Local da praia do Itararé, Monique Pontes, 32 anos, garantiu-se entre as 30 melhores longboarders no ranking mundial da World Surf League (WSL) após disputar no último mês duas provas internacionais, na Espanha e Estados Unidos. Com recursos próprios, ela bancou sua participação na temporada e surfou em ondas de três continentes (no primeiro semestre competiu também na abertura do mundial na Austrália).
Com uma participação estratégica, focou na busca de pontuação (seeding) para melhorar seu posicionamento nas próximas temporadas. “Os surfistas mais bem ranqueados após a última etapa em Taiwan entram nas fases mais avançadas da competição. Os top 8 da categoria masculina e feminina serão os cabeças de chave da rodada de 24 surfistas e os colocados entre top 9 até 16 entram na segunda rodada de pré-classificados, junto com os campeões regionais dos escritórios que realizam eventos LQS”, explica Monique.
Top 5 do circuito brasileiro, em relação às duas últimas viagens, ela ressalta a surpresa com as ondas de Nova Iorque. “Foi a prova que tive o melhor desempenho, avancei algumas fases, mas acabei me acidentando com a prancha e isso tirou um pouco a concentração na bateria. Mas, no geral a cidade é incrível e as ondas muito boas, gostei muito Long Beach. Uma cidade cosmopolita com um litoral incrível”.
De volta pra casa, o foco volta-se para provas regionais e nacionais. Neste fim de semana, ela prestigia a etapa do Circuito Vicentino de Surf na cidade que escolheu para viver e treinar. Na semana seguinte, parte para a Bahia aonde disputa o Nosérider Festival, evento que promete reunir grandes nomes da modalidade na praia do Flamengo. Depois entre 18 a 20 de outubro é a vez da etapa final do circuito brasileiro em Ubatuba. Por fim, entre os dias 8 e 10 de novembro ela parte para Maresias aonde acontece mais uma etapa do sul-americano da WSL, em São Sebastião.
Depois a expectativa volta-se para a etapa que define o World Longboard Championship em 2019, em Taiwan, e fecha a temporada com premiação de US$ 60 mil para os homens e também para as mulheres no único evento valendo 10 mil pontos no ranking mundial. Para participar é necessário estar entre as 24 melhores do ranking, mas um convite da WSL pode favorecer Monique a competir na China. “Duas atletas já receberam convites, então estou no aguardo, porém sei que depende de vários fatores”.
No início do ano, Monique subiu ao pódio em duas etapas do circuito Brasileiro (Jericoacoara e Ubatuba). “Nessa primeira parte do ano, me dediquei bastante ao circuito brasileiro e consegui fazer pódio em duas etapas. Também disputei o mundial na Austrália e no Rio de Janeiro. E acabo de chegar de duas provas aonde conquistei mais experiência e me garanti entre as 30 melhores do ranking da World Surf League. Um ano intenso e muito produtivo”, diz a surfista.
Trajetória Praticante de atividade física desde a infância, Monique passou por diversas modalidades até encontrar o surf há cinco anos e dar uma guinada na vida, tornando-se uma das principais atletas do país na modalidade longboard.
“Pratico desde a infância. Como a maioria das meninas iniciei minha vida no ballet, passei por outras modalidades de dança como jazz, dança de rua e de salão, mas aos 13 me encontrei mesmo no jiu-jitsu. Aos 15 aos fui campeã paulista categoria Pena e ainda tinha dúvidas se faria faculdade de Medicina ou Educação Física, mas optei pela esporte”, explica ela.
Uma contusão a tirou do jiu-jitsu, até que depois de formada teve contato com o Stand Up Paddle. “Esse esporte me levou até a Raia Olímpica da USP e lá conheci um dos meus esportes mais amados: Canoa Havaiana. Durante quatro anos me dediquei intensamente ao esporte, consegui integrar as duas maiores equipes de canoa no Brasil e conquistei dois vice-campeonatos brasileiros”.
Paixão pelo longboard No final de 2014, formada e com seis anos de carreira profissional como educadora física, Monique encarou uma mudança para São Vicente. “Foi ai que o surfe entrou na minha vida. Antes praticamente não existia. Tinha um contato superficial por conta do meu marido (João Renato Moura, waterman campeão brasileiro e medalha de prata no Sul-Americano de canoa havaiana).
Quando íamos a praia eu o via surfando as vezes até arriscava. Mas foi em 2014 que entrou na minha rotina”. Em 2016, encarou sua primeira competição. No ano seguinte surpreendeu ao ficar com a quarta colocação no Circuito Brasileiro e terminar o ano como quarta no ranking sul-americano. “Em 2018 não houve grandes eventos de surfe no Brasil e foi um ano atípico no cenário competitivo, aproveitei para gravar um documentário sobre mulheres surfistas e participei de alguns eventos fora do país para ganhar mais experiência”, diz.
Educadora física Segundo a atleta, ser educadora física é uma vantagem. “O contato desde a infância com esportes e o fato de ter esse conhecimento é a minha maior estratégia no esporte. Uso para periodizar minha preparação física e me manter com as capacidades físicas necessárias para o esporte. O surfe exige que o atleta seja forte, flexível e resistente para suportar as condições adversas do mar o que faz com que além das sessões diárias de surf me preparo com um treinamento físico integrado onde viso me manter apta e longe de lesões pelo maior tempo possível”, explica.