Turismo predatório

Bali sofre com o lixo

Funcionários recolhem mais 100 toneladas de lixo por dia das praias de Bali.

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Trecho que inclui as praias Jimbaran, Kuta e Seminyak recebe toneladas de lixo por dia.AFP/Getty Images
Trecho que inclui as praias Jimbaran, Kuta e Seminyak recebe toneladas de lixo por dia.

A ilha de Bali, Indonésia, enfrenta sérios problemas com o lixo, de acordo com reportagem publicada pela agência de notícias AFP.

Destino cobiçado de surfe e turismo, o paradisíaco litoral balinês é ofuscado por uma montanha de lixo em meio a um problema crescente com o desperdício de plástico na ilha.

Canudos de plástico e embalagens de alimentos espalham-se entre os banhistas, enquanto os surfistas precisam praticamente se esquivar do lixo trazido pelas correntes e rios.

Segundo a reportagem da AFP, funcionários precisam recolher 100 toneladas de lixo das praias todos os dias. O crescimento desenfreado e o turismo predatório seriam os principais responsáveis.

A agência do meio ambiente de Bali já declarou um “estado de emergência do lixo” no trecho de costa de 5,9 km que inclui as populares praias de Jimbaran, Kuta e Seminyak.

A invasão de plásticos em rios e oceanos têm causado problemas há anos em Bali – obstruindo vias navegáveis​, aumentando o risco de inundações e ferindo ou matando animais marinhos que ingerem ou ficam presos pelas embalagens.

Autoridades locais mobilizaram 700 funcionários e 35 caminhões para remover as 100 toneladas de detritos por dia para um aterro próximo.

A Indonésia, que só perde para a China em produção de lixo marinho, prometeu reduzir os resíduos de plástico marinho em 70% até 2025.

“O lixo é esteticamente perturbador para os turistas, mas o problema dos resíduos plásticos é muito mais grave”, diz à AFP Gede Hendrawan, oceanógrafa da Universidade de Udayana, em Bali. “Os microplásticos podem contaminar peixes que, se consumidos por humanos, podem causar problemas de saúde, incluindo o câncer”, acrescenta.

O problema do lixo em Bali piora durante a época das monções, de outubro a março, quando os ventos fortes empurram os detritos marinhos para a praia e as chuvas levam o lixo das margens dos rios até a costa, de acordo com Putu Eka Merthawan, da agência do meio ambiente local. “Este lixo não vem das pessoas que vivem em Kuta ou áreas próximas”, conta à AFP. “Seria suicídio se as pessoas locais fizessem isso”.