Gladson Calarezi Dezen, conhecido carinhosamente como “Alemão” entre os amigos, é um exemplo vivo de dedicação e paixão pelo surf. Aos 42 anos, ele possui uma trajetória inspiradora, com 32 anos dedicados ao esporte. Originário de São Paulo, na Grande Metrópole, Gladson sempre conciliou a vida agitada de chaveiro – profissão herdada dos pais – com a prática do surfe, sua verdadeira paixão.
Nascido e criado em Osasco, Gladson é um dos poucos surfistas da região que conquistaram as famosas ondas grandes de Maresias, em São Sebastião, Litoral Norte de São Paulo. Sua jornada no surfe começou cedo, aos 10 anos, durante visitas aos avós em Ilha Comprida, onde se encantou pelas grandes ondas de Pedrinhas.
“Tudo começou em Ilha Comprida, depois conheci as ondas do Guarujá, e com o tempo fui conhecendo outros picos irados do surfe como Ubatuba, e as praias do litoral norte de São Sebastião-SP”, destacou. No entanto, o caminho até encarar as morras de Maresias foi repleto de desafios que testariam a perseverança de qualquer um.
Em 2000, um grave acidente o deixou em coma por dois dias e de cama por quatro meses, com fraturas na clavícula e na bacia em sete lugares. Após reaprender a andar, ele enfrentou outro incidente ao ser atingido por um coice de cavalo, resultando em quatro cirurgias e um enxerto. Ainda houve uma ocasião em que sua mão ficou presa na parede enquanto manobrava uma carreta de Jet Ski, causando um corte profundo que, felizmente, não resultou em fraturas ou lesões nos tendões.
Formado em educação física, casado há 18 anos com Glauce Bassi Dezen e pai do Yohan Bassi Dezen, de 13 anos, Gladson acredita que o apoio da família e os exercícios e uma alimentação equilibrada são fundamentais para manter-se preparado para os grandes swells de Maresias, especialmente quando não pode surfar diariamente. Seu preparo físico é um dos segredos para enfrentar as ondas gigantes que tanto o fascinam.
“Sempre que entrar um swell estou me direcionando para dentro dele”, disse o atleta que conta com o apoio da marca Bad Boy.
Além de sua trajetória no surfe, Gladson também tem um histórico de atuação social. Ele participou ativamente no resgate das vítimas das enchentes no Rio Grande do Sul, um dos momentos mais marcantes e tristes de sua vida.
“Foi um momento que me fez aprender mais sobre valorizar a vida. Pude presenciar momentos de terror, com a criminalidade, criminosos armados invadindo as casas saqueando e tomando outras embarcações que ali estavam para salvar vidas. Muito triste. Porém, ao mesmo tempo, pude ajudar a dar um pouco do meu tempo para aquelas famílias que precisavam de um abraço de um companheiro de verdade. Crianças desesperadas, famílias separadas, uma cena de guerra. Fico emocionado até hoje em lembrar daqueles momentos”, ressaltou.
Gladson não surfa apenas pela adrenalina e pelo amor ao esporte. Para ele, o surfe representa liberdade, interação com a natureza, desafios constantes, superação e uma satisfação profunda da alma. É esse espírito que o mantém firme e dedicado, sempre buscando as melhores ondas e convivendo com grandes nomes do surf brasileiro, como Carlos Burle, Alemão de Maresias, Rodrigo Koxa, Vitor Faria, Michaela Fregonese, Silvia Nabuco, Ian Cosenza e Michelle des Bouillons, e muitos outros.
Alemão é mais do que um surfista; é um exemplo de resiliência e paixão. Sua história inspira a todos que acreditam que, com dedicação e amor, é possível superar qualquer obstáculo e alcançar seus sonhos, mesmo vindo de uma “selva de pedra”. “Agora, meu próximo objetivo é Nazaré. Tenho aumentado a frequência dos treinos fora e dentro do mar e conto, para este projeto, conseguir um bom patrocínio e apoios para encarar este novo e futuro desafio. Portugal, me aguarde!”, falou.
Alemão também aproveita os treinos em Maresias para ganhar mais experiência na pilotagem de jet ski. “Além de surfar as ondas grandes é preciso saber comandar um Jet Ski, ter o tempo certo de colocar o parceiro no ponto da onda para que ele aproveite o máximo e também ter uma grande atenção na hora de um resgate. Tenho focado nesses treinos também para quando chegar a minha vez em Nazaré ter toda a técnica bem lapidada, apesar de saber que a realidade de Nazaré é muito diferente da de Maresias. Mas, para este projeto sair do papel, estou em busca de um patrocínio forte e que acredite em mim, além de bons apoios. Estou trabalhando para isso. Se alguém se interessar é só me procurar”, finalizou, sorrindo.