Iquique Pro

Brazucas passam por dentro

Wesley Leite, Yuri Gonçalves e João Chianca comandam o show brasileiro no terceiro dia do QS 3.000 no Chile.

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Wesley Leite acha o caminho dos tubos em La Punta.

O mar baixou um pouco na última quarta-feira (23), mas o show de tubos em La Punta continuou na rodada de estreia dos cabeças de chave do Héroes de Mayo Iquique Pro no Chile.

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Apesar de ser um point break de direitas, foi nas esquerdas que os brasileiros Yuri Gonçalves e Wesley Leite surfaram dois tubaços que valeram notas 9.10 e 9.00. Mas, as direitas também funcionaram para outro brasileiro, João Chianca, aumentar o maior placar do QS 3.000 de Iquique para 14.16, com a nota 8.33 numa onda destruída por uma série de grandes manobras. Depois de três dias de competições masculinas, a quinta-feira será somente para as meninas estrearem nas etapas do QS 1.500 e do Pro Junior, a partir das 8 horas no Chile.

Os recordes do dia foram conseguidos na melhor hora do mar na quarta-feira em La Punta. O terceiro dia do Héroes de Mayo Iquique Pro começou pela segunda fase do Pro Junior, mas foi na quarta rodada do QS 3.000 que aconteceu o show de tubos em La Punta. Na terceira bateria, o catarinense Yuri Gonçalves estava precisando de uma boa onda para se classificar e achou um tubaço nas esquerdas para vencer com nota 9.10, a maior do campeonato. O neozelandês Billy Stairmand acabou caindo para o segundo lugar e o francês Mihimana Braye foi eliminado junto com o havaiano Koa Smith.

“Eu estava sem a prioridade (de escolha da onda), aí o Mihimana (Braye) foi pra direita e sobrou um slab pra esquerda incrível. Eu dropei meio despencando, coloquei pra dentro, ela respirou meio que me segurando e me empurrou pra fora. Foi incrível, fiquei em êxtase, foi muito bom”, disse Yuri Gonçalves.

“É a primeira vez que eu venho pra cá e estava bem ansioso, porque a direita é muito parecida com a minha casa, a Praia do Silveira (em Garopaba-SC), que é um point break de direitas também como aqui. Eu estava bem treinado nas direitas, mas cheguei aqui e vi vários tubos nas esquerdas. Eu tinha que passar essa bateria de qualquer jeito e espero que tenham mais tubos nas próximas, porque quero pegar mais”.

João Chianca crava o maior somatório do evento.

A bateria seguinte foi o primeiro dos confrontos diretos entre Brasil e Peru que aconteceram na quarta-feira do QS 3.000 de Iquique. Este acabou empatado em 2 a 2, com o saquaremense João Chianca brilhando numa direita perfeita. Ele acertou uma série de manobras muito fortes com uma velocidade incrível para ganhar nota 8,33 e registrar um novo recorde de 14,16 pontos no Héroes de Mayo Iquique Pro. A briga pela segunda vaga para a fase dos 32 melhores, foi entre os dois peruanos e o big-rider Alvaro Malpartida levou a melhor sobre Alonso Correa, eliminado junto com o baiano Franklin Serpa.

“Estou feliz por ter surfado bem a bateria. Às vezes a gente passa sem fazer high-scores (notas altas), mas nessa eu consegui”, disse João Chianca, que já tinha passado sua bateria do Pro Junior pela manhã. “Eu me concentrei bem. Dei uma meditada ali na areia que quase dormi, então entrei bem calmo na bateria. Comecei até um pouco lento, mas depois consegui pegar duas ondas pra passar em primeiro e uma foi muito boa, abriu toda pra fazer as manobras. As ondas aqui são muito boas, um pointbreak e não tem o que reclamar. São muito melhores do que a maioria das etapas do QS e continuo achando as condições ótimas para competir”.

As ondas continuaram bombando e na bateria seguinte o paulista Wesley Leite também surfou um tubaço incrível nas esquerdas, saindo com os braços pra cima para ganhar nota 9.00, igualando o recorde da terça-feira do argentino Facundo Arreyes num tubo nas direitas. Nessa bateria vencida por Wesley Leite, um dos destaques do evento foi barrado por Robson Santos, Ian Gouveia, filho de Fábio Gouveia, terceiro colocado na final da primeira etapa na América do Sul fora do Brasil, na mesma cidade de Iquique em 1993, vencida por Tadeu Pereira.

Defensor do título Mas, todas as atenções estavam voltadas para a estreia da sensação australiana, Jack Robinson, campeão do Héroes de Mayo Iquique Pro no ano passado. Ele entrou na oitava bateria, quando o mar já havia mudado e as condições ficado mais difíceis de achar boas ondas. O peruano Joaquin del Castillo derrotou o australiano, mas o defensor do título avançou em segundo, superando o chileno Nicolas Contreras e o brasileiro Vitor Ferreira.

“Foi uma bateria difícil porque eu não estava conseguindo achar as ondas boas”, disse Jack Robinson. “Não é sempre que vai ter altas ondas na sua bateria e essa foi bem complicada. Não tinha muitas oportunidades e tive que remar numas menores, mas eu adoro esse lugar. Fiz questão de voltar para defender o meu título e estou amarradão por estar aqui novamente para competir, porque as ondas são muito boas e eu amo essa cidade e esse país”.

Atual campeão do evento, Jack Robinson passa sufoco, mas avança no Chile.

Vitória chilena Nicolas Contreras foi o segundo chileno a ser eliminado na quarta-feira. Andro Goravica tinha acabado de perder na bateria anterior, mas o local de Iquique, Camilo Hernández, conquistou a primeira vitória dos donos da casa na nona bateria e na décima, Manuel Selman passou em segundo lugar na vitória do norte-americano Nolan Rapoza.

Camilo derrotou um dos tops do ranking do WSL Qualifying Series, Carlos Muñoz, da Costa Rica, além do australiano Samson Coulter e do havaiano Imaikalani Devault, que avançou em segundo. No fim do dia, Guillermo Satt e Danilo Cerda também venceram as baterias que fecharam a quarta fase do QS 3000 do Héroes de Mayo Iquique Pro.

“Eu estava um pouco nervoso, mas superei isso porque estou na onda que eu surfo todos os dias, então estou feliz por ter ganhado a bateria”, disse Camilo Hernández. “As ondas estão difíceis, o mar um pouco balançado, mas eu sabia que poderia levar uma certa vantagem por ser local e conhecer mais onde entram as melhores ondas. Estou feliz por avançar e espero que o mar acerte nos próximos dias. No ano passado, fiquei em nono lugar aqui e pretendo melhorar essa posição. Este é o meu objetivo”.

Inka Team Outro destaque na quarta-feira foi a boa participação do Inka Team nas ondas de La Punta. Dos dez peruanos que disputaram a quarta fase, sete se classificaram com quatro vitórias, de Miguel Tudela, Sebastian Correa, Joaquin del Castillo e Cristobal de Col. Somente os brasileiros venceram mais, seis, porém estavam em maior número, dezenove no total com três avançando em segundo lugar. Além dos brasileiros e peruanos, os chilenos saíram do mar em primeiro lugar em três baterias e as outras foram vencidas pelo australiano Dean Bowen, o norte-americano Nolan Rapoza e o argentino José Gundesen.

Pro Junior Na quarta-feira, o dia começou com os cabeças de chave da categoria para surfistas de até 18 anos de idade estreando nas ondas de La Punta. A maioria das baterias da segunda fase do Héroes de Mayo Iquique Pro foi quase um confronto direto entre Brasil e Chile. Na primeira, os brasileiros Eduardo Motta e Pedro Bianchini derrotaram os chilenos Joaquin Rodriguez e Victor Cortes. Mas, a segunda foi vencida pelo surfista de Iquique, Vicente Diaz Barriga, com o potiguar passando em segundo lugar, ambos eliminando o catarinense Uriel Sposaro e o chileno Matias Veloz Rojas.

Miguel Tudela comanda o ataque peruano.

“As ondas estavam muito boas, mesmo que um pouco menores do que nos outros dias”, disse Vicente Diaz Barriga. “Estou feliz por ter passado em primeiro lugar na bateria. Eu conheço bem as ondas aqui e isso pode fazer diferença, porque o nível está muito alto, com muitos surfistas bons. Estou contente por ter um evento da minha categoria aqui na minha cidade, que pode me ajudar a conseguir meu objetivo esse ano, que é terminar entre os quatro primeiros do ranking para disputar o Mundial Pro Junior da WSL”.

Novo líder No confronto seguinte, Daniel Adisaka completou uma dobradinha brasileira vencida por Leo Casal. Com a classificação, Daniel já assumiu a liderança no ranking sul-americano da WSL South America. Ele foi vice-campeão na primeira etapa do Oi Pro Junior Series no Rio de Janeiro e o vencedor, Mateus Herdy, não veio para o Chile. A briga pela ponta será intensa em Iquique e o atual líder do principal ranking da WSL South America, da categoria profissional, Lucas Vicente, venceu a última bateria para entrar nessa disputa.

“No Rio (de Janeiro) eu acabei indo um pouco mal e estou querendo recuperar aqui”, disse Lucas Vicente, que na terça-feira estreou com vitória no QS 3.000 do Héroes de Mayo Iquique Pro. “O mar tem altas ondas e se me botarem pra fazer dez baterias num dia eu vou correr amarradão, porque estou me sentindo bem e a prancha está boa. O mar baixou um pouco hoje (quarta-feira), mas, mesmo assim, tem altas ondas. Agora vai começar a dar uns tubos com a maré secando, então não vejo a hora de competir de novo no QS ainda hoje aqui”.

Lucas Vicente depois voltou ao mar para defender a liderança do ranking profissional da WSL South America na sétima bateria da quarta fase do QS 3.000 e venceu mais uma na quarta-feira do Héroes de Mayo Iquique Pro. Ele surfou bem, pegou tubo, manobrou forte e despachou o campeão sul-americano de 2016, Leandro Usuña. O argentino foi eliminado na sua estreia em La Punta, junto com o chileno Andro Jakov Crvik. Quem passou para a fase dos 32 melhores em Iquique com Lucas Vicente foi o português Miguel Blanco.

O Héroes de Mayo Iquique Pro está sendo transmitido ao vivo pelo site da WSL e nesta quinta-feira somente as meninas vão competir em La Punta. O quarto dia começa pela primeira fase do QS 1.500 às 8 horas, depois acontece a primeira fase do Pro Junior das 10h40 às 12h00 e a segunda fase do QS 1.500 até as 14h40 no Chile.