Gabriel Medina segue vivo em busca da medalha de ouro no surfe masculino das Olimpíadas de Paris. Nesta quinta-feira (1º), em um mar desafiador, o brasileiro eliminou o compatriota João Chianca, o Chumbinho, para carimbar sua vaga na semifinal da competição disputada em Teahupoo, Taiti.
Na semifinal, o atleta paulista encara o australiano Jack Robinson, atual número três do Circuito Mundial. A bateria será disputada neste sábado (3).
“O mar estava difícil. Entrou um vento estranho, e o João é muito perigoso nesse mar. Ele era um dos meus favoritos antes de começar o campeonato, mas infelizmente nos encontramos agora. Já competi várias vezes quando o mar estava aqui assim, os outros anos que passei por aqui me ajudaram muito hoje. São 14 anos competindo aqui”, disse Medina à CazéTV.
“Sabíamos do favoritismo em cima de mim e do Gabriel, especialmente depois do dia que tivemos, de ondas clássicas. A competição individual é uma coisa cruel, eu deixei tudo que tinha dentro do mar, em condições muito desafiadoras”, analisou Chumbinho também à CazéTV.
Em um mar longe das condições clássicas dos dias anteriores, Medina começou de maneira característica, ativo, pegando uma onda logo de cara para encontrar um tubo e somar 6,67 pontos.
Na sequência, Chumbinho arriscou, mas pecou na finalização, caindo no último movimento – e não se pode errar contra um tricampeão mundial. Medina deu o troco em seguida, pegando um tubo profundo e difícil, arrancando 8,10 dos juízes.
Pressionado pelo somatório alto de Medina, Chumbinho precisou se arriscar sem a prioridade. Ele até encontrou algumas ondas com bom potencial, mas acabou cometendo erros e desperdiçando as oportunidades. João terminou com um somatório de 9,33 contra 14,77 de Medina.
“Infelizmente a gente se enfrentou, mas é outro cara que eu admiro muito. Tem cara de marrento, mas é um dos maiores corações que eu já conheci. Valeu pela parceria esses dias, bro. Parabéns pelo resultado. Deus abençoe a sua caminhada”, postou Medina no Instagram.
Medina mantém superioridade
Gabriel Medina e João Chianca se encontraram apenas duas vezes em baterias homem a homem no Circuito Mundial. E as duas terminaram com vitória de Medina. A primeira foi em uma semifinal em Margaret River (2023) e a última nas quartas de final da etapa deste ano em El Salvador.
Australiano na semifinal
Gabriel Medina agora encara um australiano na semifinal, Jack Robinson, atual número três do Circuito Mundial. Ele eliminou o compatriota Ethan Ewing por 15.33 a 13.00.
O brasileiro é apenas o oitavo no ranking, hoje fora da zona de classificação para o WSL Finals — somente os cinco primeiros avançam à grande decisão do Mundial.
Essa será a segunda vez que Medina e Robinson irão se enfrentar em Teahupoo. E o australiano venceu em 2023, na final da etapa do circuito mundial.
Feminino
O Brasil flertou com duas semifinalistas no surfe feminino nas Olimpíadas de Paris 2024, mas não deu. Tatiana Weston-Webb até venceu sua bateria, mas Luana Silva foi derrotada, nesta quinta-feira (1°), em Teahupoo, no Taiti.
Tati Weston-Webb venceu sua bateria contra a espanhola Nadia Erostarbe (ESP). A brasileira teve somatório de 8.10 (4.50 e 3.60), enquanto a adversária chegou apenas a 6.34 (3.57 e 2.77).
A costarriquenha Brisa Hennessy (CRC) venceu e eliminou Luana Silva. A costarriquenha fechou a bateria com 6.37 (3.20 e 3.17), e a brasileira teve 5.47 (2.90 e 2.57) no total.
As baterias foram de poucas ondas fortes. As atletas não conseguiram encontrar tubos e tiveram que apostar apenas nas manobras durante os 30 minutos das baterias.
O Brasil garantiria, no mínimo, a medalha de prata caso as duas brasileiras avançassem — elas se enfrentariam na semifinal. Com o resultado, Tati Weston-Webb vai encarar Brisa Hennessy.
A outra semifinal será disputada pela americana Caroline Marks e a francesa Johanne Defay. Elas eliminaram Tyler Wright (AUS) e Carissa Moore (EUA), respectivamente.
As semifinais serão disputadas a partir das 14h (de Brasília) do próximo sábado (3). A previsão é de que as finais e as disputas do bronze sejam realizadas no mesmo dia, tanto para o feminino, quanto para o masculino.
Como foi Tati Weston-Webb x Nadia Erostarbe
Tati Weston-Webb pegou a primeira onda da bateria após 7 minutos. A brasileira, no entanto, não conseguiu pegar o tubo e só tentou algumas manobras, conseguindo 3.33. Erostarbe tentou responder em seguida, mas caiu logo da prancha e recebeu 0.20.
A brasileira conseguiu sua segunda onda faltando 17 minutos. Assim como na primeira, o mar não ajudou muito, e Tati recebeu um 2.67 dos juízes. Novamente, Erostarbe tentou responder em seguida e, de novo, caiu rápido da prancha, ficando com 0.37.
Tati Weston-Webb aumentou a vantagem. A brasileira engatou uma onda que permitiu mais manobras e trocou o 2.67 por 3.03. Erostarbe, em compensação, trocou o 0.20 por 0.50.
Erostarbe conseguiu sua melhor onda faltando 7 minutos para acabar a bateria. Pela primeira vez, ela conseguiu encaixar uma sequência de manobras e conquistou um 2.77 dos juízes.
Tatiana Weston-Webb garantiu a vitória faltando 5 minutos. A gaúcha conquistou um 4.50 e um 3.60, abrindo boa vantagem e deixando a situação complicada para a espanhola, que até tentou responder — conseguiu um 3.57. Com a prioridade, a brasileira administrou os minutos restantes e assegurou a vaga.
Como foi Luana Silva x Brisa Hennessy
Brisa Hennessy pegou a primeira onda da bateria. Com menos de dois minutos, a costarriquenha não conseguiu pegar um tubo, então fez duas manobras e garantiu um 2.33. Luana Silva tentou logo em seguida, mas desistiu e anotou 0.30 apenas na pontuação. Da mesma maneira, a adversária da brasileira acrescentou 0.47 ao seu placar.
A costarriquenha ampliou a vantagem. Em uma onda mais longa, Brisa conseguiu desenvolver mais as manobras e trocou o 0.47 por 3.17. Pouco depois, Luana conseguiu sua onda mais forte na bateria. A brasileira encaixou duas manobras e somou 2.23 ao seu placar.
Brisa Hennessy melhorou sua nota. A costarriquenha chegou a um 3.20 em uma nova onda um pouco mais longa. Luana flertou com a virada — ela conseguiu uma boa manobra na onda seguinte, mas arriscou demais ao tentar atingir o topo e caiu, ficando com um 2.57. Em seguida, engatou outra sequência longa e até fez 2.90, mas nada suficiente para bater a rival.
O que Tati Weston-Webb disse?
À CazéTV, Tati Weston-Webb destacou a importância de ter vencido Caitlin Simmers, atual líder do ranking mundial, nas oitavas de final, para depois encarar Nadia Erostable na semi.
Bateria complicada sem ondas: “Foi muito difícil mesmo. Eu estava de olho nas condições e deu uma piorada legal. Eu falei: ‘nossa, essa bateria vai ser uma luta’. Agradeço ao Senhor, ele me deu umas ondas e consegui um 4 e um 3 pra passar. É um passo de cada vez, mas essa vitória pequena é muito grande.”
Derrotar a líder do ranking deu motivação? “Com certeza. Eu acho que enfrentar a número um do mundo nunca é uma coisa fácil e essa bateria me deu mais confiança nas minhas escolhas dentro da bateria seguinte. Às vezes, eu fico muito animada para surfar essa onda de Teahupoo, mas quando as condições estão ruins, eu fico mais no modo competitivo, que é melhor para mim, até porque tenho decisões mais corretas.
O que Luana Silva disse?
Ao sportv, a surfista brasileira lamentou a queda para Brisa Hennessy e chorou. Ela citou a queda ao tentar atingir o topo de sua última onda — caso não caísse, ela poderia aumentar sua nota e avançar.
Lamentação: “Infelizmente, eu não consegui mostrar muito o meu surfe, mas agradeço muito todo mundo pela torcida e eu queria continuar, mas…”
Manobra e agradecimentos: “Tinha que mostrar muito mais, eu acho que faltou eu completando aquela manobra na junção e essa era uma grande diferença que ia ser na bateria, mas Brisa fez a parte dela, ela é uma grande competidora e é a vida de competição, não é fácil, né? Mas queria agradecer todo mundo que torceu para mim, ganhei uma torcida enorme do Brasil e agradeço do fundo do meu coração para todo mundo que torceu para mim.”
Torcida por Tati Weston-Webb: “A gente ainda tem a Tati e também o Gabriel [Medina], então vamos torcer muito para a Tati, nossa guerreira, nossa capitã. Que ela consiga uma medalha, ela conhece muito essa onda e a gente vai torcer muito para a Tati e todo e todo mundo também.”
Terceira fase Feminino
1 Caroline Marks (EUA) 6.93 X 1.63 Siqi Yang (CHI)
2 Tyler Wright (AUS) 11.10 X 7.74 Anat Lelior (ISR)
3 Johanne Defay (FRA) 9.00 X 7.54 Vahine Fierro (FRA)
4 Carissa Moore (EUA) 8.16 X 3.87 Sarah Baum (AFR)
5 Nadia Erostarbe (ESP) 8.34 X 5.84 Shino Matsuda (JAP)
6 Tatiana Weston-Webb (BRA) 12.34 X 1.93 Caitlin Simmers (EUA)
7 Luana Silva (BRA) 6.77 X 5.93 Tainá Hinckel (BRA)
8 Brisa Hennessy (CRC) 12.34 X 9.90 Yolanda Hopkins (POR)
Quartas de final Feminino
1 Caroline Marks (EUA) 7.77 X 5.37 Tyler Wright (AUS)
2 Johanne Defay (FRA) 10.34 X 6.50 Carissa Moore (EUA)
3 Tatiana Weston-Webb 8.10 X 6.34 Nadia Erostarbe (ESP)
4 Brisa Hennessy (CRC) 6.37 X 5.47 Luana Silva (BRA)
Quartas de final Masculino
1 Alonso Correa (PER) 10.50 X 10.16 Reo Inaba (JAP)
2 Kauli Vaast (FRA) 15.33 X 12.33 Joan Duru (FRA)
3 Gabriel Medina (BRA) 14.77 X 9.33 João Chianca (BRA)
4 Jack Robinson (AUS) 15.33 X 13.00 Ethan Ewing (AUS)
Semfinal Masculino
1 Alonso Correa (PER) X Kauli Vaast (FRA)
2 Jack Robinson (AUS) X Gabriel Medina (BRA)