Após anos dominada por americanos e australianos, a elite do surfe mundial masculino acompanha, nos últimos anos, a consagração de uma geração bastante talentosa e vitoriosa vinda do Brasil, a tempestade brasileira.
Referência da modalidade no Espírito Santo e um dos nomes mais comentados da nova geração do esporte no Brasil, o capixaba Krystian Kymerson quer fazer bonito durante as competições em 2022, para alcançar o grande sonho de se juntar aos maiores da modalidade.
Para tanto, o surfista precisa se destacar na disputa de duas competições. A primeira delas é o Qualifying Series (QS) no Brasil, que acontece em março.
Caso consiga terminar o torneio entre os dez melhores, Kymerson avança para a disputa do Challenger Series (CS), a porta de entrada do World Surf League (WSL), o campeonato mundial.
“Sempre digo que o surfe brasileiro está em alta e o objetivo para 2022 é me classificar para a elite do surfe mundial. Este é um processo que requer foco, concentração e muito trabalho, mas acredito que, passo a passo, conseguirei. Em março, começo a competir com esse foco”, disse o surfista.
Dono de dois títulos nacionais, Kymerson começou a surfar aos 3 anos de idade, na Barra do Jucu, em Vila Velha, incentivado pelo pai, o surfista capixaba Nenzinho. Aos 6 anos, o atleta já participava de competições.
Além do pai, o atleta tem como inspiração Italo Ferreira, campeão olímpico na modalidade nos Jogos de Tóquio 2021, ano em que o surfe foi integrado ao rol de esportes olímpicos.
“Uma das minhas referências é o Italo Ferreira. Ele é um cara determinado, gosto muito. Também temos um surfe parecido, além de ser um cara brilhante nas ondas e fora delas. Outro surfista que me inspiro é o Gabriel Medina. São nomes brasileiros que mostram a evolução do esporte”, acrescentou Krystian Kymerson.
Nos últimos anos, o Brasil se mostrou um celeiro fértil de surfistas, como Filipe Toledo, vice-campeão mundial em 2021, e Tatiana Weston-Webb, vice-campeã feminina mundial também em 2021.
Em 2018, Krystian Kymerson conquistou o primeiro título brasileiro. No final do ano passado, o capixaba faturou o bicampeonato de surf profissional da Associação Brasileira de Surf Profissional (ABRASP), em Torres, no Rio Grande do Sul, um feito inédito para o Espírito Santo.
“Eu falo que foi muito louco, pelo momento que estávamos passando. Um ano que era incerto para o campeonato, por conta da pandemia no novo Coronavírus (Covid-19). Ser bicampeão brasileiro e poder estar fazendo história é muito gratificante. Faço parte dos poucos que conquistaram dois brasileiros e o único capixaba”, destacou Krystian Kymerson.
Apesar de anos disputando e acumulando premiações, como o Brasileiro Pro Júnior 2011 e Brasileiro Amador 2009, além dos títulos profissionais, o surfista contou ter vivido dificuldade financeira.
Representando o Espírito Santo, o surfista é beneficiado com o Bolsa Atleta, na categoria internacional.
“Não é fácil ser campeão. Temos vários atletas de qualidade no Brasil. Ser bi é um título incrível. E o Bolsa é muito importante para o processo, pois o surfe é um esporte que requer equipamentos de qualidade. Então, é graças ao benefício que consigo me manter focado e treinando. Sem ele, não estaria competindo e não teria conquistado o bicampeonato”, complementou o surfista.
O edital atual do programa Bolsa Atleta está beneficiando 151 atletas e paratletas de alto rendimento, alcançando um recorde no número de bolsas concedidas.
O auxílio financeiro mensal varia conforme a categoria do atleta no edital, sendo R$ 500 (estudantil), R$ 1.5 mil (nacional), R$ 2 mil (internacional) e R$ 4 mil (olímpico). O investimento total da Sesport no programa é de R$ 2,3 milhões.
O valor recebido pelo atleta pode ser utilizado para cobrir gastos com alimentação, assistência médica, odontológica, psicológica, nutricional e fisioterápica, medicamentos, suplementos alimentares, transporte urbano ou para participar de treinamentos e competições, além da aquisição de material esportivo.
Folha Folha Vitória