Há quem acredite que é sobrenome, mas Calado é o apelido de Pedro Pinto, que diz muito sobre sua personalidade. De poucas palavras, mas muita atitude, Pedro Calado coloca para baixo nas ondas mais pesadas do Brasil e, assim, vêm faturando muitos prêmios nacionais nos últimos anos. O famoso come quieto.
Sem precisar falar, o surfe faz barulho por si só. Assim, Pedro Calado foi campeão do Prêmio Onda do Ano 51 Ice 2021. Com uma onda perfeita surfada em Itacoatiara, um dos quintais de Pedro atualmente. “Eu tinha uns 14 anos quando corri um campeonato lá. Já vi que a onda era bem diferente do Recreio, onde costumava surfar”, conta Calado sobre suas primeiras experiências em Itacoatiara. “Aí, na segunda vez, fui de ônibus pra lá sozinho com um camarada, aos 15 anos. O mar estava animal, com altos tubos. Surfamos o dia todo. Nunca esqueci”.
De lá pra cá, Calado virou assíduo do pico. Nos últimos dois anos, quase nunca perdeu uma boa ondulação por lá. “Em Itacoatiara já consegui pegar um tubo de 10 pés (aproximadamente 3 metros). Então, pra pegar tubos maiores tem que estar nesses lugares”, explica.
Foi investindo assim em Itacoá, que Calado surfou em Maio de 2021 a onda que valeria o Prêmio Onda do Ano 51 Ice. “O tubo é a manobra mais especial do surfe. Você está ali envolvido por água, é muito surreal. Sair no spray depois de pegar um tubo, é como um banho de cachoeira. É lavar a alma”, diz.
Quem filmou a Onda do Ano 51 Ice de Pedro Calado, foi o videomaker Matheus Couto. “Tinha várias ondas muito boas concorrendo ao Prêmio. Pra mim, foi uma grande surpresa ganhar, fiquei amarradão”, fala Pedro.
Mais feliz ainda, Calado ficou ao embolsar os R$ 65 mil oferecidos pela 51 Ice. “Um Prêmio desses incentiva muito o esporte. A premiação é muito boa e dá pra fazer algumas coisas. Isso mostra que o Brasil está crescendo no surfe e fico muito feliz”, vibra. O videomaker também levou R$15 mil pelo registro.
“Acho irado esse formato de campeonatos digitais. Pois você foca em um swell e vai em busca da onda da vida”, diz. Para isso, Pedro vai investir a grana para melhorar ainda mais sua performance. “Vou investir uma parte em um jet ski. Preciso treinar a pilotagem para começar a pegar mais tubos de tow-in”, conta.
“Meu objetivo é acertar boas ondulações. No México, em Fiji, Teahupoo. Mas a viagem mais certa que estou planejando para este ano é a Indonésia. Nunca fui pra lá e quero ir agora”, finaliza Calado.
Feminino
Entre as meninas, foi também um tubaço, só que para a direita, que fez Laura Raupp sair com com R$ 65 mil no bolso, ao ser campeã do Prêmio Onda do Ano 51 Ice 2021. “Peguei esse tubo muito irado no Riozinho, ali em casa. A galera toda vibrou”, conta Laura sobre o dia dessa sessão. “Eu não tinha ideia que iria ganhar o Prêmio, mas essa onda era uma das minhas maiores apostas”.
A onda foi registrada por seu pai, o também surfista Gustavo Raupp, quem ficou com os outros R$ 15 mil oferecidos ao cinegrafista. “Foi demais meu pai ter filmado essa onda. O Prêmio foi todo lá para casa e mostra que o esforço que a gente faz está valendo a pena”, explica Laura.
A surfista de apenas 15 anos valoriza muito a presença do pai em sua carreira. “Meu pai é a minha carreira, sem ele eu nunca teria começado a surfar e muito menos me tornado a surfista que me tornei hoje”.
Foi dele que Laura puxou o gosto pelos tubos, já que Gustavo é um excelente tube rider. “Ele me ensinou tudo que sei. E o tubo de frontside é a minha manobra favorita. Não tem nada melhor do que sair de um tubaço de frontside”, conta a jovem surfista.
Das 521 ondas inscritas, a de Laura foi escolhida a melhor entre na categoria feminina. “Ver todas as ondas da galera foi incrível. Deve ter sido muito difícil ter escolhido a onda vencedora”, fala.
O ano de 2021 foi de muitas glórias para a surfista catarinense. Ela venceu sua primeira competição no QS na Praia Mole, Florianópolis. E agora, acabou de voltar de uma temporada de treinos no Havaí. Mas ela quer muito mais.
“Vou investir todo o valor do Prêmio em viagens e campeonatos, porque meu sonho é chegar ao Circuito Mundial. E pra isso tenho que correr muitas etapas. Se me classificar para o Challenger, que já é um passo a frente, terei que viajar o mundo inteiro. Então esse Prêmio veio em um momento bem importante”, comemora.
Sobre o Prêmio
No total, 521 ondas de todos os lugares do País foram inscritas para disputar o prêmio de R$ 65 mil oferecido aos surfistas vencedores, além de R$ 15 mil ao videomaker de cada uma das ondas.
Esta é a maior premiação individual de um prêmio na história do surfe brasileiro.
A premiação foi aberta para surfistas de todas idades, de qualquer lugar do Brasil. As ondas deveriam ter sido surfadas, obrigatoriamente, no ano de 2021, com exigência de comprovação.
Um painel de juízes especializados avaliou cada uma das ondas inscritas, chegando aos campeões Pedro Calado e Laura Raupp.