Poucos caras do Tour merecem tanto quanto Filipe Toledo. A evolução técnica dos últimos anos direcionava faz tempo o caminho do título. Foram várias vitórias desde que entrou na principal divisão do CT, mas o maior troféu não vinha por detalhe.
Em 2022 as performances rápidas e agressivas continuaram. Os bons resultados também. Filipinho liderou a maior parte da temporada e chegou na final como número um. Ele sentia que desta vez o sonho de ser campeão viraria realidade.
Manobrou como sempre, e pôde comemorar como nunca. Após nove anos na elite, se tornou o dono do mundo. Uma emoção que ele vai degustando aos poucos. Filipinho falou sobre esta sensação no aeroporto na sua chegada ao Brasil, em entrevista exclusiva de Thiago Blum para o Waves.
“No dia que eu chegar em casa, sentar e voltar à rotina normal, acho vai ser mais claro para mim. Mas agora está sendo uma sensação. Uma mistura de muita felicidade e correria, que obviamente faz parte. A ficha está caindo durante os dias e está sendo incrível”, define Filipe.
A batalha até aqui foi dura, principalmente contra si mesmo. Toledo revelou que já teve depressão e muitas vezes surfava só por obrigação. Foi preciso conectar talento e cabeça, técnica e mente, para se tornar melhor como atleta e homem.
“Tanto o técnico quanto o mental tiveram grande importância neste ano. Eu amadureci muito, aprendi a lidar com certas situações que me trouxeram confiança. Me deixou muito mais leve para trazer bons resultados”, explica Toledo.
Depois de acelerar ao máximo e não ver ninguém na frente, é hora de curtir a vibe que o transportou para outro patamar. As férias são muito bem-vindas, sem descolar os olhos para 2023.
“Vou tirar um tempinho, aproveitar minha família e meus filhos. Fico quase o ano inteiro longe deles e é a oportunidade de ficar em casa e viajar lá nos Estados Unidos com eles. E já focar na volta dos treinos, buscar aquela vaga das Olimpíadas. No outro ano eu fiquei a uma vaga de poder participar do time. Espero fazer um bom trabalho, conquistar a vaga e quem sabe trazer uma medalha paro Brasil”.
A passagem por aqui foi quase tão rápida quanto seus aéreos e rasgadas. Mas Ubatuba não podia ficar de fora do mapa, afinal foi ali que tudo começou, ao lado do pai Ricardinho, bicampeão brasileiro.
“Estar com as pessoas que eu amo e conheço desde pequeno, isso pra mim é o que mais vale a pena. Amarradão de levar o troféu pra eles”, celebra Filipinho.
Uma vida toda ligada ao mar. Filho e irmão de surfistas, Filipe é pai da Mahina e do Koa. Será que o sangue familiar segue salgado?
“A vontade é essa. Não vai ter pressão nenhuma, mas depois de tudo que eles estão vivenciando, espero que eles peguem gosto pela coisa”.
O ano de 2022 foi de Filipe Toledo, mas também mais uma vez de destaque do time brasileiro. Listei cinco fatos da temporada dos homens e das mulheres. O que será que o campeão mundial destaca destes momentos dos companheiro e adversários de Tour?
No masculino:
– As baterias de João Chumbinho diante do bicampeão mundial John John Florence.
– O tubo nota 10 de Caio Ibelli na etapa de Saquarema (RJ).
– A atuação de Jadson André em Margaret River (Austrália), que garantiu a sequencia na elite.
– A temporada de estreia de Samuel Pupo, com direito ao segundo lugar no Brasil.
– A primeira vitória de Miguel Pupo no Tour, no Taiti.
“Primeiro o Miguel, pela vitória depois de tantos anos no Circuito conseguiu o tão sonhado título, ainda mais em Teahupoo. O Jadson, apesar de ter feito algo incrível, a gente já está acostumado com esse “jeito Jadson”. ele deixa pra última hora sempre, mata a gente do coração, mas sempre consegue. A apresentação do Samuel foi impecável, mandou muito. Superou as minhas expectativas. Levou o Rookie of the Year, então parabéns para os irmãos Pupo”, opina Filipe.
No Feminino
– O título de Brisa Hennessy em Sunset Beach, se tornando a primeira costa-riquenha a vencer uma etapa da elite.
– A volta por cima da australiana Tyler Wright, campeã da etapa de Bells Beach.
– O título de Tatiana Weston-Webb em Jeffreys Bay.
– A estreia oficial de Pipeline e Teahupoo na chave feminina
– A conquista do oitavo título mundial da australiana Stephanie Gilmore
“Tati e Stephanie. A vitória da Tati foi incrível em J-Bay, com altas ondas, campeonato histórico e ela de backside, foi alucinante. E o que a Stephanie fez no último dia ali, não é a toa que ela é a melhor surfista do mundo. Ela merece”, aponta Toledo.
Nos últimos oito anos, seis título para o Brasil. Depois de Gabriel Medina, Adriano de Souza, Italo Ferreira, e agora a vez de Filipe Toledo. Quem vai parar a brazilian storm?