O domingo (20) será de decisão no Circuito Brasileiro de Surf Feminino, que está sendo disputado na Praia de Itamambuca, em Ubatuba (SP). Num encontro de gerações, a atual campeã e competindo “em casa”, Camila Cássia, e a cearense radicada no Rio de Janeiro, Yanca Costa, surfam pelo título da Associação Brasileira de Surf Profissional (Abrasp). O terceiro e último dia de disputas começa às 8h30 e terá transmissão ao vivo pela internet pelo site da Federação Paulista de Surf.
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Neste sábado (19), as duas atletas competiram nas quartas de final e avançaram para a semi mantendo aberta a disputa pelo título 2019. Yanca, 19 anos, tem de chegar à final e ficar da terceira posição para cima, desde que a rival fique, no máximo, em quarto. Já Camila, dez anos a mais, garante o título com a terceira colocação. As duas atletas não pensam em contas e são semelhantes em seus pensamentos.
“Nem sei que lugar tenho de ficar para ser bicampeã. Só quero fazer o meu trabalho, passar cada bateria. Meu objetivo é ganhar a etapa”, afirmou Camila, que garantiu a maior média do evento até agora, com 16.57 pontos de 20 possíveis, nas duas melhores ondas. “Gosto muito de surfar aqui, na esquerdinha para o canal e meu back side está bem encaixado”, ressaltou.
Yanca, que venceu a etapa inicial do Circuito em Ubatuba, tem um discurso parecido e descarta a pressão. “Estou pensando só em bateria por bateria nessa etapa. Quero surfar. Se der para ganhar o título, será muito bom. Com pressão não funciono muito bem. Estava bem instigada no começo do ano, mas agora deu uma calma. Nem vi o ranking, não faz muito bem para mim”, destacou.
O sábado foi repleto de grandes disputas, com a participação de atletas de sete estados e também da Argentina, Peru e até do Havaí. As competidoras vindas de outros países comemoram a presença e enaltecem o alto nível técnico, o ambiente favorável e a organização como fatores que as levaram a participar.
Entre elas, está a argentina Josefina Ane, vitoriosa já em duas etapas do QS e que está no Brasil para treinar. “Venho sempre treinar e competir, porque são muito boas. Já tinha ouvido falar desse campeonato e gostei muito. Quero voltar no ano que vem”, falou a surfista de 21 anos, que é Mar Del Plata.
Já Marina Fonseca, 13 anos, veio do Havaí para competir em Ubatuba, depois de acompanhar o campeonato pela internet. Ela é filha do ex-juiz do Circuito Mundial, Rômulo Fonseca, o Rominho, que mora no arquipélago há 30 anos. “Eu sempre quis vir. Adorei. Tem uma vibe muito boa, é muito legal”, falou a surfista, que compete no Circuito Havaiano e mora em Oahu.
O pai também gostou muito do evento. “Era um sonho dela competir aqui. A gente sempre acompanha e é muito legal. O surfe feminino estava por baixo no Brasil, o Wiggolly deu essa força, e agora está cada vez mais forte. Acho que tem tudo a ver, só meninas, essa praia linda”, diz Rominho, que foi juiz da ASP (hoje WSL) de 1989 a 98. “Depois fui técnico do Victor Ribas, Guilherme Herdy, Renan Rocha. Hoje consigo passar para ela a minha experiência”, contou.
Apesar dos dez anos, a peruana Catalina Zariquiey é a mais experiente entre as estrangeiras no evento, competindo pela terceira vez seguida e tentando a terceira vitória seguida na Sub 10. Na etapa anterior, a atleta teve uma nota 9.40, a maior entre todas as competidoras.
Entre as disputas de sábado, destaque para o Longboard, com atletas experientes no mar como Thiara Mandelli e Mayna Thompson, que também viram suas filhas Luara Mandellli e Lanay Thompson competindo na nova geração. As duas mães garantiram vagas na final junto com Aylar Cinti, que também já venceu em Ubatuba, e Daniele Guimarães. Já na Sub 16, a catarinense Kiany Hyakutake foi a melhor na semi e está na final junto com a baiana Sol Carrion, a carioca Mariana Areno e o talento local Nairê Marquez, um dos grandes destaques na etapa anterior.
Wiggolly quer mais – Criador do campeonato há cinco anos, o surfista Wiggolly Dantas comemorou mais uma edição de sucesso do campeonato exclusivo para a categoria feminina. Mais ainda, vibrou com a realização de três etapas num mesmo ano e já planeja aumentar a dose para 2020. Ele não só prestigiou o evento, como participou ativamente, nas aulas de surf para alunos da comunidade indígena.
“É muito gratificante fazer as três etapas esse ano. Sonhava em fazer um circuito e esse ano consegui. Nem acreditava que conseguiríamos. Fiquei muito feliz”, festejou. “Já era para estar no Havaí, acabei não viajando ainda para prestigiar as meninas aqui nessa última etapa e ver o sorriso no rosto de todas. A estrutura está incrível, todo mundo que trabalha comigo feliz”, reforçou.
Guigui também fez questão de lembrar todos que colaboraram na realização da competição: “Vamos dar continuidade e ano que vem e vamos ver se temos mais etapas. Esse é meu foco”, revelou o surfista, que agora viaja para o Havaí, para disputar as três últimas etapas do QS, em busca de seu retorno à elite mundial. “A esperança é voltar. Havaí é um lugar que me sinto muito à vontade, é minha segunda casa. Estou bem focado e se fizer um resultado muito bom, praticamente estou dentro”, afirma o atleta de 29 anos, que aparece na 48ª colocação no ranking, com 7.760 pontos, tendo em jogo ainda 23 mil pontos.
Fora do mar, a estrutura do evento impressiona com várias tendas para dar conforto às atletas e realizar variadas ações, com brincadeiras, massoterapia e apresentações de capoeira. Também chamou a atenção neste sábado a visita de jovens da tribo indígena Itaxim, de Paraty, que conheceram o campeonato e tiveram aulas de surfe.
Idealizado pelo surfista Wiggolly Dantas, o Circuito Brasileiro de Surf Feminino em Ubatuba é resultado de convênio firmado entre a União, por intermédio da Secretaria Especial do Esporte, do Ministério da Cidadania e a Prefeitura Municipal de Ubatuba. Patrocínio: Wizard by Pearson, Radical Times, Ubadesklimp e Ubasurf Motors. Apoio: Banana Wax, Padaria Itamambuca, Gangster e Quiosque Tia Albertina, Dantas e ONG Esmeralda. Colaboração: Fisioterapia Sérgio Neri, Pono Beachwear, Gigi Watery, Silva Indaiá Supermercado, Floricultura Rosa de Sarom, Pizzaria São Paulo, Lazybbag, EaD Unitau, Byrne e Firma. Divulgação: Waves e FMA Notícias. Supervisão técnica da Associação Brasileira de Surf Profissional (Abrasp), Federação Paulista de Surf e Associação Ubatuba de Surf (AUS).