O ano de 2020 começou de forma avassaladora para o ubatubense Wiggolly Dantas. Vitória na etapa do QS de Pipeline, semifinal em Fernando de Noronha (PE). Os resultados em ondas boas demonstravam que Guigui estava preparado para seu retorno ao Championship Tour (CT). Tudo caminhava para uma arrancada promissora até a pandemia do Covid-19, quando o mundo parou.
Mais do que ficar sem competir, o experiente surfista teve sua vida praticamente virada do avesso. Perdeu sua filha (Alessa), sua avó (Albertina) e seu sobrinho. O momento foi duro, mas depois do revés, ele conseguiu dar a volta por cima conquistando o título sul-americano profissional, na etapa de Saquarema (RJ), no último dia 21, válido pelas temporadas 2020/21.
“Em 2020 tive um início de ano maravilhoso, acreditava que seria a volta para o CT e aí tudo começou a desmoronar no mundo e depois na minha vida. Perdi uma filha, um sobrinho, minha grande rainha avó Albertina e por final meu chão. A gente não aceita, mas aprende a conviver com isso e foi o que fiz. Essa vitória foi dedicada aos três, minha filha, minha vó e meu sobrinho”, afirma o atleta.
O novo título na carreira o impulsionou a voltar a acreditar em seu retorno ao CT. Garantiu, sobretudo, confiança para a etapa decisiva em Haleiwa, no Havaí, praia onde se sente muito à vontade e já tem uma final na carreira. O atleta de 31 anos está competindo no evento, e sonha em trocar um resultado para figurar na lista classificatória para 2022.
Avançou nesta segunda-feira (29) na bateria 10 do round dos 64, junto com o também paulista Alex Ribeiro, garantindo a melhor nota na disputa. “Esse título sul-americano mudou tudo. Me deu confiança e agora é foco total no Havaí. Já fiz um terceiro em Haleiwa, é um lugar que me sinto em casa, como se estivesse em Ubatuba”, conta.
“Ganhar esse título veio numa hora muito boa, que estava precisando bastante. Voltando ao CT, sei que estou muito mais preparado, experiente, mental mais focado, mais forte, surfe mais encaixado, será totalmente diferente”, acrescenta Wiggolly, que entrou pela primeira vez na elite mundial em 2015.
“Os últimos dois anos foram difíceis para todos, mas tenho de agradecer muito em quem confiou no meu sonho e continuou comigo. Sem eles não teria vencido esse título”, complementa o surfista, referindo-se a seus patrocinadores, familiares e amigos.