Em sua oitava temporada consecutiva na elite do surfe mundial, o brasileiro Caio Ibelli é um exemplo de perseverança. São pouquíssimos os sufistas que nasceram na capital paulista, afastado do litoral, que conseguiram se destacar internacionalmente, sendo ele o único a garantir um título mundial.
Aos 28 anos de idade, Ibelli tem uma trajetória que o credencia a estar entre os melhores na World Surf League (WSL). Este ano foi o destaque entre os brasileiros nas duas primeiras etapas do ranking, logo no Havaí. Chegou nas semifinais em Pipeline e Sunset, duas das mais poderosas ondas do Circuito, o único do Brasil a garantir esse feito.
Hoje figurando entre os 15 melhores do Tour, Caio tem uma história que o distingue dos demais brasileiros no Mundial. Começou a surfar ainda aos três anos de idade, com seu pai (Marcello) e sua mãe (Márcia), mas apenas aos finais de semana, em Ubatuba, porque morava em São Paulo. A maior cidade do Brasil, a quarta do Mundo, tem a principal concentração de surfistas e o mercado do esporte, mas praticamente todos os atletas são amadores, bem diferente do que Caio se tornou.
Aos sete anos, mesmo ainda morando na metrópole, a mais de 700 metros do nível do mar, ele começou a competir. Um ano depois, a família mudou para a praia, quando o pai percebeu o possível talento do atleta. O destino foi o Guarujá e o menino cresceu competindo com a geração mais vitoriosa do surfe brasileiro, ao lado de Gabriel Medina, Italo Ferreira e Filipe Toledo. O talento percebido pelo pai vingou, com o título de campeão mundial pro-júnior da WSL, em 2011.
Depois disso, sua carreira internacional se firmou. Desafiou os prognósticos de um menino que vivia na capital, longe do mar, e queria estar entre os melhores do mundo no surfe Foi o campeão do World Qualifying Series em 2015, mesma temporada que já tinha figurado na elite como substituto.
Em 2016, aos 22 anos, foi eleito o rookie of de year, o calouro do ano na elite mundial, terminando a sua estreia oficial na 16ª colocação geral, com direito a um terceiro lugar na etapa de Margaret River, Austrália. No ano seguinte, fez sua primeira final do Championship tour, em Bells Beach, novamente na Austrália, e terminou mais uma vez entre os top 20 do ranking. Em 2019, outra aparição entre os 20 primeiros do Tour.
Também ficou conhecido por grandes disputas contra o havaiano bicampeão mundial John John Florence. Neste ano, ao substituir Medina no Tour, não tinha a certeza de quantas etapas disputaria, mas depois do excelente início com as duas semis, novamente se firmou. Após seis etapas, aparece no ranking na 11ª posição.
O que podemos chamar de ponto fora da curva, pelo seu início de carreira atípico, se tornou um exemplo de determinação, que ele guarda como motivação para seguir adiante. “Ainda tenho muito o que competir, buscar resultados. Tenho orgulho da minha trajetória e sei que posso garantir novos feitos”, destaca Caio.
Fora do mar, Caio Ibelli também pode ser considerado um vencedor. Durante a pandemia do Covid-19, ele e a família decidiram investir no ramo alimentício, que os pais já conheciam. Abriu uma hamburgueria, inspirada no hamburguer californiano, a Ibelli Burgues, em Guarujá. O início foi mais comedido, na cozinha de casa, com ele e o pai montando os pedidos e a mãe administrando, mas logo a iniciativa deu certo e hoje a empresa tem duas filiais na cidade e um outro empreendimento no Rio de Janeiro.
Para o futuro, Caio almeja novos e grandes passos no Tour ainda deste ano, querendo disputar o Rip Curl WSL Finals, a finalíssima do ranking, de 8 a 16 de setembro, em Lower Trestles, San Clemente, na Califórnia (EUA). “Estou vivendo um momento na minha carreira muito especial. Estou tentando aproveitar, me conectar ainda mais e aprender com tudo que estou passando agora”, fala o surfista.
“Estou em 11º no ranking, uma posição que nunca estive antes nessa altura do campeonato, e quero manter o foco, aprender e ir com força, para tentar chegar nesse top 5 na finals na Califórnia. Que seria um sonho e ter uma chance do título mundial. Então, estou muito focado para isso”, completa Caio Ibelli, patrocinado por Rusty, Ford, RYD, Push Matcha e Seadoo.