Fósseis de tubarões que habitaram a Terra há 439 milhões de anos foram encontrados no sul da China por paleontólogos e podem elucidar melhor teorias sobre a evolução dos seres vertebrados. Conhecidos também como acantódios, esses tubarões viveram no período Paleozóico.
O tubarão Fanjingshania é o peixe mais antigo com mandíbula e sua descoberta surpreendeu os pesquisadores porque antecedeu em cerca de 15 milhões de anos os primeiros fósseis de corpos acantódicos já conhecidos.
Os fósseis foram reconstruídos a partir de milhares de fragmentos esqueléticos e o animal foi nomeado em homenagem ao famoso Patrimônio Mundial da Unesco Fanjingshan.
No entanto, as características físicas do animal eram “bizarras” segundo os pesquisadores. Eles tinham “armadura” óssea externa e vários pares de espinhos de barbatana que o diferenciam de peixes vivos com mandíbulas, tubarões cartilaginosos e raias e também de peixes ósseos com nadadeiras.
Os exames feitos pelos pesquisadores eles concluíram que a espécie é anatomicamente próxima de grupos de “tubarões espinhosos” extintos conhecidos como acantódio e que, ao contrário dos tubarões modernos, esses peixes têm ossificações da pele da região do ombro que ocorrem primitivamente em peixes com mandíbula.
Para os pesquisadores essas descobertas evidenciam a diversificação dos principais grupos de vertebrados dezenas de milhões de anos antes do início da chamada “Era dos Peixes”, que ocorreu cerca de 420 milhões de anos atrás.
“Os novos dados nos permitiram colocar Fanjingshania na árvore filogenética dos primeiros vertebrados e obter informações muito necessárias sobre as etapas evolutivas que levaram à origem de importantes adaptações de vertebrados, como mandíbulas, sistemas sensoriais e apêndices emparelhados”, explica o professor Zhu Min, do Instituto de Paleontologia e Paleoantropologia de Vertebrados (IVPP) da Academia Chinesa de Ciências e que participou da descoberta.
Além disso, os pesquisadores foram surpreendidos pelo fato de que os fósseis de Fanjingshania mostram evidências de extensa reabsorção e remodelação — tipicamente associadas ao desenvolvimento esquelético em peixes ósseos, incluindo humanos.
“A nova descoberta coloca em questão os modelos existentes de evolução de vertebrados ao condensar significativamente o período de tempo para o surgimento de peixes com mandíbulas de seus ancestrais sem mandíbulas mais próximos. Isso terá um impacto profundo na forma como avaliamos as taxas evolutivas nos primeiros vertebrados e a relação entre as mudanças morfológicas e moleculares nesses grupos”, explica Dr. Ivan J. Sansom da Universidade de Birmingham e que também participou da pesquisa.
Fonte Diário de Pernambuco