Uma linda cerimônia no Quebra-Mar, em Santos (SP), reuniu familiares e amigos de Eduardo Nascimento no último domingo (7/4). Repleta de emoção, a homenagem marcou o lançamento das cinzas do surfista ao mar, na Prainha.
Primeiro uma grande roda foi formada por amigos e familiares, unindo-se em um só coro e vibração pela memória do presidente da Associação de Surf da Grande São Paulo. Logo depois, a galera foi para o mar para finalizar a cerimônia junto às ondas. O irmão Edson e as filhas Nadine e Nathália marcaram presença no outside ao lado dos amigos e parceiros da vida.
Presidente da Associação de Surf da Grande São Paulo e batalhador do esporte, Dadá faleceu em fevereiro aos 55 anos no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP), onde lutava contra um agressivo tumor.
Por trás de diversos campeonatos realizados em nosso litoral estava um paulista apaixonado pelo esporte. Dadá atuou durante duas décadas como promotor de eventos; foi responsável pela criação de um circuito amador consolidado (SP Contest), realizou etapas do circuito mundial WQS e esteve junto de conquistas nacionais com a equipe paulista amadora.
Sua empreitada no surfe começou em 2001, ao realizar um evento solo. No ano seguinte, deu início a um projeto diferenciado para os padrões, pois valorizava amadores, totalmente em contrapartida ao cenário da época, capitaneado pelo circuito brasileiro profissional repleto de estrelas e considerado o melhor do mundo.
Foi apenas o primeiro passo. No mesmo ano, Dadá criou a Associação de Surf da Grande São Paulo (ASGSP). Ele estava fora do segmento, monitorando a 25ª Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, ainda sobra a curadoria do Leon Kakof, e promovia shows de artistas como Paulo Miklos, um dos integrantes do Titãs. Paralelamente, tinha feito curso de captação de recursos e elaboração de projetos voltado a eventos.
Por coincidência, seu amigo José Paulo dos Santos, ouviu de um fabricante de pranchas do Tatuapé (SP) que gostaria de realizar um campeonato entre a galera do bairro. Convidado por Santos, ele fez o projeto e logo de cara a Maresia, sob comando do Marcelo Laxe, se interessou.
Com este mesmo amigo, fundou também em 2002, a Event Tools Promoções e Eventos Ltda, empresa responsável pela realização de aproximadamente 135 campeonatos de surfe e skate, além de inúmeras festas, lançamento de vídeos e premiações. Laxe ajudou a desenvolver a associação e ficou definido que os eventos deveriam funcionar como um clube, uma válvula de escape e tornar-se uma grande família.
Sua história com o surfe começou em 1977, no litoral sul de São Paulo, quando tinha apenas 14 anos. “Peguei gosto pela coisa ao surfar com uma monoquilha do Homero, comprada do meu próprio irmão mais velho”, costumava recordar.
Dadá chegou a competir em eventos amadores como o Natural Art, considerado o circuito paulista da época, e alguns festivais em Ubatuba. Sua primeira viagem internacional foi para o Peru em 1986, depois desbravou as ondas de Fernando de Noronha (1988), até concretizar o sonho de ir para o Havaí, em 1990, aonde apareceu no vídeo Brasileiros no Hawaii, dos fotógrafos Haroldo Nogueira e Marcos Lopes.
Desde então, acumulou temporadas Peru (7), Porto Rico, República Dominicana, Califórnia (EUA), e conheceu também boa parte do litoral brasileiro.
Em meio às turbulências do mercado, realizou pelo 17º ano consecutivo o circuito para os surfistas fissurados, aqueles que aguardam ansiosamente a semana inteira para desfrutar das ondas aos fins de semana, perfil este onde se encaixam milhares de praticantes do esporte.
Nestes anos de estrada, encontrou diversas dificuldades para seguir adiante com sua paixão pelo surfe e costumava dizer que batalhou muito para obter respeito e respaldo das outras associações do litoral.
Realizado profissionalmente, atuou como vice-presidente da Federação Paulista de Surf, conquistando o bicampeonato nacional como chefe de equipe. Já atuou como diretor de provas de uma etapa do circuito WQS realizada no Guarujá, e participou das Olimpíadas do Surf, em 2006, em Maresias.
A mesma paixão de garoto que o movia atrás das ondas é o que o movimentava batalhar pelo desenvolvimento do esporte. Torcia e vibrava a cada conquista dos brasileiros pelos quatro cantos do mundo, amava estar dentro da água e estava sempre pronto para ajudar, revelar e incentivar talentos.