Pela segunda vez o surfe estará nos Jogos Olímpicos e na edição de 2024, em Paris, França, a prancha azul de Gabriel Medina chamará a atenção dos torcedores brasileiros, que depositam esperança do bicampeonato olímpico para o país. Se Italo Ferreira foi medalha de ouro em Tóquio, agora é o atleta de Maresias que pinta como um dos favoritos.
O portal de notícias UOL, publicou na última quinta-feira (5), uma reportagem onde motra os segredos das pranchas do Medina. Os equipamentos são assinados por Johnny Cabianca, o shaper que desenha os foguetes que Medina usa desde 2009. Cada peça leva entre 4 a 6 dias para ficar pronta, contando todo o processo de produção.
“Shapear é modelar. Então, a gente pega um bloco de poliuretano feito para a prancha de surfe e vai modelando com ferramentas que hoje em dia estão na fase de computador, tentando chegar mais próximo do que funciona para aquele atleta”, diz Jhonny ao UOL.
Cabianca conversou com o UOL e contou como é a parceria com o atleta, que levará 14 modelos diferentes para o Taiti. Resumindo, ele vai gastar essa peça até chegar na concepção final. A parte é feita por máquinas, mas o ajuste fino é totalmente artesanal. Por isso que um bom shaper ganha jogo, ou melhor, ajuda a vencer baterias.
“A gente trabalha em salas de luz, com luzes laterais que mostram os contrastes para ver o desenho da prancha. Tem a fase de acabamento manual dentro da sala de shape. A gente tem uma máquina computadorizada que ajuda bastante, mas o processo ainda é 70% artesanal”, conta.
De acordo com o UOL, ele tem a própria fábrica de pranchas e faz questão de participar de todas as etapas do processo, desde a concepção, a criação do desenho, a laminação até o último acabamento. A máquina de controle numérico usada é simples, com três eixos de corte (X, Y e Z). Na fabricação poderia até ser usados braços de robô, mas eles são muito caros para a indústria das pranchas e não compensaria o investimento.
“A prancha sai daqui de dentro, desde a criação do conceito do shape até o último acabamento, para a mão do atleta. Eu falo assim porque alguns shapers não têm essa proximidade com a fábrica de laminação. Eu aqui tenho o meu sistema completo”, conta Cabianca.
Pranchas azuis – Ainda segundo o UOL, o brasileiro usará prancha azul, cor que já foi utilizada durante a etapa da WSL nas ondas de Teahupoo neste ano. “Cerca de três anos atrás ele fez uma propaganda de perfume e eu fiz umas pranchas azuis. Ele acabou gostando e eu falei que essa cor se encaixava no contexto da onda lá do Taiti. Ela fica bonita dentro do tubo, que tem um brilho diferente e tal”, afirma Cabianca ao portal.
“E esse azul é uma tinta acrílica que tem na França, à base d’água. Ela é diferente e fica muito bonita na prancha. Então, casou bem. Sei que a pintura não faz o atleta surfar mais ou menos, mas é o diferencial na foto”, continua.
Assim como técnico, fisioterapeuta ou preparador físico, o shaper tem uma grande centralidade no surfe. Cabianca usa o exemplo do golfe, no qual o competidor leva até 14 tacos diferentes..
“Este é um ano que ele está impressionante fisicamente e com a cabeça muito boa. As Olimpíadas terão um período de uma semana de espera de onda, e pode ter de tudo. Então já está definido o que vai ser usado. Não pode ter nenhum patrocínio, só o meu logotipo, e vai levar a bandeira do Brasil. E vão ser azuis. Vai ficar bonito”, conclui.
Fonte UOL