Segundo a revista Newsweek, o Japão depende fortemente da importação de petróleo e gás natural. Na verdade, a dependência do país de energia de combustível fóssil aumentou entre 2010 e 2016 de 81% para 89%, mostram dados do governo.
No mesmo período, aconteceu o desastre de Fukushima, que fez a energia nuclear encolher de 11,2% para menos de 1%. Isso obrigou o Japão a explorar outros tipos de energia. Para tanto, a Ishikawajima-Harima Heavy construíu uma usina de energia de correntes oceânicas de 330 toneladas chamada Kairyu. Trata-se de uma turbina oceânica gigante que promete gerar energia limpa.
A energia dos oceanos
Em teoria, os oceanos podem gerar energia limpa de diversas formas. Entre elas, destacam-se mudanças na salinidade, nos gradientes térmicos, e nas correntes oceânicas, e ainda usinas de marés ou ondas oceânicas. Todas podem gerar eletricidade – e fornecer energia confiável. Porém, como ainda é uma novidade, sua viabilidade depende ainda de testes.
Atualmente, a maior usina de marés do mundo faz parte de um programa de energia limpa liderado pela Inglaterra. A usina, batizada de MeyGen, terá potencial de 400 MW gerados apenas com a força da maré. Ela está sendo construída no litoral da Escócia.
Quando pronta, será a maior usina de marés do mundo. A usina ficará no fundo do mar, no nordeste do país, podendo fornecer energia para 175 mil casas, e contará com 269 turbinas.
Enquanto isso, na França, desde 1966, a central de energia das marés de La Rance produz uma média de 600 gigawatts de eletricidade por ano. Contudo, ainda há problemas a serem resolvidos.
Segundo o site Le Sechos, “a usina de marés de Rance, que explora as marés entre Dinard e Saint-Malo há mais de 50 anos, gera uma parte significativa dos 50 mil metros cúbicos por ano de sedimentos do rio Rance, localizado a montante da barragem. O assunto revolta moradores e comunidades.”
Este problema prejudica a navegação e perturba o ecossistema. De acordo com o departamento de geografia e território da Ecole Normale Supérieure, que desenvolveu trabalhos sobre o assunto, “o assoreamento tem um impacto muito significativo na população de peixes, a cobertura de bancos de areia por lodaçais prejudica a reprodução de certas espécies.”
Como se vê, a transição energética inevitável para a nossa sobrevivência ainda tem entraves de monta. Entretanto, a ideia dos engenheiros da IHI Corporation é diferente destas outras duas fontes.
Usina de marés Kairyu
Ainda segundo a Newsweek, quando estiver operacional, o Kairyu, que consiste em em um cilindro central de 66 pés com mais dois de cada lado, ambos com pás de turbina de 36 pés presas a eles, será atado ao fundo do oceano por cabos para mantê-lo no lugar. As pás de turbina dupla geram energia e mantêm a máquina estável em um local.
Em seguida, usará a força das correntes de água ao seu redor para girar as turbinas que gerarão energia. Isso pode então ser transferido para a rede elétrica nacional do Japão.
A mesma fonte diz que a empresa trabalha na máquina há anos e, em fevereiro deste ano, concluiu um teste de três anos e meio na costa sudoeste do Japão.
Kairyu, apesar de enorme, é capaz de gerar 100kW de potência. Isso não é muito quando comparado com a turbina eólica terrestre média que tem capacidade de 2,5 a 3 MW ou mais de 6 milhões de kWh por ano – o suficiente para abastecer 1.500 residências europeias médias com eletricidade, de acordo com a European Wind Energy Association.
Entretanto, diz Newsweek, a “A IHI estima que um dia poderá ser possível gerar cerca de 205 gigawatts de eletricidade a partir das marés ao redor do Japão, o que seria suficiente para atender a todas as necessidades de energia do país.”
Segundo matéria do Popular Mechanics, o sistema Kairyu, proposto para implantação na Corrente de Kuroshio, uma das mais fortes do mundo ao longo da costa leste do Japão, será fixado abaixo do nível do mar e ancorado no fundo do mar. O gerador de 65 pés de comprimento e 65 pés de largura flutua acima do ponto de ancoragem, cerca de 160 pés abaixo da superfície do oceano.
“O gerador ancorado no fundo do mar aproveita o equilíbrio entre sua flutuabilidade e o arrasto causado pela corrente oceânica, gerando energia elétrica enquanto flutua em qualquer profundidade desejada”, escreve a IHI.”
No processo, colocar a turbina submarina em fortes correntes oceânicas permite que o fluxo da corrente gire as turbinas, gerando energia. Finalmente, as linhas que ancoram a turbina ao fundo do mar também podem abrigar cabos de transmissão de energia, conectando-se a um cabo submerso que pode transportar a energia de volta à rede elétrica em terra.
Durante as demonstrações no início deste ano, a empresa conseguiu gerar cerca de 100 kilowatts de energia estável. Durante os testes futuros, a IHI Corp espera gerar dois megawatts, com a esperança de iniciar as operações comerciais na década de 2030, informa a Bloomberg.