Ex-diretor de tecnologia do Waves e fundador dos sites Hanging Together e Janelas.TV, Rafael Sobral sempre esbanjou criatividade, mesmo na hora de surfar.
No último dia 12 de abril, Sobral fez mais uma session inusitada em Santos (SP), desta vez com uma câmera GoPro Fusion, usando como suporte um pau de selfie. Veja abaixo o relato do longboarder.
“Não estou surfando com muita frequência, mas o meu vizinho e velho amigo Fabio Hipólito bateu na minha porta dando a maior pilha e acabei caindo na nela.
Aproveitei a oportunidade para testar uma ideia que eu tinha. Faz alguns anos que meus brinquedos favoritos são as câmeras 360º. Já estou com a minha quarta câmera desse tipo. Já tinha feito umas filmagens interessantes com uma Ricoh Theta S, mas ela não era à prova d´água e eu precisava usar uma proteção que prejudicava a filmagem na água.
Há algum tempo comprei uma GoPro Fusion, que é 360º e à prova d’água. Vinha utilizando principalmente para filmar minhas velejadas de dingue.
Peguei uma ventosa de sucção GoPro e prendi um pau de selfie com câmera. Usava isso para fixar a câmera no veleiro. Ficava meio cabreiro, pois como a lente da câmera fica bem exposta e sem proteção, se a ventosa soltasse, poderia bater e quebrar a lente. Mas, vamos dizer que tive sorte, quedas aconteceram, mas nada grave. Embuti o pau de selfie num daqueles macarrões de espuma para que, se caísse na água, não afundasse.
Queria colocar essa gambiarra na prancha, mas ainda não tinha coragem. O brinquedo era novo para tanto risco ainda.
Na última sexta, tive a coragem de colocar o plano em ação. Acho que já tinha aproveitado bastante e rolado um desapego. Afinal, “no pain, no gain”.
Raspei a parafina no bico e no fim da rabeta do longboard para poder usar a ventosa. Acabou que ficou mais firme do que esperava, mas caiu algumas vezes quando o balanço era demais.
O resultado ficou melhor do que eu esperava, pois foi uma coisa assim meio que na louca.
Uma coisa que consegui fazer neste vídeo, que não tinha conseguido antes, é fazer uma pós-produção melhor.
No aplicativo da GoPro você já consegue fazer diferentes enquadramentos da imagem depois de gravar, mas eles acabam ficando fixos naquela posição.
Desta vez, usei o programa da Insta360, que permite mudar continuamente em vários pontos do timeline de edição o enquadramento da câmera. Isto permite tomadas muito mais interessantes.
Este é o vídeo editado com enquadramento controlado na edição:
Tem também o vídeo 360 que é bem legal, especialmente se você assistir com um headset como o Google Card Board ou um Oculus Go:
Um fato interessante é que há 18 anos eu estava fazendo algo bem parecido com isso, mas com uma câmera presa em outra numa época antes de existir uma GoPro:
A sessão ficou eternizada no filme “Hang With Us”, uma produção minha no site Hanging Together com apoio do site Waves e revista Fluir.
Rolou um certo Déjà vu ao eu ver essas filmagens (risos).
Fazendo uma futurologia, há duas coisas bem legais hoje, que são bem subutilizadas: câmeras 360º e óculos de realidade virtual. Acho que isso vai se popularizar muito em pouco tempo.
Vou aproveitar para compartilhar aqui algumas informações sobre esta nova fronteira digital que se abre.
As câmeras 360 Ricoh Theta são um excelente brinquedo. São muito portáteis e fáceis de publicar direto pelo celular. O único inconveniente para nós, surfistas, é que não são à prova d’água. Foi um dos melhores brinquedos que já tive. Nunca pensei que iria usar tanto quando comprei. Tenho um arquivo imenso de imagens, mas sempre dos amigos e familiares. Com a câmera 360, passei a fazer parte do meu arquivo. Acho que o nome dessas câmeras deveria ser selfie camera (risos).
Em relação aos óculos de realidade virtual, o Oculus Rift, do Facebook, é a coisa mais incrível que eu já vi, e olha que já tive muitas coisas legais. Uma imersão total num universo novo. O sistema rastreia os seus movimentos e te insere de uma forma sem igual no mundo virtual com os chamados 6 graus de liberdade. Depois de algumas horas ali, quando você sai, não sabe mais o que é realidade. Porém, ele requer um computador bem potente e caro para funcionar.
Existe o Oculus Go, a versão portátil, com apenas 3 graus de liberdade, ou seja, o sistema só rastreia a rotação da cabeça. Não colocava muita fé nele, mas quando comecei a usar, se mostrou super útil. Além de algumas experiências interessantes, é bem útil para ver filmes, navegar na web e ver seu arquivo de vídeos e fotos 360. A imagem é excelente. Eu diria até que com um desse, você não precisa de televisão se mora sozinho.”
Veja mais fotos: