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Na última quinta-feira (27) a Surfer publicou uma reportagem onde relatou que no Brasil existem mais de 80 organizações fazendo lobby e coletando assinaturas para o projeto de lei PL 2524/2022, conhecido como projeto de lei Pare o Tsunami de Plástico, para eliminar plásticos de uso único e garantir um sistema de uso e coleta de plástico.
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Na publicação, a tradicional revista norte-americana traz a história de 2 de janeiro de 2021, em que o cineasta Ricardo Gomes saiu de sua casa no Rio de Janeiro durante uma grande tempestade para encontrar a cena que imaginava para um novo filme chamado Rios Urbanos, que estava produzindo com o apoio das Nações Unidas.
Naquele dia Ricardo filmou uma quantidade absurda de lixo que chegava à Praia de São Conrado, Rio de Janeiro (RJ), e decidiu postar nas redes sociais do Instituto Mar Urbano. O vídeo viralizou e ajudou a dar início a uma nova era de ativismo e conservação oceânica no Brasil, graças à ajuda de um aliado inesperado: Kelly Slater.
“Na manhã seguinte (da publicação), quando acordei, tinha mensagens de amigos de todos os cantos do mundo dizendo que me viram nas notícias em lugares como Espanha e Havaí”, fala Gomes à Surfer.
Surfista de longa data, Gomes ficou emocionado ao ver que Kelly havia visto o post e compartilhdo em suas redes. Segundo a Surfer, a imprensa começou a chamar o que acontecia no vídeo de Tsunami de Plástico e seu telefone começou a tocar com pedidos de entrevista de organizações de notícias como a BBC.
“Pouco antes disso acontecer, eu estava muito envolvido em uma conferência da Oceana sobre essa mesma questão, então eu tinha todos os dados e estatísticas na ponta da língua. Houve uma grande atenção da mídia graças a ele (Kelly Slater) ter repostado o vídeo”, conta Gomes. “Nunca pensei que isso aconteceria, mas eu estava pronto. Duvido que Kelly saiba disso, mas aquele video, Tsunami de Lixo, se tornou o símbolo do maior movimento pela saúde e conservação oceânica da história do Brasil. Sua postagem ajudou a mudar nossa história”.
A ideia daquele dia era capturar a poluição e a água marrom suja chegando à praia, fazendo a conexão entre a poluição terrestre e o oceano. Um tema que Gomes explorou como mergulhador e cineasta especializado em ambientes oceânicos urbanos como os do Rio, Lisboa, Portugal, e Nova York, EUA.

No Rio, as praias não são apenas um motivo de orgulho da cidade, são um grande motor econômico que atrai milhões de visitantes todos os anos. A cidade também abriga uma grande população de frequentadores de praia, surfistas e pescadores que são todos impactados negativamente pela poluição.
Ainda de acordo com a Surfer, enquanto a resistência a regulamentações vem por insistência dos lobistas da indústria de petróleo e gás, que lutam contra as regulamentações para proteger seus lucros, isso ocorre às custas de todos os outros. A poluição de plástico não é apenas uma mancha em uma praia linda, é uma ameaça à saúde humana e ao ecossistema global.
A Surfer diz ainda que a medida que a conscientização global sobre os perigos dos microplásticos no corpo humano aumenta, há um coro crescente de vozes de pessoas em todos os lugares que exigem mudanças. A indústria de petróleo e gás é habilidosa e altamente experiente quando se trata de influenciar agendas políticas, e o processo legal pode ser longo e complicado. Todos devem se unir para amplificar a mensagem comum de que o plástico é uma ameaça à saúde pública e coloca em risco o sustento das futuras gerações.
“Estamos todos conectados pelo Oceano, é assim que precisamos ver o mundo. A cada ano, o Brasil lança mais de 325 milhões de quilos de plástico no oceano, e cerca de 70% disso é de uso único. Existem mais de 100 países que já têm regulamentações sobre plástico de uso único, o Brasil está muito atrasado nisso – sabemos que o plástico está acabando dentro de nossos corpos – precisamos pará-lo na fonte”, fala Ricardo.
“O oceano não tem fronteiras, ele flui para todos os lugares. Como um grande país e produtor de plástico, temos uma responsabilidade considerável com nossos irmãos e irmãs ao redor do mundo. Esta é uma luta global, o que fazemos aqui não é apenas para nós, é para nossos amigos nos EUA e em todo o mundo. Este projeto de lei é um esforço para parar o problema em sua origem aqui no Brasil”, finaliza Ricardo.
Clique no player acima e veja The Story of Plastic, um curta de animação que exibe as manchetes sobre poluição, revelando as verdadeiras causas e consequências da crise global do plástico.
Assista mais vídeos no canal The Story of Stuff Project.
Fonte Surfer