A cidade de Imbituba (SC) elegeu o surfista Michell Nunes, mais conhecido como Peninha, como prefeito pelos próximos quatro anos. Para muitos, a carreira de Michell é lembrada principalmente nos campos de futebol, onde atuou por diversos clubes de Santa Catarina e teve o ápice ao jogar pelo Grêmio em 2006, time da Série A do Campeonato Brasileiro.
No entanto, foi no time de Imbituba, entre 2009 e 2010, quando disputou o Campeonato Catarinense, que Michell mais se destacou, voltando às suas origens. Sobrinho de Antônio Nunes, o Lico, que atuou pelo Flamengo na década de 80 e se tornou campeão mundial de clubes, Michell tem raízes profundas no esporte.
O que poucos sabem, além dos surfistas de Imbituba, é que o Peninha começou sua trajetória esportiva no surfe. Ele disputou diversos eventos pela Associação de Surf Imbitubense (ASI) nos anos 90 antes de se dedicar ao futebol. Mesmo com a carreira no futebol, Michell continuou sendo um surfista dedicado, considerando a modalidade um de seus principais alicerces.
Apoiado pelos surfistas da cidade, Peninha ascendeu na política ao disputar a última eleição municipal, em 2020, e se eleger vereador. Mesmo lá, muitos já o viam como candidato a prefeito, mas ele precisava ter um primeiro contato com o legislativo, pois, como ele mesmo define, “ajudou muito a entender toda a estrutura da prefeitura”.
O ex-prefeito de Imbituba e atual Senador da República, Beto Martins, que vivenciou a vinda do antigo WCT da WS) para Imbituba entre os anos de 2003 e 2010, foi um dos principais incentivadores de Peninha na última eleição, dividindo-se entre o Senado Federal e a campanha do vereador.
Redes Sociais“Uma das principais bases da minha entrada para a política foi o surfe, as associações de surfe, principalmente a ASI, e tudo que envolve o esporte, o meio ambiente e a minha cidade. Nada disso aconteceria sem que tudo isso contribuísse para minha ascensão na política e a possibilidade de ocuparmos estes espaços e fazer algo realmente positivo para Imbituba”, diz Michell Peninha.
Além de tudo isso, Peninha ainda escolheu para ser sua vice-prefeita uma mãe de surfista, Madalena Nunes, e que foi uma referência à frente da Secretária de Saúde de Imbituba.
Dois vereadores surfistas
A Câmara Legislativa de Imbituba é composta por 13 vereadores, e apesar de já ter contado com apreciadores do esporte na cidade, até então, nunca tantos surfistas estiveram em sua composição numa mesma legislatura. Mateus Gelinski e Darlan Back tiveram uma campanha corrida.
@mih_shelly / Redes SociaisDarlan e Matheus dividem a paixão pelo surfe bem como outros esportes. Darlan adorava a surfar na praia do Porto, aos 14 anos quando começou. “Colocava o rack bicicleta e partia para o surfe junto com meu amigo Vagner. No inverno passava trabalho, tinha umas roupinhas de borracha rasgadas, creio que o padrão de todos os surfistas em Imbituba quando começavam a surfar”, fala.
Além do surfe, Darlan já praticou – e ainda pratica – várias outros esportes, como ciclismo, wakeboard, sandboard, futebol, e agora achou um nova paixão, o snowboard, que ele vem praticando na Snowland, em Gramado (RS), além de já ter descido uma montanha no Chile. Mas, aos 37 anos, seu foco agora está no kitesurf. “que eu pretendo fazer umas aulas, enfim, todos os esportes que tem prancha eu estou dentro”, comenta Darlan.
A vida política de Back despertou durante a pandemia. “Tivemos muitas perdas e a supressão da nossa liberdade, de não poder nem surfar na praia, um local aberto, enfim, foram certas coisas que começaram a chamar a atenção e me despertou para a política. E dali pra frente, juntamos um grupo de amigos e começamos a ver como contribuir para a política de Imbituba, e a forma foi lançar alguém com as nossas ideias, mas não era exatamente o que eu queria pra mim, mas acabou sendo um chamado”, fala.
Surfe de base e sua socialização são as principais metas de Darlan para Imbituba. “Temos grandes surfistas em Imbituba, como Fabio Carvalho, Leo Barcelos, Anderson Jr., até o próprio Michell Peninha se não fosse para o futebol seria um grande talento do surfe, temos vários campeões que não são tão reconhecidos, e a ideia é fomentar projetos sociais e ajudar a galera se desenvolver”.
Redes SociaisJá Matheus Gelinski veio morar em Imbituba aos 3 anos de idade, hoje com 30, e ele conta um pouco de sua trajetória. “Uma coisa que nos prendeu aqui foi a praia. Sempre tive amigos envolvidos com o surfe, e com 10 anos de idade me descobri surfista. Participei da escolinha de surfe do Fabinho Carvalho no Castelinho, e ficava entre o surfe, o futebol e o vôlei. Foram os três esportes na minha adolescência”.
“O interesse (na política) veio ainda na adolescência, no ensino médio, quando participei do Grêmio Estudantil e era líder da sala. E hoje, com 30 anos, sou barbeiro e tenho três filhos. Podem esperar que vou dar apoio total ao surfe e ao esporte de nossa cidade. Fomentar escolas de surfe será um dos meus focos principais, não pode nossa cidade ser um palco nacional no surfe e não ter incentivo social para isso, além do centro de treinamento da ASI algo que vamos lutar muito”, destaca Matheus Gelinski.
No meio ambiente, na sustentabilidade e no esporte, Gelinski comenta que “uma das coisas que eu mais falo é do saneamento básico, nossa cidade não tem nem 3% do esgoto tratado, e vamos lutar por soluções, urgentemente, junto com o executivo para melhorar a sustentabilidade de Imbituba. Ter um prefeito e dois vereadores surfistas é certeza que estaremos na luta diária para levar isso e o surfe ao cenário nacional, tanto com atletas quanto com eventos”.
Fonte Surfemais