Um colapso gradual nas profundezas do oceano Atlântico pode desencadear mudanças climáticas globais, impactando diretamente o Brasil. É o que diz recente estudo da revista Nature, publicado na última terça-feira que aponta para perturbações na Circulação Meridional do Atlântico (AMOC), um sistema crucial para a estabilidade climática do planeta.
A Amoc é uma corrente que transporta a água quente dos trópicos para o norte do oceano Atlântico, devolvendo água fria para o sul. O mecanismo mantém o clima estável em regiões da Europa e parte da América do Sul. As mudanças climáticas recentes, como o declínio das geleiras na Groenlândia, estão alterando a salinidade das águas na parte norte do mapa. Essa diluição, intensificada pelo aumento das chuvas e escoamento fluvial, pode dificultar que a corrente se mantenha ativa.
Se esse fluxo desacelerar ou colapsar, o clima global poderá perder a estabilidade e variar os padrões de chuva. Isso teria consequências na agricultura do mundo todo, até mesmo no Brasil.
Influência na Amoc na América do Sul – A circulação oceânica mantém o equilíbrio das chuvas na Amazônia. Com o desequilíbrio, essa região pode passar por longos períodos de estiagem, colocando áreas ribeirinhas e a biodiversidade local em risco. No Nordeste, os desafios com a seca seriam ainda maiores do que hoje. No Centro-Oeste, as queimadas e a crise hídrica afetavam diretamente o abastecimento de água e energia.
Entre os produtos mais afetados no Brasil estão soja, milho e café, que sofreriam queda na produtividade. Isso afetaria o mercado interno e as exportações. Em um cenário extremo, metade das áreas produtivas por aqui seriam perdidas. Isso elevava o custo de produção e prejudicava a segurança alimentar.
Fonte UOL