Depósito de granéis

Imbituba contra instalação

Surfistas e comunidade de Imbituba (SC) batalham contra a implantação de tanques de granéis inflamáveis próximos ao porto do município.

Manifestantes do movimento Fora Cattalini reúnem-se no saguão da Prefeitura de Imbituba.

Na última terça-feira (29), surfistas, representantes de entidades locais, empresários e moradores de Imbituba (SC) reuniram-se em frente à Prefeitura do município em uma manifestação contra a instalação de tanques para depósito de granéis líquidos, combustíveis e óleos vegetais próximos ao porto da cidade.

O movimento Fora Cattalini foi o responsável por entregar um abaixo-assinado ao prefeito Rosenvaldo Júnior e alertar a população sobre as possíveis ameaças ao meio ambiente local que a empresa Cattalini Terminais Marítimos está propondo ao armazenar produtos inflamáveis na cidade do litoral sul catarinense.

Segundo o movimento, além dos riscos de uma explosão nos terminais da empresa – que poderia lançar gases tóxicos sobre Imbituba – há riscos com derramamentos de combustíveis e produtos químicos no solo e no mar, já que a carga seria transportada por navios até o porto de Imbituba.

Ainda de acordo com o Fora Cattalini, casos como estes já ocorreram em diversos terminais pelo País, inclusive no da própria Cattalini na cidade de Paranaguá (PR). Até o estudo de impacto ambiental apresentado pela empresa em Imbituba não descartou essas possibilidades, alertou o movimento.

O Fora Cattalini teve início em 2016, quando uma audiência pública da empresa marcada pelo Instituto de Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA) foi anunciada pouco antes das eleições municipais. Um grupo de moradores investigou a fundo os perigos da proposta e deu início ao movimento, que rapidamente ganhou a adesão da comunidade local.

Protesto reúne cerca de 200 pessoas no litoral sul catarinense.

“Dentre todos os movimentos sócio-ambientais que se manifestaram na região nos últimos 30 anos, o Fora Cattalini provavelmente é o mais espontâneo e legítimo que já participei. O cerne do movimento não provém de qualquer militância de cunho político, nem mesmo de viés exclusivamente ambiental”, diz Ivan Floater, empresário local e responsável pela organização de eventos com o Ibiraquera Wave Contest.

“Em tempo recorde, a notícia da famosa audiência pública de 2016 se espalhou e motivou que pessoas de vários segmentos se manifestassem efusivamente contra durante a sessão na Câmara de Vereadores. Assustados com a possibilidade de ter uma catástrofe ambiental em casa, o povo se revoltou e praticamente expulsou este fantasma do município”, continua o representante do movimento.

“Mas, três anos depois, a empresa sorrateiramente vem tentando revitalizar o projeto, o qual de acordo com a lei vigente é ilegal e, portanto, ao nosso ver também imoral. Agora não foi diferente. Com a informação de que representantes da empresa estariam em audiência tentando convencer prefeito e empresários sobre a viabilidade do projeto, centenas de pessoas se dirigiram ao prédio da Prefeitura e protestaram de forma enfática durante quase duas horas contra a instalação da empresa no município”, finaliza Floater.

Enquanto o prefeito e secretários municipais reuniam-se com representantes da empresa sediada no Paraná, cerca de 200 pessoas se aglomeravam no saguão da Prefeitura. Com muita música, gritos e palavras de ordem, a pequena multidão ganhou o apoio até de funcionários do local.

“Imbituba pode conviver com o porto e o turismo, respeitando seus moradores, seu meio ambiente, mas sem riscos desnecessários que podem espantar os turistas, como aconteceu na década de 80 e início de 90, quando a Indústria Carboquímica Catarinense (ICC) estava em funcionamento”, declarou a Associação de Surf de Imbituba (ASI), que também marcou presença nas manifestações.

Depois da reunião com os diretores da Cattalini, o atual prefeito Rosenvaldo Júnior desceu até o saguão e pediu a palavra para tranquilizar os manifestantes. “Tivemos a reunião com dois representantes da empresa e os recebemos democraticamente. Mas ratifico o meu posicionamento, enquanto prefeito, cidadão e representante da população de Imbituba, que somos contrários a este empreendimento”, afirmou Rosenvaldo.

Ao fim do encontro, Carlos Henrique Kszan, diretor da Cattalini, informou que diante do posicionamento dos representantes do município, o projeto de instalação dos tanques será suspenso. “Não haverá a instalação da empresa a qualquer custo. Hoje existe uma lei municipal que proíbe a implantação. Por isso, o projeto está suspenso”, garantiu Carlos Henrique Kszan.

A cantora Mariana Corso escreveu uma música em apoio à manifestação e foi convidada a cantá-la durante o protesto. A música virou hino do movimento e, além de Mariana, integrantes de outras bandas de Imbituba, como Murilo Tavares, do grupo Origem, ajudaram a embalar o ritmo e deixar o protesto ainda mais afinado.

Para saber mais sobre o movimento, acesse a página Fora Cattalini no Facebook.

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