Elite do Surfe

Yago fala sobre lesão

Yago Dora conversa com o Waves sobre lesão no pé e médico responsável revela tempo necessário para recuperação.

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Yago Dora se machuca na aterrissagem de um aéreo reverse de frontisde.

“Aconteceu em um aéreo reverse de frontside. A prancha escapou dos meus pés e na hora que aterrissei, foi só com o pé de trás e no meio da prancha, por isso torci o pé”. Foi assim que Yago Dora sofreu uma lesão no pé esquerdo, que pode tirá-lo das três etapas iniciais do CT 2022. Em conversa exclusiva com o Waves, o nono melhor surfista do mundo fala sobre a situação. O médico que fez a cirurgia, Dr. Raphael Remor, também dá detalhes sobre o procedimento e fala sobre o tempo de recuperação.

Yago sofreu a lesão no último dia 23 durante uma sessão de treinos. Logo após o ocorrido, o surfista já procurou ajuda médica. “Fomos ao hospital fazer todos os exames para detectar a lesão. Também tivemos consulta com o Dr. Raphael Remor, que é nosso médico de confiança e especialista em pés e tornozelos. Para esse tipo de lesão, a melhor saída geralmente é a cirurgia”, conta o brasileiro.

O autor de três das dez maiores notas do CT 2021 sofreu uma lesão de Lisfranc. “O Yago sofreu uma lesão ligamentar em uma região de transição entre o médio-pé e antepé, onde existe um complexo ligamentar chamado complexo ligamentar de Lisfranc. Nesse complexo ligamentar existe um ligamento propriamente dito chamado ligamento de Lisfranc. O Yago fez uma ruptura exclusiva desse ligamento”, comenta o Dr. Raphael, que também revela o motivo da cirurgia ter sido necessária. “A ruptura desse ligamento pode resultar em uma instabilidade articular nessa região do pé, que faz a transferência da energia do 2º para o 3º rolamento durante a marcha, incapacitando o caminhar, correr e saltar, e muitas vezes até mesmo ficar de pé. O Yago tinha uma grande instabilidade articular entre o 1º e o 2º raios do pé esquerdo”.

Yago Dora passa a rabeta por cima do lip numa sessão de treinos.

Durante a cirurgia foi utilizada uma nova tecnologia. “Devido à presença da instabilidade apenas do ligamento de Lisfranc, com os restantes ligamentares componentes do complexo íntegros, a técnica utilizada na cirurgia foi a reconstrução ligamentar com botões de sutura com fios de alta resistência, de polietileno e poliéster. Uma tecnologia muito atual desenvolvida por uma grande empresa americana situada em Naples (Flórida – EUA)”, conta o Dr. Raphael Remor.

Yago não poderá apoiar o pé esquerdo no chão por algumas semanas, mas segue mantendo o preparo físico em dia com uma equipe multidisciplinar. “Desde 2020 eu tenho feito um trabalho bem sério com uma equipe completa, pra me deixar o melhor preparado possível para o circuito. Trabalho com o Rafael Maldonado (preparador físico), Paulo Viteritte (nutricionista), Kaue Mariano e Atef Yassin (fisioterapeuta), Dr. Franz Burini (medicina esportiva e preventiva), Leandro Dora (meu pai e treinador), Daniel Cortez (manager) e agora o Dr. Raphael Remor, que monitorará a minha recuperação”, explica o top da elite mundial. “Tenho que passar algumas semanas sem apoiar o pé no chão, mas os treinos continuam para manter as outras musculaturas do corpo em dia. Tem também a fisioterapia e o repouso”.

Yago Dora precisa de 12 semanas para a cicatrização completa de sua lesão.

O Dr. Raphael também falou sobre o trabalho pós-cirurgia. “O trabalho já iniciou. A cirurgia foi realizada com essa técnica exatamente para proporcionar a mais alta estabilidade articular, permitindo que os treinos funcionais não fossem interrompidos. Obviamente, o educador físico Rafael Maldonado, e os fisioterapeutas Kaue e Atef, adaptaram uma série de treinos para o Yago de modo que ele mantivesse o condicionamento físico, entretanto, sem pisar com a perna esquerda no chão por seis semanas. Também foi adaptada uma nova dieta pelo nutricionista Paulo Vitterite, pensando na manutenção da massa muscular”.

“Esse complexo ligamentar de Lisfranc ocorre em uma região do pé de alto estresse mecânico, e o ligamento de Lisfranc é um ligamento embebido em líquido sinovial. Isso significa que são ligamentos de lenta cicatrização. O tempo estimado para a cicatrização completa é de 12 semanas, sendo seis sem pisar no chão”, explica o Dr. Raphael. “Com o trabalho multiprofissional da equipe liderada pelo pai e treinador Leandro Dora, tenho uma boa expectativa de retorno ao surfe a partir do início de abril, com aumento progressivo de intensidade conforme a tolerância do Yago. Nosso atleta tem uma mente muito equilibrada e estava no auge do condicionamento físico, portanto deve tirar de letra esse obstáculo, que é apenas mais um na sua trilha de campeão”.

O nono melhor surfista do mundo diz que só volta a voar no CT quando estiver preparado para fazer bonito.

“Agora meu foco principal virou me recuperar da lesão da melhor maneira possível, sem me apressar para retornar ao circuito, porque quero fazer tudo bem feito nessa recuperação. Voltarei assim que me sentir preparado para voltar e fazer bonito”, explica Yago, que só deve retornar ao CT na quarta etapa da temporada, o Pro Bells Beach.

O surfista também deixa o seu recado para os fãs: “Agradeço a todos que estão mandando boas energias para a minha recuperação! Podem ter certeza de que estou dando tudo de mim e logo vou estar 100% para voltar para onde amo estar, que é surfando no circuito mundial”.