Depois de 24 anos de parceria, a havaiana Bethany Hamilton saiu da Rip Curl. Por outro lado, a marca australiana promoveu uma nova campanha publicitária com a atleta transgênero Sasha Lowerson, de 44 anos, o que acendeu o debate público nas redes sociais e levantou uma série de polêmicas.
Segundo a revista australiana News, a separação entre Rip Curl e Bethany Hamilton em 2023 foi amplamente especulada por estar relacionada à posição de Hamilton no que diz respeito aos atletas transgêneros. Bethany já havia declarado ser contra mulheres trans competirem junto com mulheres.
Male-bodied athletes should not be competing in female sports. Period.
— Bethany Hamilton (@bethanyhamilton) January 29, 2024
Na última segunda-feira (29), em sua conta do X (antigo Twitter), Hamilton publicou: “Atletas masculinos não deveriam competir em esportes femininos. Ponto final”. O tweet teve dezenas de milhares de reações em questão de horas.
De acordo com a Sky News, Lowerson é uma longboarder profissional da Austrália que competiu e venceu alguns campeonatos na categoria masculina até 2019, quando se chamava Ryan Egan. Após a transição, Lowerson foi autorizada a competir como mulher e ganhou eventos no feminino.
Ainda segundo a Sky News, Lowerson falou em um podcast no ano passado que “era um bom surfista júnior, surfava contra homens adultos aos 14 anos e ganhava”.
Sasha foi destaque da marca antes, fazendo sua primeira aparição em agosto de 2023. A publicação foi removida, mas vários seguidores se mobilizaram em posts recentes da Rip Curl nas redes sociais em protesto.
“Vocês não se importam com as mulheres, parem de fingir”, escreve uma mulher. Outro diz: “boicotando sua empresa. Aproveite o seu momento Bud Light (marca de cerveja que também teve polêmica ao usar uma mulher trans em propaganda)”.
“Eu também estou com Bethany Hamilton. Devia ter vergonha. Por que é que todas estas empresas têm de seguir a multidão quando sabem que estão erradas? Homem não é mulher, você já sabe disso. Levante-se, Rip Curl, e faça a coisa certa”, fala um usuário.
“Rip Curl sempre foi uma das minhas marcas favoritas, que chatice. Nunca mais vou gastar um centavo com eles”, expressa outro.
Entidades autorizam
A WSL adotou oficialmente a política da ISA para a participação de transgêneros no início de 2023. A ISA é reconhecida pelo Comitê Olímpico Internacional como a entidade mundial do surfe.
A política estipula que os atletas homens ao nascer devem manter níveis específicos de testosterona continuamente durante os 12 meses anteriores para serem elegíveis para competir em um evento feminino.
Ícones do surfe, incluindo Hamilton e Kelly Slater, defenderam imediatamente uma divisão para transgêneros no esporte após o anúncio.
Hamilton questionou as regras hormonais, afirmando: “Quem decidiu que as regras de 12 meses de testes de testosterona fazem dela uma mudança justa e legal?”.
O onze vezes campeão mundial masculino, Slater também endossou ser contra, dizendo: “Faça uma divisão trans e não teremos essa confusão”.
Lowerson disse no ano passado que não se sentia apoiada no esporte antes da WSL mudar sua postura em relação aos atletas trans. “O que mudou foi que antes eu não me sentia segura”, relata Lowerson à Outside.
Riley Gains, ex-nadadora norte-americana e ativista declarada contra mulheres trans nos esportes femininos, respondeu a uma notícia recente sobre a última campanha da Rip Curl. “É encorajador ver tantas pessoas respondendo que estão jogando fora suas roupas da Rip Curl e prometendo não comprar da marca novamente”, fala.
A Rip Curl é uma empresa forte na indústria surfwear e uma das exportações de varejo mais populares da Austrália. Foi fundada em Torquay em 1969 e rapidamente se tornou um fenômeno internacional. Após 50 anos, a marca foi vendida para Katmandu por US$ 350 milhões (R$ 1,7 bilhões) em 2019.
Leia mais
Nova política já está em vigor
Surfista trans vence na Austrália
Transgêneros na categoria feminina?