Maldivas

Mar engole ilhas

Estudo revela fim de Ilhas Maldivas em alguns anos por conta do aumento do nível do mar.

Maldivas deixará de ser destino de luxo.

Estudo do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) revela possibilidade de aumento do nível do mar, que poderá causar variações de 20% (para mais ou para menos) no nível da maré até 2100 e com isso, as Ilhas Maldivas não serão mais um destino de luxo. Pois antes deste prazo, o mar irá invadir as ilhas, deixando-as totalmente embaixo da água.

Imenso, inexplorado, inabitado. Esses são alguns adjetivos comumente usados para se referir ao mar. Essa enorme extensão de água é frequentemente considerada a “culpada” por separar nações e continentes, mas, se olharmos por outro lado, é o oceano que, literalmente, une esse planeta que chamamos de Terra.

Pense rápido: onde é produzida a maior parte do oxigênio do mundo? Onde está concentrada a biodiversidade? Onde estão as maiores reservas de recursos naturais para as gerações futuras: Amazônia? Não. A resposta certa é: no oceano. Mas se você errou, não está sozinho.

Uma pesquisa intitulada “Oceano sem Mistérios: A relação dos brasileiros com o mar”, realizada pela Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza em parceria com a Unesco e a Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), entrevistou mais de duas mil pessoas de todos os cantos do país e constatou que 26% dos brasileiros acreditam que o oceano não impacta em nada suas vidas, enquanto metade dos entrevistados diz que os impactos são apenas indiretos. Ou seja, a gente literalmente esquece do ar que respiramos.

Também temos grande dificuldade em visualizar o espaço marítimo como um tipo de identidade. Ao olhar qualquer mapa, o oceano é retratado como um plano azul celeste com mínimas inscrições e foi historicamente desprendido de sua noção de lugar e de raízes culturais. Mas para as comunidades tradicionais costeiras, o mar tem tantos detalhes quanto a terra: caminhos, áreas, setores e cores, paisagens que sabem ser lidas pelas pessoas que estão habituadas a esse ambiente.

A dificuldade em traduzir essa conexão de alguns povos com o oceano levou ao surgimento de uma nova palavra: “maretório”, uma junção de “mar” com “território”. É um termo que vem ganhando espaço para contrapor essa percepção tão separada e uniforme que temos de terra e mar. O conceito surgiu de uma demanda dos próprios povos costeiros – marisqueiras, pescadores, caiçaras, jangadeiros, ribeirinhos, e tem sido defendido no Brasil pela Comissão Nacional dos Povos e Comunidades Tradicionais Extrativistas Costeiros Marinhos (Confrem).

Maretório também pode ser definido como o território das marés para se referir a variação do nível do mar, elemento central para as comunidades tradicionais da costa brasileira e que por sua vez é influenciada pelos ciclos lunares e pelas mudanças climáticas. Pode não parecer muita coisa no Sul e Sudeste do país, onde as marés variam tipicamente 1 ou 2 metros por dia, mas no Norte e Nordeste do país, elas podem chegar a uma amplitude de até 6 metros em relação ao nível mais baixo.

O último relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) prevê o aumento do nível do mar, que poderá causar variações de 20% (para mais ou para menos) no nível da maré até 2100. Sabe o que isso quer dizer? As Ilhas Maldivas não serão um destino de luxo por muito mais tempo, porque elas ficarão totalmente embaixo da água bem antes disso – e muitas outras ilhas menos famosas do Pacífico também, enquanto no Rio de Janeiro a água chegaria até a igreja da Candelária.

Ao mesmo tempo, a mesma pesquisa que mostra quão pouco os brasileiros sabem do mar, indicou que 82,2% dos entrevistados diz estar disposta a mudar seus hábitos em benefício do oceano – e esse processo começa com se informar. Conhecer para conservar é um dos mais importantes e mais eficientes princípios na luta pela natureza e todos podemos atuar propagando essas informações.

Clique aqui para acessar a pesquisa completa.

Fonte UOL

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