Rio de Janeiro

Feserj critica WSL

Federação de Surfe do Estado Rio de Janeiro emite nota à comunidade e explica que WSL cortou taxa de homologação à entidade estadual.

Etapa do carioca profissional realizado em julho nas águas de Saquarema.

O Estado do Rio de Janeiro recebe atualmente os maiores eventos de nível mundial nas águas de Saquarema (CT, CS e QS) e recentemente um internauta criticou, nas redes sociais da Federação de Surfe do Estado Rio de Janeiro (Feserj), o fato da região fluminense realizar poucos torneios de âmbito estadual.

Nesta segunda-feira (16), a Feserj emitiu uma carta aberta à comunidade do surfe do Rio onde esclarece alguns pontos, faz algumas criticas ao poder público e chama a todos para um debate. Confira o texto na íntegra:

Prezados(as),

Recentemente, recebemos em nossas redes sociais o comentário de um internauta criticando o fato de um Estado que recebe todos os níveis de etapas da WSL (QS, Challenger e CT) só ter realizado uma única etapa do circuito estadual, com o ano prestes a terminar.

Concordando, em partes, com esta crítica, viemos a público respondê-la, esclarecendo algumas questões à comunidade do surfe fluminense, em especial às associações e atletas filiados à FESERJ – Federação de Surfe do Estado do Rio de Janeiro:

Primeiramente, cabe uma correção: Neste ano já realizamos duas etapas do circuito estadual profissional e júnior do Rio de Janeiro, uma no município de Quissamã (fevereiro) e a outra em Saquarema (julho), ambas com patrocínio master das respectivas prefeituras. E tivemos uma etapa tradicional, em Maricá, cancelada na véspera pelo seu patrocinador master (prefeitura).

Todavia, concordamos que isso é realmente pouco para o Estado que recebe os maiores eventos do mundo do surfe. Especialmente porque todos estes eventos utilizam milhões de reais de verba pública estadual destinada ao desenvolvimento do esporte via Lei de Incentivo.

O fato que muitos desconhecem é que o uso de verba pública não obriga a WSL ou a qualquer outro promotor esportivo a oferecer uma contrapartida à Federação e às associações locais. Como consequência, chegamos à situação atual de total desequilíbrio, onde temos milhões de reais sendo aplicados em uma ponta, a elite mundial do esporte, e zero ou quase nada sendo aplicado na outra ponta, a base.

Neste ano, para agravar a situação, a WSL cortou a taxa de homologação que era paga há 12 anos para realização da etapa brasileira do CT em águas fluminenses, de maneira que nenhuma contrapartida da verba pública estadual destinada ao “Vivo Rio Pro” foi repassada à FESERJ para desenvolver projetos voltados para a base, apesar de termos reforçado, em inúmeras oportunidades, a importância disso junto aos gestores da WSL e do Governo do Estado.

Com isso, o planejamento anual da Federação foi seriamente prejudicado, afetando diretamente tanto os circuitos estaduais, como também a equipe júnior que representa o Rio de Janeiro no circuito brasileiro amador, cujo mínimo apoio recebido (pagamento de inscrições e suporte técnico) provêm de recursos próprios da FESERJ e de parceiros locais.

Assim, se por um lado entendemos que estes grandes eventos são bem-vindos, pois geram divisas para o Estado e, em especial, para o município sede, dentre outros benefícios, por outro lado, entendemos que é preciso haver um mínimo de equilíbrio na divisão dos recursos públicos destinados ao esporte, de maneira que possamos fomentar de fato o Surfe em nossa sociedade, e trabalhar a nossa base (nova geração) a fim de termos mais atletas fluminenses usufruindo destes grandes eventos internacionais realizados em nosso território. Se não for assim, qual legado esportivo estes eventos estarão deixando para nós?

Nota: com menos de 10% do que o Governo gasta nos eventos internacionais da WSL no Rio de Janeiro, poderíamos ter o circuito estadual mais forte do país, tanto para as categorias de base como para os profissionais, e um suporte sem precedentes para a equipe estadual júnior, que mesmo com pouco apoio, acaba de conquistar o vice-campeonato no circuito brasileiro de base, promovido pela Confederação Brasileira de Surfe.

Nossa proposta é levar essa discussão à sociedade a fim de buscarmos uma solução que não seja paliativa, como, por exemplo, termos um percentual – garantido por lei – de toda verba pública captada para grandes eventos esportivos sendo repassado para projetos comprovadamente voltados para o desenvolvimento da base do esporte.

Por fim, ressaltamos que continuamos buscando recursos, tanto públicos como privados, para finalizarmos o nosso circuito estadual no mesmo nível do ano passado, quando este foi considerado um dos mais fortes do país (tanto em número de etapas como em premiação distribuída), atraindo muitos atletas de outros estados, e mostrando a seriedade e o comprometimento da Federação do RJ para com o esporte.

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