A peruana Daniella Rosas e o brasileiro Edgard Groggia conquistaram os títulos do Corona Open, dando um show nas ótimas ondas do domingo na Playa de la FAE, na Península de Santa Elena. Daniella garantiu para a equatoriana Dominic Barona, a última vaga da WSL Latin America para o Challenger Series, ao derrotar a brasileira Julia Duarte nas semifinais. Depois, ganhou a decisão contra a havaiana Summer Macedo, que passou a representar o Brasil a partir destas duas etapas do Equador. Na final masculina, Edgard acertou os aéreos para superar o atual campeão sul-americano, João Chianca, namorado da Summer Macedo, que é filha de pai brasileiro.
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“Estou muito feliz, quero agradecer a todo mundo que está aqui na praia e ainda estou meio sem palavras para descrever o que estou sentindo”, diz Edgard Groggia. “A bateria com o João Chumbinho (Chianca) foi muito forte. Ele é muito sinistro, então eu sabia que teria que surfar o meu máximo e graças a Deus veio a onda certa para mandar o aéreo. Lá em Montañita, eu perdi a final pro Lucca Mesinas, mas acredito que fiz uma boa performance. Aqui eu estava mais focado na minha classificação para o Challenger Series, então nessa final, quando eu vi que estava no jogo, que dava para ganhar, dei meu máximo em cada onda e graças a Deus, deu tudo certo”.
A decisão do título foi adrenalizante, com os dois finalistas dando um show nas boas direitas da Playa de la FAE. Depois do vice-campeonato na final com o peruano Lucca Mesinas no Montañita Open, Edgard Groggia queria a vitória para coroar sua classificação para o Challenger Series. Ele já começou a bateria tentando um aéreo, que não completou. João Chianca preferiu atacar forte sua primeira onda, com duas manobras muito sólidas que valeram nota 8,50. Edgard seguiu errando as manobras nas ondas, mas acertou o aéreo reverse na terceira tentativa, entrando na briga com nota 7,00.
João Chumbinho usa a tática das duas manobras fortes em outra onda, somando nota 6,00. Edgard também encaixa dois ataques potentes que valem 6,60. Logo pega outra para voar em mais um aéreo e recebe 7,30. O placar fica 14,50 a 14,30 para João Chianca, com Edgard precisando de 7,21 pontos para vencer nos 10 minutos finais. Ele sabia que precisava fazer algo grande e achou uma direita que formou a rampa para mandar um alley-oop animal, perfeito, muito alto. Edgard completa o aéreo batendo com as duas mãos no peito e os juízes dão 9,50, virando o placar há 6 minutos do fim. João não conseguiu retomar a ponta e Edgard Groggia festejou sua primeira vitória no Circuito Mundial da World Surf League por 16,80 a 14,50 pontos.
“Estou muito feliz mesmo por tudo que está acontecendo. Eu vim para cá focado em entrar no Challenger Series, era meu objetivo principal e eu sabia que tinha potencial e capacidade pra conseguir uma vaga”, conta Edgard Groggia, que começou a competir em etapas da World Surf League só no ano passado. “Eu amei o Equador. São duas direitas (Montañita e la FAE) que podem até ter me favorecido e tentei aproveitar ao máximo para obter bons resultados. Ter sido campeão aqui em Salinas e em segundo lá em Montañita, vai ficar na minha memória por muito tempo e agora vou treinar muito pra poder representar bem meu país e toda a América do Sul lá nos Challenger Series”.
Challenger Series – Com os 1.000 pontos da vitória no Salinas Open, Groggia ganhou duas posições no ranking da WSL Latin America no domingo, subindo do 11º para o 9º lugar. O atual campeão sul-americano, João Chianca, permaneceu na sexta posição. Os outros classificados para o Challenger Series foram o peruano Alonso Correa, o uruguaio Marco Giorgi e mais seis brasileiros, Wiggolly Dantas, Ian Gouveia, Thiago Camarão, Weslley Dantas, Samuel Pupo e Rafael Teixeira. As etapas do Challenger Series serão no segundo semestre e classificarão doze surfistas para completar a elite do World Surf League Championship Tour em 2022.
“Eu quero agradecer a todas as pessoas aqui do Equador e nós brasileiros somos muito unidos”, celebra João Chianca, no pódio em Salinas. “Estou muito feliz, não só por mim, mas pelo Marquinhos (Marcos Correa), pelo Leo (Casal), pelo Ed (Edgard Groggia), que são grandes surfistas, com muito talento. Agradeço ao meu patrocinador, minha família, meu irmão (Lucas Chumbo Chianca, campeão mundial de ondas grandes), meus amigos e muito obrigado Equador”.
O pódio masculino foi 100% brasileiro, com Edgard Groggia passando pelo grande amigo e companheiro de equipe, Marcos Correa, nas semifinais e João Chianca derrotando a grande surpresa desta etapa, o jovem Leo Casal. Os dois surfistas de outros países que chegaram no domingo decisivo do evento, ficaram nas quartas de final. Marcos Correa vingou a derrota sofrida nas semifinais do QS 1000 de Montañita, para o peruano Lucca Mesinas. E Groggia barrou o uruguaio Marco Giorgi no duelo seguinte.
Havaiana brasileira – Na decisão do título feminino, a namorada de João Chianca, Summer Macedo, assim como Edgard Groggia, também tinha perdido a final em Montañita para Silvana Lima e queria a vitória em Salinas. Esses eventos no Equador são os primeiros que a havaiana está representando o país de nascimento do seu pai. A partir desse ano, Summer Macedo passa a competir como brasileira e já começou bem, fazendo dois pódios seguidos com a bandeira verde-amarela.
“Estou bem feliz por ter chegado nas finais dos dois eventos aqui no Equador”, comemora a agora brasileira Summer Macedo. “Eu queria ter chegado no topo, vencido uma etapa, mas sei que terei outras oportunidades no futuro. Agora vou focar nos meus treinos, para me preparar para as próximas etapas do QS e outros eventos que tiver para competir no Brasil”.
Decisão feminina – Na decisão feminina, as ondas já estavam bem melhores e mais constantes do que pela manhã, com as duas finalistas surfando de frontside as direitas da Playa de la FAE. Daniella Rosas pegou a primeira e começou com nota 5,00. A da Summer Macedo foi melhor e ganhou nota 6,00. Elas ficam trocando a liderança a cada onda surfada, até a peruana conseguir notas 7,00 e 5,75 em duas ondas seguidas. Daniella então passa a usar bem a prioridade de escolher a próxima onda, na primeira vez que Summer ficava em desvantagem nas baterias que disputou em Salinas.
A havaiana fica pegando as que ela deixa passar, mas a peruana escolhe bem uma boa direita, que rende uma combinação de três manobras executadas com pressão e velocidade, para ganhar 8,00 dos juízes. Com essa nota, a havaiana passa a precisar de 9,00 pontos para vencer nos 5 minutos finais. Ela erra na escolha de uma onda, depois não entra mais nenhuma com potencial e Daniella Rosas festeja sua segunda vitória em etapas do WSL Qualifying Series, por 15,00 a 10,65 pontos. A primeira foi na Argentina em 2019, no ano que conquistou o título sul-americano da WSL Latin America.
“Eu entrei muito consciente do que eu tinha que fazer”, diz Daniella Rosas, que vai representar o Peru nas Olimpíadas de Tóquio 2020 no Japão. “Eu sabia que a Summer faria boas notas, pois ela é quase uma competidora de elite. Faz muito tempo que a vejo competir, então sabia que ia ser difícil, mas entrei com muita vontade, escolhi a prancha certa e botei como meta vencer esta etapa. É uma honra estar aqui representando o Peru e é incrível ganhar um QS (Qualifying Series). Agora vou voltar para casa e treinar muito forte nas próximas semanas para as Olimpíadas. Esta é minha meta para esse ano”.
Vaga no Challenger Series – A peruana é a atual campeã sul-americana e lidera o ranking regional da WSL Latin America, que indica cinco surfistas para disputar classificação para a elite do World Surf League Championship Tour, nas etapas do Challenger Series no segundo semestre. Antes de conquistar sua segunda vitória no WSL Qualifying Series, Daniella confirmou a última vaga para a equatoriana Dominic Barona, com a vitória sobre Julia Duarte nas semifinais. A brasileira precisava vencer esta etapa para se classificar.
Este foi segundo presente especial da peruana para a amiga Mimi Barona. Foi a mesma Daniella Rosas que garantiu o nome da equatoriana para a estreia do surfe como modalidade olímpica nos Jogos de Tóquio. A peruana já estava classificada por ter vencido o Panamericano de Lima em 2019, derrotando a própria Dominic Barona na decisão. Só que três semanas atrás, Daniella garantiu outra vaga no ISA Surfing Games de El Salvador, deixando então a do Panamericano para a equatoriana.
As duas estarão juntas no Japão e também nas etapas do Challenger Series no segundo semestre. As outras surfistas indicadas pelo ranking regional da WSL Latin America foram a brasileira Silvana Lima, que também estará nas Olimpíadas, a peruana Sol Aguirre e a argentina Josefina Ané. O primeiro evento do Challenger Series será o US Open of Surfing, de 2 a 8 de agosto em Huntington Beach, na Califórnia (EUA).
CNT Expression Session – Uma bateria especial foi realizada entre as semifinais e as decisões dos títulos no domingo, a CNT Expression Session, com vários surfistas tentando a manobra mais radical nas direitas da Playa de la FAE. Foi um verdadeiro show de aéreos na praia da Força Aérea do Equador. O melhor deles foi o do brasileiro Marcos Correa, que levou o prêmio extra de 200 dólares, oferecido ao vencedor da CNT Expression Session.
Resultados do Salinas Open
Campeão: Edgard Groggia (BRA) por 16,80 pontos (9,50+7,30) – US$ 2.000 e 1.000 pontos
Vice-campeão: João Chianca (BRA) com 14,50 pontos (8,50+6,00) – US$ 900 e 800 pontos
Semifinais – 3º lugar com 650 pts e US$ 550
1 Edgard Groggia (BRA) 15.75 x 4.75 Marcos Correa (BRA)
2 João Chianca (BRA) 14.05 x 9.20 Leo Casal (BRA)
Quartas de final – 5º lugar com 500 pts e US$ 250
1 Marcos Correa (BRA) 13.50 x 11.25 Lucca Mesinas (PER)
2 Edgard Groggia (BRA) 14.00 x 9.75 Marco Giorgi (URU)
3 João Chianca (BRA) 11.40 x 10.40 Ryan Kainalo (BRA)
4 Leo Casal (BRA) 8.95 x 5.85 Fernando Junior (BRA)
Decisão do título feminino
Campeã: Daniella Rosas (PER) por 15,00 pontos (8,00+7,00) – US$ 2.000 e 1.000 pontos
Vice-campeã: Summer Macedo (BRA) com 10,65 pontos (6,00+4,65) – US$ 900 e 800 pontos
Semifinais – 3º lugar com 650 pts e US$ 550
1 Daniella Rosas (PER) 10.85 x 6.50 Julia Duarte (BRA)
2 Summer Macedo (BRA) 12.75 x 10.75 Melanie Giunta (PER)
Raking regional da WSL Latin America 2021 (*- tops do CT dispensam vaga no ranking regional)
1 Wiggolly Dantas (BRA) – 8.600 pontos
*2 Jadson André (BRA) – 8.500
3 Alonso Correa (PER) – 7.625
4 Ian Gouveia (BRA) – 6.500
5 Thiago Camarão (BRA) – 6.250
6 João Chianca (BRA) – 5.635
7 Weslley Dantas (BRA) – 4.700
8 Marco Giorgi (URU) – 4.691
9 Edgard Groggia (BRA) – 4.525
10 Samuel Pupo (BRA) – 4.475
11 Rafael Teixeira (BRA) – 4.266
Top-10 do Challenger Series até o 11º
12 Alejo Muniz (BRA) – 3.995
*13 Yago Dora (BRA) – 3.575
14 Marcos Correa (BRA) – 3.075
15 Leandro Usuña (ARG) – 2.925
16 Willian Cardoso (BRA) – 2.775
17 Jessé Mendes (BRA) – 2.750
18 Victor Bernardo (BRA) – 2.725
*19 Filipe Toledo (BRA) – 2.500
20 Leo Casal (BRA) – 2.475
Ranking Feminino da WSL Latin America 2021
1 Daniella Rosas (PER) – 3.545 pontos
2 Silvana Lima (BRA) – 2.375
3 Sol Aguirre (PER) – 2.125
4 Josefina Ané (ARG) – 2.120
5 Dominic Barona (ECU) – 1.850
Top-5 para o Challenger Series
6 Julia Duarte (BRA) – 1.675
7 Summer Macedo (BRA) – 1.600
8 Anali Gomez (PER) – 1.500
9 Melanie Giunta (PER) – 1.475
10 Nairê Marquez (BRA) – 1.150