O carioca Jeronimo Vargas conquistou a segunda vitória brasileira em nove anos de história do QS 3000 Maui and Sons Arica Pro Tour neste domingo no Chile. O título em sua primeira final no Circuito Mundial da World Surf League foi da melhor maneira, com um tubaço incrível de backside nas esquerdas internacionais de El Gringo que valeu a única nota 10 da etapa mais antiga do WSL Qualifying Series na América do Sul. A decisão contra o australiano Jacob Willcox foi encerrada em 17.50 a 17.17 pontos e a vitória levou o campeão da 23ª para a terceira posição no ranking sul-americano e do 94º para o 26º lugar no QS.
“Essa é minha primeira final e eu só queria saber de surfar tubos, então nem sei dizer o que estou sentindo agora, só daqui a umas duas horas quando baixar toda essa emoção”, disse Jeronimo Vargas. “Esse lugar aqui é incrível, dá altas ondas sempre com tubos espetaculares e quero dedicar essa vitória a três amigos que se foram e que nessas condições eram incríveis, o Ricardo dos Santos, o Jean da Silva e o Oscar Moncada. Certamente, eles estavam surfando cada tubo aqui com a gente, não só comigo, como com todos os outros que competiram aqui”.
A decisão do título do QS 3000 Maui and Sons Arica Pro Tour começou com as primeiras ondas fechando rapidamente e o australiano Jacob Willcox surfou o primeiro tubo, mandando um longo cutback com muito estilo na saída para ganhar nota 6.00. Jeronimo também pega o seu primeiro tubo nas esquerdas, fica entocado lá dentro e recebe 7.50. Só que o australiano parece ter entrado no ritmo das séries e logo surfa outro tubaço quase em pé dentro dele, sai na baforada e ganha 9.50 para passar à frente por 15.50 a 12.00 pontos.
O brasileiro passou a precisar de 8.01 nos 10 minutos finais da bateria e na primeira tentativa já dropa dentro de um canudo numa esquerda perfeita, some lá dentro com várias placas caindo à sua frente e ressurge, saindo limpo do tubo para arrancar a primeira nota 10 do ano em El Gringo. Aí foi o australiano que ficou precisando de 8.01 e logo surfa outro bom tubo, mas recebe 7.67 e o placar fica em 17.50 a 17.17 pontos. Willcox ainda tenta virar o placar duas vezes, mas não consegue impedir a segunda vitória brasileira da história em El Gringo.
“A bateria foi meio devagar no início, mas não posso reclamar, porque depois El Gringo mandou altos tubos como em todos os dias aqui, esse lugar é simplesmente incrível”, disse Jacob Willcox. “As ondas ainda está bombando lá fora e o segundo lugar também é um bom resultado, apesar de ter chegado tão perto da vitória. Acho que nós dois mostramos um alto nível de surfe e espero que todo mundo tenha gostado do show. Eu estou amarradão”.
QS 6000 em 2019 – Na cerimônia de premiação no pódio, o campeão recebeu uma medalha de ouro pelo título e pela primeira vez em etapas da World Surf League, foi tocado o hino do país vencedor como nos Jogos Olimpicos, Fórmula 1 do automobilismo e outros esportes. Foi mais uma edição do Maui and Sons Arica Pro Tour com um show de tubos em El Gringo e os organizadores prometeram tentar elevar ainda mais o status do evento para QS 6000 no ano que vem. Dois anos atrás, o nível era QS 1500 e em 2017 subiu para QS 3000, atraindo nomes mais expressivos do surfe mundial para o Chile.
No último dia, a Pipeline chilena mostrou mais uma vez toda a qualidade internacional e a força dos seus tubos quebrando sobre uma das bancadas de pedras mais perigosas do mundo. Foram várias pranchas partidas, alguns surfistas saindo do mar machucados, mas nada grave, felizmente. No domingo, o mar estava clássico e os australianos venceram as duas primeiras baterias das quartas de final. Dean Bowen ganhou a primeira do brasileiro Vitor Mendes e os tubos começaram a aparecer com mais frequência na segunda, com Jacob Willcox tirando uma nota 9.23 no melhor deles para barrar o defensor do título do Desafio de Arica no Chile, o peruano Tomas Tudela, por um apertado placar de 16.63 a 16.44 pontos.
Brasil x Austrália – Com isso, ficou formada uma semifinal australiana e a outra ficou brasileira, pois o paulista Weslley Dantas despachou o costa-ricense Carlos Munoz e o carioca Jeronimo Vargas passou fácil pelo argentino Leandro Usuna. A primeira batalha por vagas na grande final foi mais intensa, com ótimos tubos para os dois australianos tirarem notas acima de 9. Dean Bowen já tinha feito a final em El Gringo em 2016, na vitória do francês William Aliotti, mas não conseguiu repetir o feito. A segunda onda computada acabou decidindo a classificação para Jacob Willcox, que somou um 7.67 contra 5.73 de Bowen no placar de 17.00 a 15.00 pontos.
“Hoje (domingo) de manhã, na minha primeira bateria, as condições não estavam muito boas, mas melhorou bastante durante e deu altas ondas nessa outra com o Jacob (Willcox)”, disse Dean Bowen. “As baterias estão bem acirradas, mas peguei tantas ondas boas durante o evento que valeu muito a pena ter chegado até aqui. Eu sempre tentei pegar as maiores para ficar o mais profundo possível nos tubos, então me diverti muito e aproveitei bastante”.
Na outra semifinal, o jovem paulista Weslley Dantas, 20 anos, irmão do ex-top do CT Wiggolly Dantas e da bicampeã brasileira Suelen Naraisa, já tinha surpreendido o mundo esse ano ao chegar na final da etapa do QS de Banzai Pipeline, no Havaí. Novamente, ele mostrou muita atitude para surfar tubos para a esquerda como os de El Gringo também, porém nessa bateria o mais experiente Jeronimo Vargas, 28 anos, pegou os melhores que entraram para vencer por 13.84 a 5.00 pontos apenas e avançar para a sua primeira final da carreira no Circuito Mundial.
“Eu sempre gostei de pegar tubos, surfo ondas pequenas, ondas grandes, isso já vem de mim, do meu irmão (Wiggolly Dantas), então eu sempre gostei pegar tubos grandes, como Pipeline e aqui também”, disse Weslley Dantas. “Essa onda daqui é incrível, perigosa, era um sonho vir pra cá no ano passado, mas perdi na primeira fase. Eu fiquei muito triste, mas prometi a mim mesmo que ia fazer um bom resultado aqui, o que consegui agora, chegando na semifinal”.
Ranking Mundial – Os oito surfistas que chegaram no domingo decisivo do QS 3000 Maui and Sons Arica Pro Tour, ganharam posições no ranking mundial do WSL Qualifying Series. O campeão Jeronimo Vargas subiu de 94 para 26 na classificação geral das 31 etapas completadas no Chile. O vice-campeão Jacob Willcox foi quem deu o maior salto, de 328 para 66. Mesmo derrotados nas semifinais, Dean Bowen saiu de 162 para 62 no ranking e Weslley Dantas, que dividiu o terceiro lugar com o australiano em Arica, subiu de 55 para 29.
Assim como na corrida pelo título mundial do World Surf League Championship Tour, que passou a ser liderado pelo potiguar Italo Ferreira com o paulista Filipe Toledo em segundo lugar, no WSL Qualifying Series os brasileiros também encabeçam o ranking com o catarinense Alejo Muniz em primeiro, seguido pelo paulista Deivid Silva. Além deles, mais três estão entre os dez que se classificam para o CT, o potiguar Jadson André em quinto lugar e os paulistas Alex Ribeiro em sexto e Miguel Pupo em sétimo. No Chile, ninguém entrou no G-10 e dois peruanos seguem como os que estão mais próximos da lista, Lucca Mesinas em 17º e Miguel Tudela em 22º Quem chegou mais perto deles foi o campeão Jeronimo Vargas, em 26º.
Ranking Sul-Americano – Além dos 3.000 pontos no WSL Qualifying Series, o Maui and Sons Arica Pro Tour também valeu 1.000 pontos para o ranking regional da WSL South America, que define o campeão sul-americano da temporada. O peruano Alonso Correa permaneceu na frente com o brasileiro Wesley Dantas em segundo lugar e o terceiro agora é o carioca Jeronimo Vargas. Essa posição era ocupada por outro brasileiro, Renan Peres, que caiu para o quinto lugar e o argentino Facundo Arreyes continuou em quarto.
Os chilenos também aproveitaram os pontos disputados em casa para se aproximar dos primeiros colocados no ranking sul-americano, com Guillermo Satt subindo para a sexta posição e Nicolas Vargas para a sétima, seguido pelo campeão da WSL South America em 2016, o argentino Leandro Usuna. Depois de duas etapas seguidas no Chile, as próximas estão programadas para o mês de outubro no Brasil, sendo duas na Bahia e uma em São Paulo.
O QS 3000 Maui and Sons Arica Pro Tour foi transmitido ao vivo de El Gringo pelo site da WSL.
Maui and Sons Arica Pro Tour 2018
Campeão: Jeronimo Vargas (BRA) por 17,50 pontos (10,0+7,50) – US$ 12.000 e 3.000 pontos
Vice-campeão: Jacob Willcox (AUS) com 17,17 pontos (9,50+7,67) – US$ 6.000 e 2.250 pontos
Semifinais – 3º lugar com 1.680 pontos e US$ 4.000 de prêmio:
1 Jacob Willcox (AUS) 17.00 x 15.00 Dean Bowen (AUS)
2 Jeronimo Vargas (BRA) 13.84 x 5.00 Weslley Dantas (BRA)
Quartas de final – 5º lugar com 1.260 pontos e US$ 2.000 de prêmio:
1 Dean Bowen (AUS) 10.00 x 8.40 Vitor Mendes (BRA)
2 Jacob Willcox (AUS) 16.63 x 16.44 Tomas Tudela (PER)
3 Weslley Dantas (BRA) 13.50 x 10.50 Carlos Munoz (CRI)
4 Jeronimo Vargas (BRA) 13.17 x 5.33 Leandro Usuna (ARG)
Campeões das etapas do WSL Qualifying Series em Arica no Chile
2018 Jeronimo Vargas (BRA) no QS 3000 Maui and Sons Arica Pro
2017 Tomas Tudela (PER) no QS 3000 Maui and Sons Arica Pro
2016 William Aliotti (FRA) no QS 1500 Maui and Sons Arica Pro Tour
2015 finais do QS 1500 Maui and Sons Arica World Star canceladas pelo mar “stormy”
2014 Jessé Mendes (BRA) no 3-Star Maui and Sons Arica World Star
2013 Alvaro Malpartida (PER) no 3-Star Maui and Sons World Star
2012 Anthony Walsh (AUS) no 3-Star Maui and Sons Arica World Star
2011 Guillermo Satt (CHL) no 3-Star Arica World Star Tour
2009 Gabriel Villarán (PER) no 3-Star Rusty Arica Pro Challenge
TOP-10 do ranking sul-americano da WSL South America após 4 etapas
01 Alonso Correa (PER) – 1.860 pontos
02 Wesley Santos (BRA) – 1.600
03 Jeronimo Vargas (BRA) – 1.170
04 Facundo Arreyes (ARG) – 1.055
05 Renan Peres (BRA) – 1.020
06 Guillermo Satt (CHL) – 920
07 Nicolas Vargas (CHL) – 905
08 Leandro Usuna (ARG) – 885
09 Joaquin del Castillo (PER) – 880
10 João Chianca (BRA) – 840
G-10 do WSL Qualifying Series – após 31ª etapa no Chile:
1 Alejo Muniz (BRA) – 10.980 pontos
2 Deivid Silva (BRA) – 8.660
3 Mikey Wright (AUS) – 8.505 com vaga nos top-22 do CT
4 Ryan Callinan (AUS) – 8.280
5 Jadson André (BRA) – 8.210
6 Alex Ribeiro (BRA) – 8.130
7 Miguel Pupo (BRA) – 7.770
8 Evan Geiselman (EUA) – 7.570
9 Leonardo Fioravanti (ITA) – 7.110
10 Seth Moniz (HAV) – 6.780
11: Matt Banting (AUS) – 6.710
———próximos sul-americanos até 100:
17 Lucca Mesinas (PER) – 5.750 pontos
22 Miguel Tudela (PER) – 5.460
24 Victor Bernardo (BRA) – 5.080
25 Marco Fernandez (BRA) – 5.070
26 Jeronimo Vargas (BRA) – 5.060
29 Weslley Dantas (BRA) – 4.690
31 Tomas Tudela (PER) – 4.440
35 Michael Rodrigues (BRA) – 4.200
37 Bino Lopes (BRA) – 3.935
38 Rafael Teixeira (BRA) – 3.830
40 Peterson Crisanto (BRA) – 3.720
42 Ian Gouveia (BRA) – 3.650
43 Flavio Nakagima (BRA) – 3.610
46 Mateus Herdy (BRA) – 3.560
55 Thiago Camarão (BRA) – 3.395
57 Willian Cardoso (BRA) – 3.350
59 Wiggolly Dantas (BRA) – 3.290
60 Alonso Correa (PER) – 3.235
67 Marcos Correa (BRA) – 2.895
71 Yuri Gonçalves (BRA) – 2.870
76 Vitor Mendes (BRA) – 2.720
79 Samuel Pupo (BRA) – 2.655
82 Pedro Neves (BRA) – 2.620
84 Marco Giorgi (URU) – 2.590
86 Raoni Monteiro (BRA) – 2.570
87 Manuel Selman (CHL) – 2.560
88 Guillermo Satt (CHL) – 2.520
93 Joaquin del Castillo (PER) – 2.390
95 Leandro Usuna (ARG) – 2.380
96 Lucas Silveira (BRA) – 2.355
99 Alvaro Malpartida (PER) – 2.340
101 Luel Felipe (BRA) – 2.330
105 Wesley Santos (BRA) – 2.295