O Livro Pororoca – A Onda do Brasil será lançado na próxima quinta-feira (25) em Belém (PA) e na sexta-feira (26), em Macapá (AP).
O mais novo livro de Noélio Sobrinho traz imagens inéditas da mais nova fronteira do surfe de maré no Brasil, a Pororoca de Chaves, no Arquipélago do Marajó, registradas em expedição com grandes nomes do surfe nacional durante a lua cheia de abril de 2022.
Além disso, muitas informações adquiridas em mais de 200 expedições podem ser encontradas reunidas nas mais de 200 páginas desse livro que é um verdadeiro marco documental sobre um dos fenômenos mais intrigantes da natureza brasileira.
O evento é gratuito e nas ocasiões serão celebrados os 25 anos de grandes conquistas do Surfe na Pororoca para o Esporte, Cultura, Meio Ambiente e Turismo na Região Amazônica e ainda serão sorteados vários exemplares. Vale a pena conferir e quem sabe, sair de lá com o mais curioso livro de surfe editado no ano de 2022 em todo o Brasil.
Se você mora no Pará ou no Amapá venha e traga os parentes e amigos. Todos são convidados.
Serviço
Belém (PA)
Dia 25/08, a partir das 20h, no Café Casa NaMata, R. Conselheiro Furtado, 287 – Batista Campos – Belém – PA. CEP: 66.025-160.
Macapá (AP)
Dia 26/08, a partir das 20h, no Mercado Central de Macapá, localizado à R. Cândido Mendes – Perpétuo Socorro, Macapá – AP. CEP: 68.900-115.
Maiores Informações: (91) 9.8166-7005
O grande estrondo
No ano de 1998 um grupo de quatro pioneiros desbravadores adentraram a Floresta Amazônica em busca do fenômeno natural conhecido pelos índios e ribeirinhos como Poroc-Poroc, o Grande Estrondo. Munidos apenas de um jet-ski, um pequeno barco e muita coragem e fé, os quatro amigos enveredaram na imensidão da mata, mais precisamente no Canal do Perigoso, localizado no Arquipélago do Marajó (PA). Se depararam com uma das maiores descobertas dos esportes radicais modernos: a onda da pororoca.
Ir ao Marajó por si só já é uma grande aventura e uma experiência inesquecível e que vale a pena ser vivida. A Rota do Queijo Marajoara, a imersão na natureza, a grandeza da floresta, o oxigênio puro e a magnitude dos rios é algo impressionante até mesmo para quem está habituado ao cenário. Adicione-se a tudo isso jet-skis, bananas-boat, lanchas na água, helicópteros e um bando de loucos por ondas grandes, longas e perfeitas e teremos a receita de algumas das mais exóticas e radicais experiências que um ser humano pode ter na natureza.
Contudo, ainda existe muita superstição, mitos e lendas em torno do que seja a pororoca. Em todos esses anos, a Associação Brasileira de Surf na Pororoca (ABRASPO), vem se dedicando a desbravar lugares, desmistificar essas lendas e levar o fenômeno ao maior número possível de pessoas, sejam elas surfistas ou entusiastas que acompanham as matérias e reportagens que sistematicamente costumam circular pelo mundo.
Patrimônio cultural e imaterial
Desde que os pioneiros chegaram pela primeira vez ao Marajó e constataram a existência do fenômeno da pororoca naquela região muita coisa mudou e o fenômeno hoje, como sabemos, já é conhecido nos quatro cantos do mundo
A mais recentemente conquista do surfe na Pororoca foi sua ascensão à categoria de Patrimônio Cultural e Imaterial do Estado do Pará, provando seu valor e importância, não somente para o esporte, mas também para a cultura e identidade do povo brasileiro.
Ritual das águas
Usando pintura tribal ao redor de uma fogueira, os surfistas de pororoca, autointitulados Guerreiros da Tribo dos Auêra Auara, sempre que se preparam para enfrentar os desafios do surfe na floresta, ouvem as palavras do Arauto da Pororoca, Marcelo Bibita, que lembra a todos a importância da ação de cada um em preservar a natureza e sobretudo, respeitar a cultura local, como forma de tornar-sem merecedores de desfrutar o melhor que a floresta tem a oferecer.
“O Ritual das Águas Auêra Auara foi a maneira que nós encontramos para sempre estarmos lembrando e passando adiante a reflexão sobre a importância da preservação do meio ambiente e que apenas os seres humanos podem desfazer o que outro ser humano fez de errado. Tem mais a ver com uma peça, uma encenação teatral, do que com uma cerimônia religiosa propriamente dita. Mas, uma coisa é fato, dá certo, porque depois do ritual sempre vem uma boa pororoca e cada vez mais espalhamos essa consciência por onde quer que andemos”, explicou Bibita.
Pororoca sem fronteiras
Desde o ano de 1998 o Canal do Perigoso, no Arquipélago do Marajó, está no radar da ABRASPO e de qualquer caçador de pororoca que se preze. Das quase 550 Luas (Cheias e Novas), Noélio Sobrinho surfou em mais de 200 e segundo ele, objetivo é surfar todas as luas daqui pra frente.
Contudo, a pororoca não se restringe aos rios paraenses e entre eventos, surf trips e expedições exploratórias, já foram mapeadas 28 diferentes pororocas:
Amapá: Sucuriju, Rio Congo, Arquipélago do Bailique, Rio Mandubé, Município de Amapá, Caborangi, do Rio Caciporé do Oiapoque.
Pará: Pororoca do São Gusmão, Rio Capim, Toyo, no Rio Guamá, a Pororoca do Igarapé dos Paus, no município do Bujaru, a pororoca da comunidade de Pernambuco, no município Inhagapi. No Marajó temos a Pororoca do Canal do Perigoso, da Ilha das Pacas, do Limão, do Arrozal, Caviana de Dentro, do Pracutuba, do Pernambuco, do Livramento, da Ilha Nova, do Papo-Amarelo e mais recentemente, a Pororoca do Pantanal, a melhor descoberta dos últimos anos.
Maranhão: Pororoca do Rio Mearim, do Rio Pindaré, da Ilha do Caranguejo, no município de Anajatuba, do Rio Turiaçu, no município de Santa Helena, dentre outras que ainda não foram mapeadas.