A extensão da costa nordestina atingida pelas manchas de petróleo desde o dia 2 de setembro chegou a 2.100 quilômetros dos nove estados da região. O acidente ambiental já é considerado o maior da história litoral brasileiro em termos de extensão.
Segundo boletim divulgado pelo Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis), o ponto mais ao norte registrado fica em Alcântara (MA) e o mais ao sul, em Esplanada (BA). As manchas já apareceram em 138 praias de 62 cidades — não há qualquer relato histórico de qualquer vazamento ter atingido uma área tão grande.
O estado mais afetado é o Sergipe, que planeja usar boias para impedir que o material atinja a bacia de rios como Vaza Barris e São Francisco. Investigações comandadas pelo Governo Federal já levantam algumas hipóteses sobre a origem do óleo e uma delas é que um petroleiro que tenha lavado o seu tanque de petróleo.
“Existe um tanque que absorve essa água com borra – que não deixa de ser petróleo cru. Por algum motivo, em vez de parar no porto e dispensar, ele sai navegando e liberando numa passagem que tenha feito ao largo do Brasil, na altura de Alagoas e Pernambuco”, diz Marcelo Amorim, coordenador-geral de Emergências Ambientais do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Renováveis) e que atua como líder da força-tarefa federal.
Investigações sigilosas comandadas pela Marinha e Petrobras encontraram petróleo com a mesma “assinatura” do óleo da Venezuela. Na última terça-feira (8) o presidente Jair Bolsonaro disse não descartar uma ação criminosa. A conclusão já foi informada ao Ibama, órgão ligado ao Ministério do Meio Ambiente. Mas ainda não é possível dizer que todo o vazamento que atinge praias tem a mesma origem.
Em nota, a Marinha disse ter empenhado 1.583 militares, cinco navios e uma aeronave nas operações de análise e monitoramento. O órgão ainda classificou a ocorrência como “inédita”.
Animais em risco O espalhamento de óleo no litoral do Nordeste ameaça tartarugas, aves e o peixe-boi marinho, o mamífero dos oceanos mais ameaçado de extinção do Brasil.
Segundo especialistas, o petróleo cru pode afetar a digestão dos animais e o desenvolvimento de algas, essenciais para a cadeia alimentar dessas espécies. Além disso, alertam, há possíveis riscos para a saúde humana.
“Sem dúvida é o maior desastre ambiental no litoral do Nordeste do Brasil”, afirma Flávio Lima, coordenador geral do Projeto Cetáceos da Costa Branca da Universidade Estadual de Rio Grande do Norte (UERN).
Até o momento, em todo o Nordeste, 16 tartarugas-marinhas, espécie ameaçada de extinção, foram contaminadas pela substância. Por isso, em Sergipe, o Projeto Tamar deixou de lançar 800 tartarugas no oceano.
Fontes UOL e O Estado de S.Paulo