Após se curar de um câncer de mama e de lançar um site sobre o tema, a surfista Roberta Borsari acaba de fazer uma viagem autoral pelo Sri Lanka. Ela escolheu o país – indicado pelo guia Lonely Planet como o melhor do mundo para se visitar em 2019 – pela qualidade das ondas e e também pelas profundas conexões com a medicina ayurveda, que foi um dos pilares de seu tratamento e significa “ciência da vida” em sânscrito.
Como a paulistana viajou com o objetivo de percorrer o destino com um SUP como parte de seu projeto “SUPTravessias”, que narra histórias e curiosidades de ilhas através de conteúdos multimídia, ela concentrou a visita no litoral sul do país, a cerca de três horas da capital Colombo, onde estão as praias de Weligama, Mirissa e Kabalana, ideais para surfe e remadas.
Boa parte das explorações de Borsari aconteceu a bordo de um tuk tuk. “Os motoristas estão super acostumados porque o Sri Lanka é um destino de surfe. Toda a costa é recheada de bancadas de fundo de coral e alguns fundos de areia, que chamamos de beach breakers, e os tuk tuks têm uma espécie de rack, com fita para amarrar a prancha. Por isso, são uma maneira incrível e prática de explorar o litoral. Os motoristas dão as dicas e em cada dia você surfa numa praia diferente. Além disso, todo dia é possível surfar boas ondas, já que o destino é super constante e com estações bem definidas”, explica.
Segundo ela, a viagem foi muito interessante porque a deixou em contato permanente com a cultura litorânea, com a pesca, que é totalmente artesanal e feita em embarcações bem rústicas, bonitas e coloridas, com os mercados de peixes e frutos do mar e com os famosos pescadores das estacas, imagens icônicas do Sri Lanka. “Eles passaram a pescar de dentro da água em períodos de fome para aumentar as possibilidades de achar peixes, e mantêm este hábito até hoje”, narra ela, que completa: “É um destino preservado pelo tempo, ainda não invadido pela cultura ocidental, onde até a sinceridade das pessoas parece estar intacta”.
O Sri Lanka também é um dos melhores lugares para observação de elefantes, especialmente no parque nacional Udawalawe, que tem 30 mil hectares e onde também é possível ver búfalos e muitos pavões. “Foi incrível fazer o safári, uma grande oportunidade para ver os animais no seu ambiente natural. É um passeio imperdível”, afirma.
O caminho de quase três horas até lá é uma grande atração, uma experiência por si só. “Na estrada dá para ver macacos, pássaros dos mais diferentes tipos e cores, morcegos, etc, e você nem sente o tempo passar. Você vai vendo as comunidades, conversando com o motorista, que é também o guia, e as estradas são recheadas de chás, pimentas, especiarias como canela e campos de cultivo de arroz. É como se fosse uma viagem no tempo. Foi uma das principais impressões que tive”, relata.
A gastronomia é outro fator que impressiona, com especiarias nativas que parecem ter saído direto da estrada para os pratos. A comida rotineira é composta de arroz, lentilha amarela, peixes e frutos do mar ao curry, vegetais, batatas e chutney de manga, e é muito apimentada, aliás, uma das mais apimentadas de toda a Ásia. “Se você perguntar se um prato é apimentado, eles respondem que não, mas o condimento que eles usam é muito forte. Até os vegetais são muito apimentados, apesar de deliciosos. Então não tem como comer sem deixar uma garrafinha de água por perto. Existem opções, claro, mas se quiser conhecer a comida tradicional, característica do dia a dia deles, tem que enfrentar a pimenta”, brinca.
Roberta ainda visitou uma plantação de chás e a fábrica Herman, uma das mais tradicionais do país, que é uma das principais exportadoras para o mundo todo, principalmente para a Inglaterra, e, por isso, obrigatório para os fãs da bebida.
“Experimentei o chá branco, que é o mais puro e antioxidante do mundo, com uma série de certificações, e que durante o preparo não tem contato com a pele humana para não perder seus nutrientes. Mas até o mais básico chá preto tem sabor especialíssimo graças à qualidade da planta”.
Sobre a atleta A paulistana Roberta Borsari manteve-se no top 10 do circuito mundial de kayaksurf por mais de 10 anos, foi a primeira mulher a surfar de caiaque a pororoca do rio Araguari, na Amazônia, e realizou diversas travessias inéditas de SUP pelo mundo.
Entre as melhores experiências culturais aliadas às boas ondas que já surfou por seu projeto SUPTravessias, ela destaca o contato com as espécies endêmicas de Galápagos, no Equador, a arqueologia da Ilha de Páscoa, no Chile, as belezas naturais das Maldivas e os costumes polinésios de Moorea, no Taiti. Ao final de cada expedição, sempre narra, através de conteúdos multimídia, as histórias e curiosidades de cada destino em seu sites Roberta Borsari e SUP Travessias.
Roberta também foi a primeira atleta a receber autorização do Ministério do Meio Ambiente para realizar a travessia em Stand Up Paddle em mar aberto até o arquipélago de Alcatrazes, no litoral paulista, e já fez a circum-navegação de Fernando de Noronha.