Gabriel Shallon Santana Dias carrega no nome o que sua voz transmite: paz. Shalom é uma palavra em hebraico que significa o desejo pela paz, harmonia, bem estar e prosperidade entre as pessoas. O nome não poderia ser mais propício para o filho de um casal de hippies dos anos 2000, que criariam um filho para ser um líder.
Gabriel nasceu em Mangue Seco, em Jandaíra, na Bahia. Ali também começou a surfar em uma prancha quebrada, sem quilhas, aos sete anos. Mas não demorou muito para seus pais seguirem na vida itinerante. Morou no Pernambuco, viajou quase todos os estados brasileiros, até que em 2010 a família se estabeleceu na Pipa, no Rio Grande do Norte.
Na Praia do Madeiro, Shallon se apaixonou pelo longboard. Competiu em 2018 num campeonato local e dali em diante não largou mais o pranchão. Apoiado pelo surfista e shaper Caio Teixera, Gabriel vem se destacando no longboard clássico.
O Log, prancha que na tradução livre significa toco, é a nova sensação do longboard no Brasil e no mundo. Depois de um período em que manobras mais progressivas eram mais valorizadas no longboard, a modalidade vem voltando às origens. Pranchas maiores, mais pesadas, com menos curvas, proporcionam um surfe mais tradicional, com curvas menos radicais e bicos mais longos. E é nisso que Gabriel é especialista. “O surfe de toco vem valorizando a primeira essência do surfe no mundo”, explica Shallon.
Inspirado pela cultura do surfe tradicional e celebrativo, Gabriel criou o Festival Pé no Bico. “A minha ideia era trazer um festival inclusivo, em que todos pudessem sair ganhando”, conta. Junto com a família Carbonell, referência no surfe de Log na Pipa, e outros amigos locais, Gabriel já realizou duas edições do evento, em 2020 e 2021, na Praia do Madeiro. A última edição teve recorde de inscrições e contou com a participação dos melhores longboarders do Brasil e do mundo, como o bicampeão mundial Phil Rajzman.
Agora em setembro, Gabriel viaja para Portugal para conhecer o Festival Gliding Barnacles, um dos maiores eventos da modalidade no mundo. A ideia é aprender, trocar experiências e se inspirar para melhorar ainda mais o Festival Pé no Bico no ano que vem. “Meu maior sonho é que o Festival Pé no Bico se torne o maior evento de longboard inclusivo do Brasil e do mundo”, conclui.