Reportagem do jornalista Roberto Salim, do portal UOL, ouviu José Cláudio Gadelha, que garante: Gabriel Medina venceu Kanoa Igarashi nas semifinais dos Jogos Olímpicos.
Um dos principais especialistas em julgamento no Brasil, ex-diretor técnico da Confederação Brasileira de Surf até o fim do ano passado, Gadelha porém contesta a hipótese de “roubo”.
“Não se pode colocar a questão neste patamar. Não se pode falar em roubo, porque todos os juízes que estão lá são supercapacitados. Eles têm o replay para julgar. Mas ficou sim uma dúvida: foi muito alta aquela nota que determinou a vitória de Igarashi”, explica.
Para Gadelha, o fato de que as manobras são julgadas subjetivamente torna a avaliação das ondas bastante interpretativa. “Nós temos um grupo de pessoas ligadas ao surfe e analisamos muito o que aconteceu no Japão e pelas imagens, que estudamos e foram até sobrepostas para comparações, aquela onda não era para ter uma nota tão alta. Eram imagens da mesma bateria e achamos que na comparação destas ondas, a nota não deveria ter uma diferença tão grande entre uma e outra onda”, prossegue.
“Pelas imagens que estudamos, a onda de 9,33 do Igarashi não era para ser tudo aquilo. E explico: os juízes usam sempre referências na disputa das baterias para atribuir a nota. E pela comparação com as ondas anteriores, não era para chegar nem à casa dos 9. Ela foi uma nota muito alta se compararmos às manobras aéreas anteriores do próprio Medina, que não recebeu nem um 8 alto”, analisa.
“Precisa ficar claro que muita gente vai dizer: ‘ah, são juízes brasileiros falando. Coisa de patriota, defendendo o Medina!’ Mas não é isso não. O que ocorreu não foi um fato corriqueiro. E quando há polêmica no surfe, quando há tanta discussão, tem sempre um fundo de razão”.
“Foi por isso que o pessoal do nosso grupo pegou a filmagem da prova e editou onda sobre onda para comparar as manobras. E a conclusão a que eu cheguei é que o Medina ganhou a bateria. Teve gente que achou que ele não ganhou”.
“Pela imagem se pode ver que as duas ondas foram bem parecidas. Então não era para ter muita diferença nas notas, não é? A gente não está lá no local para ver assim ‘in loco’, porque é fácil você estar em casa sentado, sem muita responsabilidade, sem aquela pressão de estar julgando um evento dessa grandiosidade. Mas, resumindo é isso, o julgamento é subjetivo. Se tivesse outro painel de juízes, vai saber se o resultado não seria o contrário. Mas concluindo, não dá para classificar: ah, isso foi roubado, e pronto! Isso não existe. São coisas que levam as pessoas a fugir para um lado que não é bom para o esporte. Mas fica esse registro. São opiniões diferentes, mas a gente respeita os juízes que estão trabalhando lá, até porque a gente tem uma amizade muito grande pelas pessoas e não gostaria de estar colocando num modo que fosse ruim para eles”, finaliza Gadelha.
As informações são do portal UOL.