A etapa mais perigosa e desafiadora do WSL Qualifying Series foi iniciada na terça-feira, com os surfistas que nunca tinham encarado a bancada de El Gringo, se destacando nos tubos de 2 metros do primeiro dia na Ex Isla El Alacrán de Arica, no Chile.
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O Maui and Sons Arica Pro Tour by Jeep QS 3.000 está celebrando 10 anos de história da etapa mais antiga do Circuito Mundial na América do Sul, fora do Brasil. Os brasileiros Leo Casal de apenas 14 anos de idade e Edher Reis, 22, surfaram os melhores tubos da primeira fase, mas o norte-americano Nick Marshall, 18, depois bateu todos os recordes com as notas 8.50 e 7.17 que somou no placar de 15.67 pontos.
“Eu simplesmente adorei esses tubos. É a minha primeira vez aqui em Arica e essas ondas de El Gringo são perfeitas, incríveis”, destaca Nick Marshall. “Eu nunca tinha competido em um evento como este, então estou muito feliz por ter conseguido surfar bem hoje (terça-feira) na minha primeira vez. É um pouco difícil, mas já estou começando a pegar a manha de remar só nas boas. Espero manter este ritmo e continuar passando as baterias para aproveitar ao máximo aqui. Eu vi que os juízes não estão valorizando as manobras, então é ir para o tudo ou nada nos tubos. O negócio é botar pra baixo por trás do pico e rezar para sair (risos)”.
A melhor apresentação da histórica décima edição do Maui and Sons Arica Pro Tour by Jeep, aconteceu na segunda participação de Nick Marshall na terça-feira em Arica. Depois de ganhar a segunda bateria do dia, ele voltou a competir na terceira da segunda fase e só pegou duas ondas, mas foram tubaços nas direitas de El Gringo que valeram as maiores notas do dia, 8.50 e 7.17. O brasileiro João Chianca, que no domingo venceu o outro QS 3.000 do Chile em Iquique, estava se classificando em segundo lugar, até o primeiro campeão nos tubos de El Gringo em 2009, o peruano Gabriel Villaran, conseguir lhe tirar a vaga no último minuto.
Depois da bateria em que Nick Marshall fez as marcas a serem batidas nos próximos dias, só aconteceram mais duas, quando entrou o vento agindo negativamente na formação dos tubos. O jovem catarinense Leo Casal, campeão da categoria Pro Junior em Iquique no domingo, que valeu a liderança no ranking sul-americano Sub-18 da WSL South America, venceu a última do dia. O sexto confronto da segunda fase ficou para abrir a quarta-feira, às 7 horas no Chile.
Primeira vítima O Maui and Sons Arica Pro Tour by Jeep começou com o francês Maxime dos Anjos sendo a primeira vítima da perigosa e rasa bancada de pedras de El Gringo, logo na primeira bateria do campeonato. Ele caiu numa onda e saiu do mar direto para a ambulância, mas está bem, sofrendo alguns cortes profundos nos lábios.
Leo Casal estreou na terceira do dia e surfou um belo tubo de frontside nas direitas de El Gringo, que os juízes deram nota 5.50, a maior até ali. Com ela, o catarinense de apenas 14 anos de idade, derrotou o americano Remy Juboori, o experiente argentino Martin Passeri e o chileno Cristobal de Col.
“Ontem (segunda-feira) foi a primeira vez que surfei aqui e o mar estava meio mexido, sem tubos, mas agora peguei um muito bom para fazer a maior nota até agora”, diz Leo Casal. “Esse lugar dá um pouco de medo. Na primeira bateria do dia, um cara (Maxime dos Anjos) se machucou e saiu de ambulância daqui. Não sei se foi grave ou não, mas é muito raso mesmo, a onda é em cima da pedra e dá um medo na hora de dropar. Mas, na bateria a gente tem que botar pra baixo e torcer pra sair. Para mim, que só tenho 14 anos, competir com a galera mais experiente nessa onda desafiadora, pode ser mais difícil, mas vamos pra cima”.
Se Leo Casal foi o primeiro a se destacar nas direitas, nas esquerdas outro brasileiro brilhou, Edher Reis, que achou dois tubaços para se entocar lá dentro e sair limpo, aumentando os recordes do Maui and Sons Arica Pro Tour by Jeep para nota 6.33 e 11.66 pontos nas duas computadas. Um campeão em El Gringo acabou eliminado por ele e o norte-americano Jacob Szekely nesse confronto, o francês William Aliotti, que em 2016 faturou o título do Desafio de Arica. Edher Reis nasceu em Pernambuco, começou a surfar nas ondas de Maracaípe, mas sempre competiu como paulista por morar há muitos anos em Ubatuba.
“É a minha primeira vez aqui em Arica e é um lugar com altas ondas. O swell estava prevalecendo as direitas na bateria e estou feliz em encontrar dois tubos muito bons ali”, diz Edher Reis. “Esse foi o meu primeiro surfe aqui em El Gringo. Eu caí direto na bateria sem nem treinar nessa onda, pra preservar minhas pranchas e estou feliz pelo meu desempenho. É uma onda bem difícil, com bastante volume e entra com muita força na bancada, que é bem rasa. Mas, as condições estão perfeitas e vai ser show de surfe. Esse campeonato é muito animal e quem pegar a onda boa, vai surfar um tubão com certeza”.
Vitória chilena A disputa seguinte fechou a primeira fase com três chilenos enfrentando um peruano e Ricardo Cruzado acabou eliminando dois deles, Roberto Ilufin e Nicolas Diaz Barriga. Foi um confronto sem muitos tubos e Camilo Hernández conseguiu vencer com a nota 4.67 da única onda que completou.
Ele ficou feliz pela classificação, pois há três anos não competia em El Gringo. Com a vitória, Camilo foi para a 15.a bateria da segunda fase e vai encarar um dos melhores surfistas da história do Maui and Sons Arica Pro Tour, Alvaro Malpartida, além do também peruano Joaquin del Castillo e do australiano Duke Nagtzaam.
“Foi superdifícil minha bateria, porque entraram poucas ondas e foi quase só wipe-outs (quedas)”, lamentou Camilo Hernández. “Ainda bem que consegui pegar uma esquerda pra vencer a bateria. As notas foram um pouco baixas, não deu tubos, então estou feliz por ter aproveitado bem a chance que tive para passar para a próxima fase. Feliz também por voltar a competir em Arica depois de 3 anos e espero seguir avançando nas próximas baterias”.
Os tubos gelados de El Gringo formando bem próximos de uma bancada de rochas, são considerados como um dos melhores do mundo e até chamados de Pipeline sul-americano, comparando com a praia mais famosa do Havaí. Mas, é um lugar que não permite erros, como alerta um dos organizadores do Maui and Sons Arica Pro Tour na Ex Isla El Alacrán,
“É uma onda onde este esporte deixa de ser um jogo de meninos e se pode dividir claramente o surfista amador do profissional”, destaca Francisco ‘Oso’ Gana. “Não foi uma tarefa fácil conseguirmos incluir esse evento no calendário mundial da World Surf League por todos esses anos. É uma das etapas com as ondas mais perfeitas do circuito QS, porém uma das mais perigosas do mundo também. Um lugar que pode ser um grande pesadelo para muitos surfistas, pelo seu nível de exigência, porque o espaço para erro é quase nulo, mas onde eles também podem surfar o melhor tubo das suas vidas”.
O espetáculo de tubos do Maui and Sons Arica Pro Tour QS 3.000 está sendo transmitido ao vivo de El Gringo pelo site da WSL e a segunda fase continua nesta quarta-feira pela sexta bateria começando às 7 horas no Chile.