Comunidade

Surfe ajuda veteranos de guerra

Pesquisa recente da San Diego State University demonstra que surfe pode reduzir significativamente sintomas de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (PTSD) em militares.

0
Militares com Transtorno de Estresse Pós-Traumático podem ser “salvos” pelo surfe.Imagem gerada por IA
Militares com Transtorno de Estresse Pós-Traumático podem ser “salvos” pelo surfe.

Uma pesquisa recente da San Diego State University (SDSU), Califórnia (EUA), demonstrou que o surfe pode reduzir significativamente os sintomas de Transtorno de Estresse Pós-Traumático (PTSD) em veteranos militares. O estudo, liderado por Jonathan Ossie, professor de marketing do Fowler College of Business da SDSU, examinou os efeitos da terapia de surfe em 41 militares veteranos ou da ativa diagnosticados com PTSD.

A pesquisa foi realizada em parceria com a organização sem fins lucrativos californiana Operation Surf. Os resultados, publicados na revista Frontiers in Psychology (clique aqui e leia estudo completo), trazem uma nova perspectiva para o tratamento de uma condição que frequentemente causa ansiedade, depressão e privação de sono.

“Para muitas pessoas, o poder do oceano tem qualidades restauradoras e terapêuticas. Eu queria saber se a terapia do surfe poderia ajudar veteranos militares com PTSD, já que as pesquisas publicadas sobre o assunto são extremamente limitadas”, diz o professor Ossie.

A premissa do estudo se baseia na sabedoria dos surfistas: o contato com as ondas proporciona uma sensação de bem-estar, adrenalina e uma fuga do estresse diário. O professor Ossie buscou quantificar esse impacto terapêutico em um ambiente clínico.

Durante o programa de sete dias, os participantes não apenas surfaram, mas também participaram de sessões de ioga, alongamento e grupos de apoio. Os dados foram coletados 24 horas por dia por meio um sistema de pulso para registrar padrões de sono e variabilidade da frequência cardíaca, além de questionários de ansiedade e depressão antes, durante e 30 dias após as atividades.

Queda expressiva nos sintomas

Os resultados do estudo foram notáveis, destacando a eficácia da abordagem. Os níveis de depressão caíram 44% imediatamente após o programa para todos os participantes. Embora os níveis tenham subido ligeiramente 30 dias depois, o benefício inicial foi substancial, sendo as participantes mulheres a registrarem a maior melhora.

A porcentagem de participantes na classificação mais alta de ansiedade caiu de 40% antes do estudo para apenas 10% imediatamente depois. Essa taxa subiu para 14% após 30 dias, ainda demonstrando um benefício duradouro.

Tanto o sono profundo quanto o sono Rapid Eye Movement (condição do sono caracterizado por movimentos rápidos e involuntários dos olhos sob as pálpebras fechadas) melhoraram durante o programa, embora tenham diminuído levemente após um mês.

O professor Ossie observou que, embora as melhorias mais fortes tenham ocorrido durante as atividades de surfe, a manutenção de alguns benefícios após 30 dias pode estar ligada aos participantes que continuaram com a prática de ioga, alongamento e o surfe, além de manterem os laços interpessoais desenvolvidos no programa.

Resultados

Os resultados sugerem que programas que envolvem veteranos em ambientes não-clínicos e com apoio podem ser “mais acessíveis e menos estigmatizantes do que o tratamento tradicional”, segundo Ossie. O surfe, neste contexto, não é apenas um esporte, mas uma porta de entrada para a recuperação mental e física.

A comunidade do surfe, conhecida por sua natureza acolhedora e o respeito pelo oceano, está assim contribuindo com um modelo inovador que complementa os cuidados tradicionais de saúde mental e ajuda a construir um futuro com menos barreiras para quem enfrenta o trauma do PTSD.

Fonte San Diego State University