Além da visão

Figue Diel busca o mundial

Catarinense Figue Diel representa o Brasil no Mundial de Para-surf em Pismo Beach, Califórnia (EUA).

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Figue Diel vai para seu quinto mundial de Para-surf.

O surfista Figue Diel, da Praia Brava, em Itajaí (SC), é um dos atletas convocados para o Campeonato Mundial de Para-surf. A competição, realizada pela Associação Internacional de Surf (ISA) e organizada pela AmpSurf, reúne atletas do surfe adaptado do mundo todo. Neste ano, o evento acontece entre os dias 6 e 11 de dezembro, em Pismo Beach, na Califórnia (EUA).

A convocação foi divulgada pela Confederação Brasileira de Surf (CBS) nesta semana. Será o quinto mundial de Para-surf de Figue, que ficou em segundo lugar em 2020 e agora treina para subir em primeiro lugar no pódio. O surfista vai representar o Brasil na categoria Para Surf VI 1 – Masculino.

“É com muita alegria que recebo o convite da CBS para novamente integrar a equipe brasileira no mundial. O surfe é um esporte olímpico e o campeonato é uma oportunidade para reforçar a importância da modalidade para todos os públicos”, comenta.

No ano passado, mais de 20 países participaram da competição, edição que registrou público recorde de participação. O Campeonato Mundial de Para-surf funciona no esquema de equipes: os surfistas competem em categorias individuais e somam pontos para o país representante. A federação com maior total de pontos de cada atleta conquista a primeira colocação na competição.

Os surfistas são reunidos em categorias esportivas de acordo com as deficiências semelhantes. O júri avalia tanto as manobras como a força, a flexibilidade, o equilíbrio e a coordenação dos atletas. Figue representa o Brasil na categoria dos surfistas com deficiência visual total.

As baterias são transmitidas ao vivo pela ISA, no site oficial da associação.

Atleta busca levar Brasil ao topo da modalidade.

Treinos diários

O treinamento para fortalecimento e melhor rendimento no esporte envolve práticas de yoga, sessões de escalada, aulas de pilates, acompanhamento fisioterapêutico, alimentação saudável, entre outras práticas para um estilo de vida equilibrado.

O surfe e o yoga compõem o estilo de vida do atleta. “Cumpro as minhas disciplinas com gosto e com esforço. É uma honra representar o Brasil em um campeonato mundial, mas mantenho a alma do surfista, que é se divertir independentemente do resultado”.

Somado ao esforço individual e ao compromisso com o esporte, Figue tem patrocínio de grandes marcas da região que apoiam o desenvolvimento do surfe paralímpico, como Portonave, Santacosta, Lora Surfboards, Chiclete Trunk e Ashvatta Yoga.

Inspiração dentro e fora da água

Figue perdeu a visão aos 16 anos após um acidente de carro. As lesões nos olhos, causadas pelos fragmentos do vidro do para-brisa, levaram à cegueira total. O jovem gaúcho que surfava em Torres (RS) desde moleque sofreu ao deixar de ver as ondas.

Procurou nos esportes uma maneira de seguir acreditando que a vida é o nosso maior presente. Figue é faixa preta em jiu-jitsu e escalador de rochas, considerado como o primeiro deficiente visual a escalar no Yosemite National Park, na Califórnia.

Figue Diel pratica yoga para preparação física.

Descobriu a yoga em 1998, quando começou a praticar Hatha Yoga. Hoje é professor e ministrante de palestras sobre a importância da prática na busca do equilíbrio pessoal. “A felicidade pode ser vivida e experimentada por cada um de nós, agora. Porque é exatamente o que todos nós somos: felicidade”.

Junto ao pai, João Nirto Diel, reativou a escola de cães guia Helen Keller, em Balneário Camboriú (SC), na intenção de proporcionar a outros cegos a oportunidade de ter um cão guia.

A maturidade e o autoconhecimento físico, mental e intelectual proporcionaram algo que antes parecia impossível: voltou a surfar sem a visão, a sentir a onda. Reencontrou no surfe a fonte da juventude e de inspiração para continuar com o sorriso no rosto. Viajou para o Chile, Peru, Califórnia, El Salvador, Costa Rica, Cabo Verde e Indonésia em busca das ondas perfeitas.

Participou em 2016, 2017, 2018 e 2020 do Mundial ISA de Surf Adaptado conquistando três vezes o vice-campeonato. Atualmente é considerado o terceiro melhor surfista do mundo na sua categoria.