O portal Surf Total soltou uma matéria na última segunda-feira (23), em que revela investigação da revista Nature realizada por uma equipe multidisciplinar que aponta que as ondas podem atingir alturas e comportamentos muito mais extremos do que se sabia até então.
Segundo o estudo, sob condições específicas, quando as ondas se encontram vindo de direções diferentes, a altura que podem atingir pode ser até quatro vezes maior do que o relatado na literatura científica. Para chegar a essas conclusões, a equipe desenvolveu uma nova técnica de medição tridimensional para estudar o comportamento das ondas durante a quebra.
Até então, acreditava-se que as ondas eram essencialmente bidimensionais, e essa compreensão influenciou a forma como os pesquisadores entendiam a quebra das ondas. No entanto, o novo estudo mostra que as ondas tridimensionais, que se movem em várias direções, podem se tornar duas vezes mais íngremes do que as bidimensionais antes de quebrar. Outra descoberta, talvez mais surpreendente, é que essas ondas, mesmo após a quebra, podem continuar a aumentar sua inclinação.
As ondas tridimensionais surgem quando sistemas ondulatórios propagam-se em direções diversas, resultando em encontros com ângulos variados. Um exemplo ocorre em situações de mudança brusca na direção dos ventos, como em furacões. Quanto maior a dispersão das direções das ondas, maior a probabilidade de formação de ondas de grande porte.
Descoberta pode impactar entendimento do oceano
Esta investigação pode ter um impacto significativo no projeto de estruturas offshore, nas previsões meteorológicas e na modelagem climática, ao mesmo tempo que desafia a compreensão dos diversos processos oceânicos. O projeto e os parâmetros de segurança atuais das estruturas marítimas, como turbinas eólicas e plataformas petrolíferas, são baseados em modelos de ondas bidimensionais. No entanto, este estudo sugere que as ondas tridimensionais podem ser subestimadas nos cálculos de engenharia, o que pode levar a falhas inesperadas ou a projetos menos seguros.
De acordo com o Dr. Mark McAllister, da Universidade de Oxford, “a tridimensionalidade das ondas é frequentemente negligenciada no projeto de turbinas eólicas offshore e outras estruturas marinhas em geral. Nossas conclusões sugerem que isso pode resultar em uma subestimação das alturas extremas das ondas e, potencialmente, em projetos menos confiáveis”.
O estudo pode também afetar a compreensão dos processos oceânicos em uma escala mais ampla, visto que a quebra das ondas desempenha um papel fundamental na troca de gases entre o ar e o mar, como na absorção de dióxido de carbono (CO2). A forma como as ondas quebram influencia ainda o transporte de partículas nos oceanos, como fitoplâncton e microplásticos.
Fonte Surf Total