Maceió

Calor recorde ataca corais

Temperaturas do oceano ultrapassam média e causam branqueamento de corais em Maceió (AL).

Corais estão brancos em Maceió devido ao recorde de calor.

Corais que embelezam e são essenciais ao ecossistema marinho estão ficando brancos nas praias de Maceió devido ao calor recorde do oceano Atlântico nos últimos dias, que ultrapassou a média de 30°C. Imagens feitas por um drone no último domingo (7) mostram que boa parte dessas espécies enfrenta um processo acelerado de adoecimento, que pode ser letal.

“As imagens são bem impressionantes porque boa parte dessas colônias branqueadas é de coral mole, conhecido como baba de boi. Temos muitos deles no topo dos recifes rasos. A extensão de cobertura do branqueamento é bem alta”, revela Ricardo Miranda, professor e pesquisador da Ufal.

Os recifes de coral são ecossistemas importantes porque abrigam várias formas de vida marinha. Com temperaturas altas, eles passam pelo conhecido processo de branqueamento, que é uma espécie de adoecimento.

A mudança de cor pode ser reversível, caso as condições da água voltem ao normal em alguns dias —o que não está ocorrendo, nem deve ocorrer em breve.

Esses corais já estão morrendo em Maceió. A expectativa de mortalidade maior é para esta semana e a próxima, já que os modelos de previsão apontam que a temperatura vai seguir alta”, ressalta Ricardo.

Recorde de temperatura

As previsões citadas pelo professor são da NOAA (Administração Nacional Oceânica e Atmosférica, na sigla em inglês). Segundo o órgão do governo dos Estados Unidos, a temperatura média da água em Alagoas ultrapassou 30 °C pela primeira vez desde o início das medições, em 1985. As águas atingiram picos de 34ºC.

Desde a semana passada, a região tem alerta nível 2, o patamar que indica branqueamento de corais.

“Sabemos que, com três ou quatro semanas, os corais não aguentam essa temperatura. O fenômeno do branqueamento acontece quando a temperatura atinge 31°C, e ela chegou a 34°C, muito acima do que eles suportam”, explica o pesquisador.

Após um período, os corais começam a morrer.

“Eles conseguem até suportar essa temperatura [sem morrer], mas não por muito tempo. Depois, o tecido que ainda está vivo começa a necrosar e fica só o esqueleto, que é rapidamente colonizado por algas. Os corais então ficam com uma cor cinza”, completa.

O pesquisador afirma que o processo de branqueamento já ocorreu em outros momentos em Maceió, em especial nas épocas de El Niño —como ocorre agora.

Diante de uma onda inédita de calor na região, pesquisadores têm feito imagens da parte externa desses corais, além de mergulhos para monitoramento desde antes do verão.

“Vamos monitorar antes, durante e depois. Agora estamos na fase do durante e vamos fazer mais coleta de dados para dimensionar o impacto”, explica.

Mas por que aqueceu?

Segundo o meteorologista Vinícius Pinho, da Secretaria do Meio Ambiente e dos Recursos Hídricos de Alagoas, o aquecimento não tem uma resposta 100% precisa e definitiva. “Alguns fatores podem influenciar no aumento da temperatura do oceano Atlântico”.

“Podemos citar a menor incidência de frentes frias e de nebulosidade, que pode fazer com que a radiação direta do sol deixe as temperaturas mais elevadas. A atividade solar também é um fator importante, por trazer mais entrada de radiação, em períodos de maior atividade. E é claro que as mudanças climáticas também podem estar afetando a temperatura”, revela Vinícius Pinho.

Fonte UOL

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