“O que está acontecendo com Tyler Wright?”. A ausência da bicampeã mundial em boa parte da temporada vinha gerando uma grande curiosidade não apenas entre os fãs do surfe, como também em boa parte da imprensa especializada.
Muitos esperavam a participação da australiana na etapa final, em Maui, principalmente porque Tyler ocupa a 11a posição no ranking que garante as dez primeiras na próxima temporada. Porém, a australiana segue afastada das competições e vai precisar do wildcard em 2019.
Para esclarecer o motivo da longa ausência, a World Surf League produziu uma entrevista com a atleta.
Você saiu oficialmente do último evento da temporada – o Beachwaver Maui Pro – e não te vemos com a lycra desde Uluwatu. Pode explicar o que aconteceu este ano?
Eu fiquei doente em julho, durante a etapa em J-Bay. Tinha ido cedo à África para surfar e me preparar. Eu adoro o J-Bay e fui no ano anterior apenas para surfar, além disso, achei que pegaria algumas ondas antes que a galera chegasse lá. Então, fiquei feliz em surfar.
Comecei a me sentir mal quando fui em um safári durante a noite. Minha cabeça estava em chamas e meu corpo também. Eu nunca me senti assim antes e na verdade eu chamei o Mikey (irmão de Tyler), que disse que achava que eu precisava ir ao médico. Eu não queria acreditar nele, então liguei para Jessi (vice-comissária da WSL) e disse a ela como eu me sentia e ela estava tipo ‘por favor, vá para o hospital’. Mikey organizou a equipe médica e depois fomos de lá. Eu tive que ir para Port Elizabeth, onde fui internada através da Emergência.
O diagnóstico oficial em J-Bay, no hospital, foi Influenza A. Eu passei um tempo no hospital e depois voltei para J-Bay, onde fui tratada e fiquei perto da equipe médica. Eu não podia viajar até minha febre diminuir por 48 horas e fiquei na cama por provavelmente dez dias. Depois eu perdi 8 kg e, em um momento, nós achamos que eu também tinha Pneumonia. Não me lembro de ter comido por uma semana. Foi o mais doente que eu já estive na minha vida.
Então, agora, fui diagnosticada com Síndrome Pós-Viral por contrair a gripe A. Estou praticamente lutando contra a fadiga crônica, que é um verdadeiro desafio. As pessoas pensam que é apenas ficar cansada e, embora tenha muito a ver, é mais do que isso.
Você já tentou competir desde então?
Eu realmente ia tentar competir no Surf Ranch Pro porque eu pensava que de todos os eventos do calendário, era o único que eu conseguiria lidar melhor, com o horário definido, o número de ondas, etc. Voei para a Califórnia por isso, foi assim que me convenci.
Eu cheguei cedo com a ideia de que eu iria e veria Mark Kozuki (fisioterapeuta radicado na Califórnia), porque ele sempre me consertou, e então fui para Lemoore para os dias de treinamento. Fui e vi Kozuki no dia em que desembarquei e, literalmente, mudei meu voo para o dia seguinte e voei para casa. Passei uma noite na Califórnia.
Você pode descrever em que consiste seu regime de recuperação?
Tenho visto um monte de médicos diferentes, incluindo um especialista em Sydney. É difícil porque a Fadiga Crônica é bem difícil de tratar. Eu tenho descansado muito, comendo direito, tomando ervas e lendo Harry Potter, que é minha nova coisa favorita. E eu tento nadar um pouco todos os dias, isso é um destaque para mim.
Como ficou a sua cabeça assistindo ao resto do Tour desta temporada? Há alguém que você esteja torcendo para ir bem em Maui?
Tem sido interessante assistir ao Tour daqui, quando me sinto bem e posso. Eu nunca estive fora dos eventos… Estive lesionada antes, mas nunca tirei uma folga, então isso é novo para mim, estar realmente doente e perceber que eu não posso simplesmente superar isso. No ano passado, não era negócio surfar com a minha lesão no joelho, mas eu decidi que iria, e fiz. É diferente desta vez.
Eu sempre olhei para Steph, então estou torcendo por ela e espero que ela vença. Lakey teve um ótimo ano e eu estou orgulhosa dela por dar um passo à frente.