Lixo marinho

Noronha inaugura exposição

Com foco na conscientização, Memorial Noronhense inaugura exposição permanente com lixo retirado do mar.

Acervo abriga 90 quilos de itens como calçados, tampas de garrafas, vidros e pilhas.Érika Cavalcante / Nossa Viagem
Acervo abriga 90 quilos de itens como calçados, tampas de garrafas, vidros e pilhas.

Durante a semana do Dia Mundial de Limpeza das Praias, iniciativa que há 30 anos estimula a retirada de lixo costeiro em mais de 100 países, Fernando de Noronha (PE) inaugurou uma exposição inédita.

Na última sexta-feira (18), o arquipélago pernambucano lançou no Memorial Noronhense, na Vila dos Remédios, a mostra “Coleção Didática de Lixo Marinho”, acervo que abriga 90 quilos de itens como tampas de garrafas, vidros, calçados, pilhas, bitucas de cigarro e embalagens, entre tantos outros produtos descartados, displicentemente, no mar.

Cartaz da Coleção de Lixo Marinho de Fernando de Noronha.

Coordenada pela bióloga Sandra Cadengue, a coleta foi feita entre maio e agosto, nas praias do Parque Nacional Marinho, e também na Área de Proteção Ambiental (APA), no Mar de Dentro, como as “urbanas” Cachorro, Meio e Conceição.

Entre os objetos catalogados, foi encontrado até lixo de países da África e da Ásia que chegou ao arquipélago com as correntes marinhas.

Com curadoria da também bióloga Érika Cavalcante, da Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), a coleção que será exposta permanentemente passou por uma triagem, de acordo com o tipo do lixo e a praia onde foi encontrado.

Outra parte dos materiais coletados, sobretudo os que tenham informações mais detalhadas de sua origem e uso, ficarão à disposição para pesquisadores de lixo marinho. “A coleção mostra que ações locais impactam globalmente”, alerta Érika em depoimento ao site Nossa Viagem.

Em suas análises, a bióloga chegou a um dado bem curioso sobre o lixo de Noronha. Segundo ela, as praias do Mar de Fora, voltado para o Atlântico, costumam receber lixo estrangeiro com maior frequência. Já nas praias do Mar de Dentro, os itens costumam ter origem na própria ilha.

Patrimônio Natural da Humanidade e endereço estratégico para espécies migratórias, Fernando de Noronha não só tem se preocupado com o quem vem “lá de fora”, como os nativos costumam chamar o continente, mas também com práticas ambientais no próprio quintal de casa.

Lixo de países da África e Ásia estão entre os objetos catalogados.Érika Cavalcante / Nossa Viagem
Lixo de países da África e Ásia estão entre os objetos catalogados.

Lançado há pouco mais de um ano e meio, o Programa Plástico Zero pretende zerar a produção de resíduos plásticos descartáveis. Desde abril de 2019, não é permitida a entrada, comercialização e uso de sacolas, garrafas plásticas abaixo de 500 ml e utensílios como canudos e talheres.

De acordo com as últimas contas da administração da ilha, já foram mais de 50 notificações em estabelecimentos locais e quase mil quilos de plásticos apreendidos ou entregues, voluntariamente, por turistas.

A campanha já tem demonstrado resultados positivos, como a diminuição na quantidade de lixo manuseado pela Unidade de Triagem de Resíduos Sólidos do Distrito, localizada na própria ilha, cujo lixo coletado já deu origem a 855 quilos de sacolas feitas com lonas recicladas.

Outra iniciativa ambiental recente é o decreto-lei do Carbono Zero. Criado no início deste ano, o programa proibirá a entrada de veículos novos a combustão, a partir de 2022, e a retirada total de automóveis que não sejam 100% elétricos, a partir de 2030.

Serviço

Exposição Coleção de Lixo Marinho de Fernando de Noronha
Memorial Noronhense (Vila dos Remédios)
Visitas às segundas, quartas e sextas, das 9 às 12 horas

Fonte Nossa Viagem

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