A costa do Rio de Janeiro conta com diversos picos para o surfe. As regiões dos Lagos e Norte Fluminense apresentam boas condições de mar quase o ano inteiro, com ondulações distintas, vindas de várias direções.
Conversamos com o geógrafo e professor da Universidade Federal Fluminense (UFF), Eduardo Bulhões, para destrinchar cada um dos picos no interior do Rio, como costuma ser chamada pelos surfistas toda a região litorânea que não faz parte da capital do estado. Cabo Frio, Arraial do Cabo, Saquarema, Rio das Ostras, Búzios, Macaé, Campos, Quissamã e São João da Barra são as cidades em destaque.
Conhece tudo dos picos? Confira.
Praia do Forte, Cabo Frio – Com águas claras e areias finas e brancas, tem uma característica de praia plana, com ondas deslizando e perdendo energia desde o outside. No geral as ondas são pequenas chegando de Leste (E) com menos de 1,0m e nessas condições é bastante procurada por iniciantes no surf, bodyboard, standup paddle e, com vento, kite surf. Durante a passagem de swells mais fortes, sobretudo de Sul (S) e Sudeste (SE), e quando o vento não atrapalha a formação, as condições podem ficar perfeitas com altas ondas durante os períodos de maré enchente ou vazante e com vento terral que sopra de Sudoeste (SW). Localmente os melhores picos tendem a ser no trecho denominado como Praia das Dunas e mais ao sul, no trecho denominado Praia do Foguete.
Praia do Peró, Cabo Frio – Também com águas claras e areias finas e brancas, tem uma característica de praia com bancos de areia que se movem intensamente. Recebe bem as ondulações de Leste (E) mas no geral as ondas são pequenas. Durante a passagem de swells fortes de Sul (S) e Sudoeste (SW) as condições tendem a ficar boas umas vez que o vento Sudoeste (SW) chega como terral e há uma ligeira proteção promovida pelas ilhas das Cabras, dos Pargos dentre outras. Nessas condições e na maré baixa as ondas ficam tubulares o que faz a alegria da galera de nível intermediário e avançado. Localmente os melhores picos são o meio da praia e no dia a dia boas ondas surfáveis ocorrem no Pontal do Peró, trecho norte da praia.
Praia Grande, Arraial do Cabo – É a extremidade leste de uma praia bem mais longa que inicia em Saquarema e chega em Arraial do Cabo. Com areias brancas e águas bem transparentes a Praia Grande nos meses de outono e inverno costuma receber fortes ondulações de Sul (S) e Sudoeste (SW) que, com o vento Nordeste (NE) típico da região que sopra de terral, forma condições perfeitas para os surfistas intermediários, avançados e profissionais. Nessas condições a água é bem fria e pode ser super gelada (chegando a 17ºC) se o vento Nordeste (NE) soprar forte por longos dias. Sem as ondulações de Sul (S) e Sudoeste (SW), as ondas são pequenas e podem ser boas para os iniciantes.
Monte Alto, Arraial do Cabo – Também faz parte deste longo arco praial de areias brancas e águas transparentes e frias, entre Saquarema e Arraial do Cabo, e aqui quebram possivelmente as maiores ondas do litoral fluminense. As condições são boas quando a ondulação é de Sul (S), Sudeste (SE) ou Sudoeste (SW) e se o vento não for maral. Com vento terral vindo de Nordeste (NE) as condições são boas, rolam bons tubos e o mar é adequado apenas para surfistas intermediários e avançados. Quando as ondas estão grandes o surfe é apenas para os profissionais e, às vezes, impraticável.
Geribá, Búzios – tem as melhores ondas desse charmoso balneário. A praia recebe bem ondulações de Leste (E) que são normalmente menores ocorrendo nos períodos de primavera e verão e favorecem surfistas iniciantes e intermediários sobretudo no meio da praia. As ondulações mais fortes se alinham melhor quando chegam de Sudeste (SE) sem o vento maral. Daí o mar pode ficar clássico. A água é normalmente fria e o canto esquerdo é mais apropriado para os iniciantes e o meio da praia para os mais experientes.
Itaúna, Saquarema – Há anos palco dos principais eventos de surfe de nível internacional e por isso é também conhecida como o Maracanã do surfe. A bancada de areia branca suporta ondulações fortes das direções Sul (S), Sudeste (SE) e Sudoeste (SW) e, com o vento terral de Nordeste (NE) as condições ficam perfeitas tanto no Point de Itaúna, onde quebram ondas fortes e perfeitas pra direita e pra esquerda sobretudo com ondas de Sul (S) e Sudeste (SE), quanto no canto direito da praia denominado Barrinha, onde estruturas rochosas possibilitam a ocorrência de uma direita grande e tubular. A água no geral é fria, as ondas são potentes e no geral recomendada para surfistas intermediários, avançados e profissionais.
Praia da Vila, Saquarema – Outro beach break muito frequentado pelos locais de Saquarema é a Praia da Vila, onde quebram boas ondas durante os swells do dia a dia que chegam de Sul (S) e refratados Leste (E). A onda se forma junto à Ponta de Saquarema, um costão rochoso liso no canto esquerdo da praia, a partir do qual as esquerdas potentes e tubulares quebram com bastante energia. No geral é apropriada pros surfistas intermediários e avançados.
Praia de Costa Azul, Rio das Ostras – um beach break onde as condições são de fracas à regulares na maior parte do ano uma vez que a praia é ingreme e as ondas quebram bem junto à areia, mas faz a alegria da galera bodyboard local. Pode ganhar um tamanho com ondulações de Sul (S) e Sudeste (SE) e promover bons momentos para a galera do surfe também, sobretudo nos meses de outono e inverno.
Praia do Pecado, Macaé – essa praia tem areias amarelas e águas claras, é voltada para a direção Sudeste (SE) e recebe bem as ondulações padrão de Leste (E) gerando condições de razoáveis a boas para todos os níveis de surfe. Quando o vento maral fica forte as condições são fracas. O melhor swell é o de Sudeste (SE) combinado com ventos fracos ou terral que sopra de Oeste (W) e Noroeste (NW) pelas manhãs. Ondas de Sul (S) também podem gerar boas condições. São dois picos principais, o meio da praia que é um beachbreak com bancos de areia móveis e a Laje, um poinbreak com direitas que sempre abrem e na maré vazante e baixa se conectam ao inside tornando o surfe bom quase o ano todo.
Barra do Furado, Quissamã – Bem conhecida e explorada pelos surfistas do norte fluminense a localidade de Barra do Furado tem ondas que se beneficiam de estruturas rochosas construídas pelo homem para fixar o canal que conecta uma lagoa ao mar. A água aqui é escura e as areias grossas e amareladas. Recebe bem as ondulações mais fortes de Sul (S), Sudeste (SE) e Sudoeste (SW) e, sob influência do vento terral que chega de Norte (N) e Noroeste (NW) pela manhã, forma direitas longas e com paredes lisas que chegam a 1,5-2,0m. Sob condições de ondas de Leste (E) as condições tendem a ser mais fracas e a porção interna do canal pode ser uma opção para os iniciantes.
Praia do Açu, São João da Barra – Esse pico começou a se estabelecer como uma ótima opção para os surfistas da região nos últimos 10 anos a partir do momento em que as estruturas de um super porto foram construídas. A onda fica protegida do vento persistente de Nordeste (NE) e a extensa bancada de areia forma boas esquerdas no canto junto às pedras e para os dois lados mais para o meio da praia. A água é geralmente escura e as melhores ondulações chegam de Leste (E) e Sudeste (SE) com condições ideais se o vento estiver fraco. A praia é remota e não monitorada por isso mais recomendada para surfistas de nível intermediário e avançado.