Após 15 dias instalada no Rio das Moças, em Saquarema (RJ), uma ecobarreira, estrutura feita com planta, que simula uma ‘cerca viva’, coletou muitas coisas inusitadas. Na primeira semana de testes, a estrutura capturou embalagens de alimentos (diversos materiais, como isopor, plástico e alumínio) e garrafas plásticas, além de balões, uma boneca e uma mesa de plástico quebrada.
Durante a segunda semana de funcionamento da ecobarreira, quando iniciou a pesagem do lixo, foram retirados 11 quilos de resíduos, como garrafas pet, copos descartáveis, chinelos e até mesmo uma bolsa.
Logo nos primeiros dias, os monitores da barreira registraram também a presença da fauna local, como garças e marrecas, mas também um jacaré e uma capivara.
“Constatamos que tanto o jacaré como a capivara, passaram normalmente pela ecobarreira, não causando impacto nos hábitos dos animais que utilizam o rio, o que era um questionamento dos moradores do local”, comentou Roberto Ramos da ONG Mar Sem Lixo.
O monitoramento da barreira está sendo realizado dia a dia pela Mar Sem Lixo e a comunidade residente no entorno do rio com apoio do Instituto APRENDER Ecologia e a prefeitura de Saquarema por meio da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. O material reciclável está sendo repassado para catadores e o restante destinado para a coleta municipal de resíduos sólidos.
Lições
Algumas lições foram aprendidas neste período de testes do funcionamento da barreira no local, como a necessidade de manutenção constante devido ao acúmulo de vegetação e também da flutuação do lixo de acordo com a influência da maré no nível do rio.
Este último fator impressiona já que o Rio das Moças se encontra a mais de 40 km do canal que deságua no mar, o que mostra nitidamente a conexão entre os elementos naturais que compõem o Ecossistemas de Surf, programa brasileiro de reservas de surfe.
O projeto
A Ecobarreira foi instalada em uma ação conjunta entre o Instituto APRENDER Ecologia, Conservação Internacional Brasil (CI-Brasil), Prefeitura de Saquarema, a ONG local Mar Sem Lixo e a Ecolocal Brasil, com o objetivo de barrar o lixo que chegaria à lagoa, e posteriormente poderia alcançar o mar.
O projeto da Ecobarreira faz parte da parceria Ecossistemas de Surf Brasil, entre a APRENDER e a CI-Brasil, e foi possível devido ao apoio da Corona, da WSL One Ocean, da WSL Pure e da iniciativa Surf Conservation da Conservation International.
Saquarema, conhecida como o Maracanã do Surfe, foi escolhida por abrigar Ecossistemas de Surf que contribuem diretamente para a qualidade das ondas na Região dos Lagos do Estado do Rio de Janeiro, como Itaúna, onde acontece desde 2017 a etapa brasileira do circuito mundial de surfe.