A equipe brasileira que disputará os Jogos Pan-Americanos de Lima já está treinando em Punta Rocas, praia que receberá as disputas de surfe, longboard, SUP Race e SUP Wave.
A preparação acontece menos de um mês antes do início do evento para que os atletas vivenciem condições – tanto climáticas quanto de ondas – bem semelhantes às que enfrentarão durante as disputas, em busca das inéditas medalhas.
A competição está marcada para começar no dia 28 de julho (dois dias depois da abertura oficial em Lima) e vale como a primeira eliminatória para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020, na categoria surfe, ganhando ainda mais importância no cenário internacional. Dos oito representantes brasileiros escalados para o Pan, seis estão em Punta Rocas.
Karol Ribeiro, do surfe, Wenderson Biludo, do longboard, Nicole Pacelli e Luiz Diniz, do SUP Wave, e Lena Guimarães Ribeiro e Vinnicius Martins, do SUP Race, já estão reunidos e treinando num dos picos mais famosos da América do Sul, no Oceano Pacífico. Apenas Chloé Calmon e Robson Santos não participam da atividade, por já terem viagens internacionais assumidas anteriormente.
A competidora do longboard estava na Califórnia e seguiu para a Costa Rica, enquanto que o atleta do surfe já estava no México. Os atletas são unânimes no benefício da preparação na sede das disputas, há poucos dias do início do evento.
É o caso de Nicole, campeã mundial, tanto pela International Surfing Association (ISA) quanto pela APP World Tour, em 2013. “Essa viagem está sendo muito importante para o meu desempenho no Pan. Punta Rocas é uma onda bem difícil de ler e de se posicionar. E a melhor forma de entender é estar dentro d’água”, afirma a atleta paulista, bronze no PASA.
“Estamos conseguindo surfar tranquilos e sem crowd, o que será muito difícil perto do campeonato. Meu objetivo é conseguir uma medalha para o Brasil. Esse vai ser o maior evento da história do SUP até agora e fico honrada de poder representar nosso País. Fico feliz em fazer parte dessa história e de representar o Brasil em uma competição dessa importância”, diz.
Também duas vezes campeão mundial, ambas pela ISA, na Dinamarca e na China, Luiz Diniz é outro forte candidato ao ouro e também fala da satisfação de poder treinar na onda do Pan. “Estou vivendo um sonho em participar dos Jogos Pan-Americanos. Desde quando consegui a minha vaga, já comecei a me empenhar e treinar forte para fazer uma ótima campanha e, quando nos comunicaram sobre a viagem para o treinamento no pico da competição, fiquei super feliz, pois trabalhamos com o oceano e é algo super complexo e difícil de entender e posso me adaptar com as condições”, comenta Bolinha, como também é conhecido o atleta do litoral paulista.
Lena Ribeiro, que este ano garantiu dois ouros nos Jogos Sul-Americanos de Praia, na Argentina, resume bem a complexidade de competir em Punta Rocas na sua modalidade. “Já estive aqui dois anos competindo, mas ambas no verão, bem diferente, em temperatura, situações de ondas. Então acho muito válido a nossa vinda, com as condições bem mais parecidas que teremos no campeonato. Vamos nos ambientando com tudo, com o frio, as ondas”, garante.
“É importante em termos técnicos para aprimorar, tático, porque no race é preciso procurar a melhor linda, posicionamento, saber usar as ondas para te ajudar e não atrapalhar, e psicologicamente, para ir se acostumando com um ambiente que é diferente. Você fica mais tranquilo de já ter caído nesse mar de inverno. Com certeza vai ajudar bastante”, avalia a atleta do litoral fluminense.
Vinni, que vem de uma forte temporada na Europa e foi bronze no Mundial de longa distância na China pela ISA, também evidencia que as condições do mar e o clima estão bem diferentes de dezembro quando garantiu a prata no PASA, e a preparação no local da prova serve também para testar até mesmo as roupas que serão usadas. “Está sendo importante por ser um pico muito diferente dos quais estamos acostumados a competir no SUP Race. É muito legal ver o comprometimento da entidade com a performance dos atletas, oferecendo apoio para esta viagem”, elogia o atleta que também é do litoral do Rio de Janeiro.
Da mesma região do País, Karol Ribeiro segue o coro dos companheiros de seleção e também cita o fator psicológico. “Acho muito importante essa preparação, por ser uma onda super difícil, que não temos no Brasil. Já estamos aqui com gostinho de competição, ficamos mais confiantes e vai ser irado, um prazer representar o surfe brasileiro e feminino”, fala.
Biludo também enaltece a estrutura oferecida para uma possível medalha. “Sei que minha chance aumenta com esse treinamento, conhecendo melhor a onda, dando tempo de testar equipamentos que irão funcionar melhor aqui em Punta Rocas e isso, com certeza, ajudará a equipe a trazer mais medalhas. Toda essa experiência está sendo incrível”, completa o atleta paulista.
ISA no Japão Em setembro, no Japão, o Brasil marca presença no ISA World Championship Games, no mesmo palco que serão realizadas as disputas de surfe nos Jogos de Tóquio 2020. Italo Ferreira, Filipe Toledo, Gabriel Medina, Tatiana Weston-Webb e Silvana Lima já estão escalados para o evento que é um dos requisitos para a elegibilidade dos atletas para a participação na Olimpíada.