A primeira piscina da tecnologia Wavegarden no Brasil e na América do Sul será inaugurada até o final de 2020, mas as ondas artificiais estarão restritas aos moradores e convidados do luxuoso condomínio Fazenda da Grama, localizado na cidade de Itupeva, a 45 minutos da capital paulista.
Com o preço médio dos terrenos avaliado em R$ 2,2 milhões, o condomínio abrigará a Praia da Grama, uma área de 91 mil metros quadrados que inclui a cobiçada piscina do modelo Cove 2.0 e uma faixa de areia com meio quilômetro de extensão.
Fundador da empresa gestora de recursos KSM, o empresário paulistano Oscar Segall é o responsável por trazer a tecnologia da Wavegarden ao interior do estado.
Com nome consolidado no ramo imobiliário, ele se considera um surfista fissurado e há anos nutria o sonho de construir uma piscina de ondas no Brasil.
A oportunidade surgiu com o milionário empreendimento Fazenda da Grama que, além da piscina, vai contar com campo de golfe, lago, hípica, spa e outras comodidades dentro de uma área de 3,3 milhões de metros quadrados.
Na entrevista abaixo, Segall explica com exclusividade ao Waves mais detalhes sobre o projeto.
O que te motivou a trazer uma piscina de ondas ao Brasil?
O desejo de começar a pesquisar mais sobre ondas artificiais partiu da minha vontade em surfar mais. Para mim o final de semana era sagrado, mas meu nível de responsabilidade aumentou muito, hoje tenho cinco filhos, empresa grande e muito menos tempo de ir à praia. Além disso, encarar o trânsito e o crowd maluco de fim de semana às vezes me deixava mais estressado, a ponto que acabei comprando uma casa no interior, sendo que o mar e a praia são as minhas maiores paixões.
Há três anos, quando comecei a pensar nesse assunto com mais carinho, fomos até o País de Gales olhar a tecnologia anterior da Wavegarden. Também fiz contato com o pessoal da KS Wave Co. e apesar da demora para responderem acabei entendendo um pouco mais sobre as questões da piscina do Kelly Slater. Também olhamos um pouquinho a American Machine até eu ser introduzido, há cerca de um ano e meio, para essa nova tecnologia da Wavegarden.
Como será a piscina?
Será a Wavegarden Cove, a última tecnologia deles. Ela terá 160 metros de extensão e vai ser exatamente igual à que vão abrir daqui a uns meses em Melbourne, na Austrália. Serão ondas a cada oito segundos para todos os níveis. O tamanho varia de meio a quase 2 metros, com paredes que podem abrir por até 16 segundos.
Ela será de uso exclusivo dos condôminos ou será aberta para convidados?
O esquema vai funcionar igual a um campo de golfe nos condomínios fechados. Cada casa que quiser usar a piscina de ondas vai precisar pagar R$ 250 reais além do condomínio. E esse valor será para três surfistas por casa. Ou seja, se aquela casa tem seis surfistas, vão ter que pagar o condomínio e mais R$ 500.
Quem vier de fora, como convidado do proprietário – e só pode entrar se for convidado do proprietário – vai precisar pagar uma taxa de R$ 450. É o que a gente chama de “blue fee”, semelhante ao “green fee”, que é o valor que um convidado pagaria para jogar golfe em condomínios como a própria Fazenda da Grama.
A piscina vai funcionar em tempo integral?
Nós achamos que com a capacidade de produção de ondas da Wavegarden Cove essa piscina nunca vai estar crowd. Todo nosso cálculo de condomínio foi baseado no funcionamento da piscina durante três dias por semana em meio período, produzindo ondas a cada 8 segundos. No fim de semana o período será integral, assim como feriado e férias. Isso porque produzindo ondas a cada 8 segundos você precisa ter no mínimo 20 surfistas na água, senão sobra muita onda. Todo esse custo operacional também varia de quantas ondas são produzidas por dia.
Por que fazer a piscina dentro de um condomínio?
Nunca imaginei fazer um produto de varejo, com venda de hora, cheeseburger, isso e aquilo. Até porque eu não sei fazer isso. Um parque é muito diferente do meu modelo de negócio. E não entraria em um negócio sem ter o controle exato da execução, de faturamento, números, porque isso acaba sendo um chutômetro em um negócio que envolve muita responsabilidade. Mas, como eu tenho experiência no setor imobiliário e já passei por várias situações diferentes, isso acaba sendo mais simples.
Poderia dar mais detalhes sobre a Praia da Grama?
A Praia da Grama será implantada em uma área de 91 mil metros quadrados dentro da Fazenda. A arquitetura é assinada pelo Gui Mattos, outro surfista de carteirinha. Em volta da onda terá um projeto bem legal, com uma praia de areia com mais de meio quilômetro de extensão, quase uma Barra do Sahy, além de outras piscinas, quadras de beach tênis e beach vôlei, sushi bar e todos elementos que lembram uma praia. Fato é que a gente acredita que vá ser um paraíso mesmo.
O que foi necessário antes de entrar no projeto da Fazenda da Grama?
Fizemos uma pesquisa qualitativa, que apontou demanda e qualidade do preço, porque essa é uma tecnologia cara e tem que repassar o valor para o preço do lote. O condomínio terá no máximo 460 lotes e muitas pessoas compram dois lotes para uma mesma casa. Como estou entrando na Fase 3 e ainda tem a Fase 4, eu chutaria que com todas as casas construídas vão ter umas 350 famílias no máximo, nem todas com surfistas.
Eles (Fazenda da Grama) aceitaram com tranquilidade, porque viram o valor agregado que uma piscina de ondas envolve. Essa invenção da Wavegarden é mágica. Uma coisa que apareceu nas pesquisas e que foi muito interessante foi que esportistas que não são surfistas têm um grande recalque por nunca terem dropado uma onda.
Muitos triatletas, tenistas, dentre outros, gostariam de ter praticado o surfe e ainda não tiveram essa oportunidade. Mas eles têm muita vontade em aprender, por ser um esporte ligado à liberdade, contato com a natureza, viagens de aventura. Enfim, é um estilo de vida que agrada.
Esse perfil é um público-alvo?
Também. A pesquisa também mostrou muito que pessoas que não surfam estão querendo aprender. De fato, se você tiver o mínimo de habilidade, depois de algumas sessões na piscina é possível evoluir rapidamente e estar pronto para surfar no mar. Famílias que antes nem cogitavam destinos de surfe como Costa Rica, Fiji, vão começar a pensar nisso para o período de férias. Então abre toda uma nova perspectiva.
E tem essa coisa da união, a 45 minutos de São Paulo você está em uma praia com ondas garantidas. O cara que joga golfe e que tem filhos que surfam vão se divertir juntos. Nós ainda agregamos um passo a mais, que é agro-floresta, com tudo que envolve proteção ambiental e contato com a natureza.
Como estão as vendas?
As vendas começaram agora no final de junho. A aceitação está brutal, com uma visitação muito alta para um empreendimento de segunda moradia no interior. Nós temos levado em torno de 30 a 40 clientes por fim de semana para conhecer o lugar, o que é raríssimo e muito acima da média para um condomínio desse padrão. A proposta está sendo bem aceita no mercado.
Já surfou na Wavegarden?
Já surfei o protótipo da Wavegarden em uma viagem com meu filho pela Europa. Ela tem a força de uma onda de mar, com tubos, ondas gordas e outras variações. Realmente no momento do drop você sente a força da onda te empurrando. Também há bastante volume na espuma. Isso que aquela é 1/4 do tamanho da piscina que será construída aqui. Outra coisa legal é que a máquina em si não faz nada de barulho. Durante a sessão só é possível ouvir o som das ondas quebrando.
Colaborou Fernando Iesca.