Recordista mundial

Maya anuncia aposentadoria

Pioneira no cenário feminino de ondas gigantes, Maya Gabeira anuncia despedida do surfe profissional.

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A big rider Maya Gabeira anunciou na terça-feira (21) a aposentadoria do surfe profissional de ondas gigantes em um vídeo no seu perfil do Instagram. Maya está com 37 anos e marcou história em 2020 ao surfar uma onda gigante de 22,4 m em Nazaré, Portugal, o maior feito já registrado por uma mulher.

Na legenda do post, Maya agradece ao esporte. “Obrigado, surfe de ondas gigantes. Obrigado, surfe profissional. Obrigado a todos. E a vida sussurrou para mim: ‘O que você está esperando? Maya, você pode ir agora. Você sobreviveu. E agora você está pronta para viver'”.

Feitos de Maya – Além do recorde de maior onda surfada em 2020, Maya conquistou por cinco vezes consecutivas o prêmio de Melhor Performance Feminina no Billabong XXL Global Big Wave Awards (de 2007 a 2010 e em 2012), consolidando seu status como a melhor surfista de ondas gigantes do mundo.

Depois de um acidente grave em Nazaré em 2013, quando quase perdeu a vida, Maya demonstrou uma força incrível ao se recuperar e retornar às ondas gigantes.

Maya foi a primeira mulher a surfar no Mar do Alasca em 2009 e venceu, também em 2009, a Melhor Atleta Feminina de esportes de ação no prêmio ESPYS. A big rider também ganhou o Nazaré Big Wave Challenge, em janeiro de 2024.

E para quem não sabe, antes de se tornar uma lenda do esporte, Maya teve uma coluna no Waves por muitos anos, em que ela descrevia suas aventuras e experiências no esporte.

Confira o anúncio completo:

“Eu só queria vir aqui e desejar feliz ano novo. Muito obrigado por todo o apoio e amor que vocês me deram nesses anos todos. Foram 20 anos surfando ondas gigantes. Estou finalmente pronta para me afastar do surfe profissional e do surfe de ondas gigantes, e encontrar alguma outra coisa. Cumpri o meu propósito. Quando comecei essa vida era impensável que uma mulher competisse com homem, que uma mulher fosse surfar a maior onda do ano entre homens e mulheres, que Nazaré existisse, que recordes mundiais para mulheres existissem. Tanta coisa mudou. Há tantas mulheres hoje em dia. Sou muito orgulhosa e honrada por ter sido parte da transformação dessa indústria, desse esporte, desse estilo de vida. Ele me mudou também. Digo isso para as pessoas que me apoiaram, me ajudaram e para as pessoas que me desafiaram, me criticaram, por vezes me odiaram, mas eu entendo. Eu era osso duro de roer. Eu queria demais, queria aprender e queria viver coisas que nem todo mundo entenderia o porquê, mas fiz. Foi difícil para mim não me sentir ferida às vezes, mas tudo serviu seu propósito. Muito obrigado por prestar atenção em mim, me enviarem suas energias, seus pensamentos, seu amor, seu apoio. Senti isso, e me mudou em tantos jeitos. Eu deixei o Brasil tão jovem e não sabia o que faria da minha vida. Vivi em muitos países. Basicamente é como se o inglês fosse minha primeira língua a essa altura. Aprender diferentes línguas, aprender diferentes culturas, diferentes trabalhos, de escritora a ativista. Tive tantas oportunidades incríveis no meu caminho e sou muito grata. Vou continuar fazendo muitas dessas coisas, mas é a hora de me afastar do surfe profissional. Esse é meu último mês em Nazaré e estou curtindo cada momento. Não há nada como acordar e pensar: “Essa pode ser a última vez que vejo ondas como essas.” Sabe, ser ressuscitada e ter uma experiência real de como quão rápida a vida pode ir embora. Ainda me encanto com a perspectiva que a gente pensa sobre as coisas pode nos dar um novo jeito de experiência, do dia, do pôr do sol, do nascer do sol. Então quis vir aqui e dizer o quão grata eu sou por todos, pelo amor, pelo apoio, pelos desafios, pelas críticas, pelo ódio, por tudo que me fez ser quem sou. Agora estou pronta para seguir em frente e continuar servindo e levando uma vida com propósito. Espero impactar mais a vida das pessoas. Acho que é para isso que estou aqui. Estamos aqui para mudar a gente. Com esperança isso pode levar outros a mudarem a si mesmos. Entrei no surfe para me entender e pela liberdade que me dava. E estou me afastando do surfe me sentindo tão livre, com a mente tão livre, com o coração tão completo. Não tenho arrependimentos. Sei que escolhi a carreira certa. Nos primeiros anos da minha vida e eu era sábia quando deixei minha casa ainda adolescente. Sem saber o que diabos iria fazer, mas sentindo meu coração palpitar pelo surfe. Fui abençoada. Obrigada por fazer parte disso”.

 

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