Olimpíadas

Disputa por poder no surfe gringo

Ex-CEO da WSL Sophie Goldschmidt quer tomar controle do surfe olímpico nos EUA e sofre forte oposição da comunidade liderada por fundador da ASP Ian Cairns.

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Norte-americana Caroline Marks conquistou a medalha de ouro nas Olimpíadas de Paris 2024.

Nomes importantes da comunidade do surfe norte-americano lançaram uma campanha para impedir que a U.S. Ski and Snowboard (Federação de Esqui e Snowboard dos EUA) assuma o controle da equipe olímpica de surfe dos Estados Unidos. Os surfistas acusam a federação de esqui, liderada pela ex-CEO da WSL, Sophie Goldschmidt, de negociar acordos de financiamento com o Comitê Olímpico e Paralímpico dos EUA (USOPC) e de violar a Lei Ted Stevens, que proíbe um órgão do governo de representar mais de uma federação.

Surfistas lendários, como Ian Cairns, Shaun Tomson e Peter Townend, estão à frente da manifestação Stop the Skijack, que clama por apoio público por meio de uma petição para garantir que o surfe olímpico permaneça sob a gestão da USA Surfing. Ian Cairns, australiano que foi um dos fundadores da ASP (Association of Surfing Professionals) – que deu origem à WSL (World Surf League) – e vive na Califórnia desde os anos 70, é o principal porta-voz do movimento. “Precisamos ajudar a desvendar o mistério e expor que o USOPC está negociando incorretamente com a U.S. Ski and Snowboard para tirar os direitos do surfe. Estamos tentando fazer o máximo de barulho possível e mobilizar o máximo de pessoas”, diz.

O esforço ganhou o respaldo de nomes importantes como o presidente da International Surfing Association (ISA), Fernando Aguerre; o diretor executivo da Surf Industry Members Association (SIMA), Vipe Desai; o atual CEO da WSL, Ryan Crosby, e membros da própria equipe olímpica de surfe dos EUA.

Origem do conflito

A disputa pelo poder começou em 2021, quando a USA Surfing perdeu sua certificação olímpica junto ao USOPC, após auditorias apontarem problemas de governança e financeiros. Para evitar longas batalhas legais às vésperas da segunda participação do surfe nos Jogos de Paris 2024, a diretoria da USA Surfing abriu mão voluntariamente da certificação.

O USOPC assumiu a gestão interinamente, com o entendimento de que a USA Surfing poderia ser reconsiderada após resolver as pendências. No entanto, com a reabertura do processo de certificação pelo USOPC, a Federação de esqui entrou na disputa, argumentando que poderia elevar o nível do surfe com seus recursos e experiência em alto desempenho.

Surfistas querem autonomia

Cairns insiste que a USA Surfing possui tudo o que é necessário para ter sucesso. “Já temos surfistas extraordinários, homens e mulheres número dois do mundo este ano. Não há valor que (a U.S. Ski and Snowboard) nos traga”, diz. O movimento, que opera sem financiamento (o site é feito por voluntários), ganhou impulso político. Cairns revelou que líderes municipais de San Clemente, Oceanside e Huntington Beach apoiaram a causa.

Ele também está em negociações com os políticos californianos Ted Lieu e Darrell Issa para aumentar a pressão. Na última quarta-feira (1), a deputada estadual Laurie Davies reuniu mais de 20 pessoas para assinarem uma carta ao USOPC, manifestando objeção à aquisição. Para Cairns, o foco da comunidade do surfe é claro. “Nós simplesmente estamos dizendo: ‘Afastem-se, façam a coisa certa, recertifiquem a USA Surfing, e vamos colocar nossa energia e foco em ganhar medalhas de ouro para os EUA’.”

Ele também deixou uma mensagem direta para a líder da federação de esqui. “Desejamos a (Goldschmidt) tudo de bom e todo o sucesso. Concentre-se em fazer o melhor que puder com o esqui e o snowboard e nos deixe em paz.”

Fonte The Inertia