logo depois o brasileiro voltou a botar pra baixo. O tricampeão mundial pegou um tubo profundo e difícil numa onda da série e a atuação valeu 9.00 pontos. Medina não ficou quieto e marcou 4.33 pontos na sequência.
Ver essa foto no Instagram
Na necessidade de 9.16 pontos para vencer, Barron passou a esperar por uma onda especial pra tentar a virada ou diminuir a vantagem do adversário. Enquanto isso Medina tentava melhorar sua pontuação, mas suas 11 ondas seguintes não alteraram o placar. O havaiano só voltou a surfar quando faltavam dois minutos para o fim. A esquerda fechou e ele terminou o Tahiti Pro em terceiro lugar, seu melhor resultado a temporada.
Tahiti Pro 2023
Final Masculina
Jack Robinson (AUS) 15.66 x 15.00 Gabriel Medina (BRA)
Semifinais
1 Jack Robinson (AUS) 15.83 x 8.84 Leonardo Fioravanti (ITA)
1 Gabriel Medina (BRA) 13.33 x 5.17 Barron Mamiya (HAV)
Quartas de final
1 Leonardo Fioravanti (ITA) x 15.10 x 11.70 Kauli Vaast (FRA)
2 Jack Robinson (AUS) 12.93 x 11.10 Yago Dora (BRA)
3 Barron Mamiya (HAV) 11.43 x 2.50 Mihimana Braye (TAI)
4 Gabriel Medina (BRA) 16.10 x 10.10 John John Florence (HAV)
Final Feminina
Caroline Marks (EUA) 9.23 x 3.94 Caitlin Simmers (EUA)
Semifinais
1 Caroline Marks (EUA) 11.66 x 9.80 Tyler Wright (AUS)
2 Caitlin Simmers (EUA) 15.73 x 12.34 Vahine Fierro (FRA)
Quartas de final
1 Tyler Wright (AUS) 12.50 x 12.26 Tatiana Weston-Webb (BRA)
2 Caroline Marks (EUA) 8.50 x 2.93 Stephanie Gilmore (AUS)
3 Vahine Fierro (FRA) 8.83 x 8.00 Carissa Moore (HAV)
4 Caitlin Simmers (EUA) 6.60 x 6.53 Molly Picklum (AUS)
Ranking masculino do CT 2023 após o Tahiti Pro
1 Filipe Toledo (BRA) 58.300 pontos
2 Griffin Colapinto (EUA) 50.860
3 Ethan Ewing (AUS) 18.080
4 João Chianca (BRA) 44.290
5 Jack Robinson (AUS) 43.950
6 Gabriel Medina (BRA) 43.240
7 Yago Dora (BRA) 41.610
8 John John Florence (HAV) 39.035
9 Leonardo Fioravanti (ITA) 37.985
10 Ryan Callinan (AUS) 33.145
11 Connor O’Leary (AUS) 31.035
12 Barron Mamiya (HAV) 30.950
13 Italo Ferreira (BRA) 28.750
14 Kanoa Igarashi (JAP) 28.100
14 Ian Gentil (HAV) 28.100
16 Jordy Smith (AFR) 27.325
17 Liam O’Brien (AUS) 26.110
18 Caio Ibelli (BRA) 24.120
19 Matthew McGillivray (AFR) 22.780
20 Callum Robson (AUS) 22.695
21 Rio Waida (IDN) 22.280
22 Seth Moniz (HAV) 20.855
23 Kelly Slater (EUA) 16.875
Ranking feminino do CT 2023 após o Tahiti Pro
1 Carissa Moore (HAV) 62.490
2 Tyler Wright (AUS) 62.065
3 Caroline Marks (EUA) 59.870
4 Molly Picklum (AUS) 54.070
5 Caitlin Simmers (EUA) 49.070
6 Stephanie Gilmore (AUS) 41.115
7 Lakey Peterson (EUA) 40.760
8 Tatiana Weston-Webb (BRA) 38.980
9 Gabriela Bryan (HAV) 35.505
10 Bettylou Sakura Johnson (HAV) 31.805
11 Johanne Defay (FRA) 20.930