Suellen NobregaApós uma primeira edição desafiadora e cheia de boas histórias em Serra Grande, litoral Sul da Bahia, o projeto Águas de Gaia chega no núcleo da Taíba, em São Gonçalo do Amarante (CE). A partir desta sexta-feira (10), o projeto irá oferecer gratuitamente 10 vivências de surfe e práticas corporais durante o mês de dezembro às mulheres da comunidade local.
Baseado em três pilares: inclusão social, saúde integral e conscientização ambiental, o Águas de Gaia leva lazer, saúde e cultura oceânica de mulher para mulher, por meio do surfe e práticas corporais conectadas com o mar. Com uma metodologia própria, o projeto vai além de uma aula de surfe e oferece uma verdadeira imersão na cultura oceânica e no seu vínculo com o feminino, tornando a experiência terapêutica e até mesmo transformadora.
As vivências serão realizadas até o dia 23 de dezembro, no período da manhã ou tarde, mediante inscrições prévias. Além das práticas, o projeto oferece transporte, duas refeições e cuidadoras para permitir que as mulheres com filhos possam participar. As vagas são limitadas e as inscrições podem ser feitas pelo telefone ou pelas redes sociais do projeto.
“O Águas de Gaia é um desses acontecimentos que salva o mundo. Que salvou o meu mundo”, conta Ariane Matos, jornalista e participante do núcleo Bahia. “Ao participar eu tive muitas curas. Estava com sintomas de ansiedade e afastada do meu trabalho por conta disso, mas após as vivências, me senti motivada a voltar a escrever, a voltar a fazer mais por mim”.
Histórias como a de Ariane, de reencontro e superação, foram comuns entre as mulheres atendidas em Serra Grande. “O projeto é muito conectado a forma como ele é pensado, criado e costurado, oferecendo transporte, alimentação e espaço para as crianças. A mulher se sente realmente convidada e acolhida”, completa a jornalista.
Projeto permanente
Um ponto interessante do Águas de Gaia é que, mesmo após as primeiras vivências oferecidas, o projeto continua em operação. “Nós chegamos, conhecemos essas mulheres que já surfam, que já tem essa familiaridade com o mar, mas que não necessariamente são instrutoras. Passamos, então, o treinamento da metodologia Águas de Gaia, e a ideia é que elas continuem oferecendo as aulas e as vivências, tanto que a estrutura que usamos fica toda para a comunidade, como as tendas, pranchas, lycras”, conta Cristiane Brosso. “Já temos mais 20 vivências confirmadas na Taíba, e a expectativa é que também seja dada esta continuidade, retomando as vivências a partir do início do ano que vem”.
Na primeira edição na Bahia, foram oferecidas 25 vivências em dois meses. Nesse período, foram atendidas 217 mulheres. Dessas, 87 eram da comunidade local, 58 mães foram com os filhos (totalizando 105 crianças atendidas pelas cuidadoras) e 55 dessas mulheres recebiam auxílio do Bolsa Família.
Mais que ser destinado às mulheres, são elas quem fazem parte de toda a operação. A equipe é toda formada por mulheres e locais: instrutoras de surfe e consciência corporal, cozinheiras e cuidadoras. Além dessa equipe fixa e contratada para o projeto, houve também o trabalho de voluntárias que estavam na missão de divulgar e encontrar mulheres.
“O início foi muito desafiador no sentido de encontrar essas mulheres e apresentar o projeto. Fomos de porta em porta e contamos muito com o boca a boca e o apoio de ONGs e facilitadores de atividades gratuitas locais para ganhar a confiança das mulheres locais de bairros mais periféricos”, conta Cristiane Brosso, idealizadora do projeto.
Como se inscrever
Cada mulher ou ONG que tenha interesse em participar, pode entrar em contato pelo telefone 11 93260-8185, e-mail [email protected] ou por meio das redes sociais oficiais do projeto @aguas.de.gaia, no Instagram, e @aguasdegaiaoficial, no Facebook.
